16 de fevereiro de 2015

Primeira Impressão

Uptown Special
Mark Ronson



Não sei se vocês notaram, mas o atual cenário da música mundial está indicando que é no passado que vai ser construir o futuro. Nos últimos tempos o grande mainstream está abrindo espaço cada vez maior para artistas que buscam em outras épocas a inspiração para fazer música atualmente, especialmente o pop e soul dos anos setenta e sessenta. Por exemplo: das dez primeiras músicas no iTunes americano nesse momento, ao menos cinco delas tem clara influência de um estilo (ou mais de um) vindo diretamente do túnel do tempo. Uma delas é o hit Uptown Funk, o delicioso single do produtor inglês Mark Ronson ao lado do cantor Bruno Mars. 

Conhecido produtor que tem no seu currículo trabalhos ao lado de Amy Winehouse (o já histórico Back to Black), Adele (19), Bruno Mars (Unorthodox Jukebox), Christina Aguilera (Back to Basics), entre outros, Mark Ronson não é estranho em trazer para a o seu trabalho uma massiva presença "vintage" de estilos de pop/soul em voga algumas décadas atrás. Uptown Funk é uma ótima prova da qualidade que ele faz realiza essa tarefa e sem falar de outras músicas, em destaque para o trabalho com a Winehouse. Então, é com estranheza que percebo que o álbum Uptown Special, quarto álbum solo de Mark, não fica a altura do que se poderia esperar.

Em Uptown Special está todos os elementos que se faz necessário para criar uma ótima homenagem/releitura: boa produção, nomes talentosos, arranjos tecnicamente perfeitos e, nesse caso, a presença de uma grande estrela. Porém, algo não saiou como deveria no álbum, pois o resultado final é apenas mediano. Eu acredito que o problema seja uma atmosfera de "pedância" que se instaura na maioria das faixas: Ao invés de fluir naturalmente, Mark faz de Uptown Special uma tentativa de modernizar o soul/R&B feito nos anos setenta e começo dos oitenta tentando passar um verniz conceitual, mas, infelizmente, faz várias canções soarem pretensiosas e ,o pior, bem medianas. Isso também reflete nas composições que, na sua maioria, tentam passar uma atmosfera de "olha como somos indie e inteligentíssimos), mas que acaba não corresponde com a sonoridade proposta e não tem nenhum brilho. Reunindo uma coleção de colaboradores, quase todos desconhecidos, Uptown Special consegue ter bons momentos no instante que Bruno Mars (Uptown Funk), Keyone Starr (I Can’t Lose) e Mystikal (Feel Right) são os protagonistas. O maior erro de Mark Ronson em Uptown Special é desperdiçar a chance de ter a lenda, o mestre, o gênio Stevie Wonder em canções bem melhores que as que o música toca: as fracas Uptown’s First FinaleCrack In the Pearl, Pt. II. Esse pecado é imperdoável e ajuda a Uptown Special perder ainda mais o brilho. Uma verdadeira decepção, pois Mark Ronson já mostrou que é bem melhor do que apresenta aqui.

Um comentário:

christine blog disse...

Tive a mesma sensação quando ouvi essa música. Parece q está faltando alguma coisa. Não entendi o sucesso.