27 de agosto de 2016

Primeira Impressão

Glory
Britney Spears



Glory é melhor álbum da carreira da Britney Spears desde 2003 quando lançou In The Zone. Claro, caso ela tivesse entregado algo pior que a bomba atômica que foi Britney Jean já era o caso dela encerrar a carreira de vez, pois só com muito esforço e dedicação isso seria possível. Esse resultado positivo do álbum já diz muita coisa sobre o atual momento de Britoca, pois, finalmente ela conseguiu sair da inércia que a carreira dela entrou nos últimos anos e "apareceu" de verdade para gravar o álbum. Não acredite, porém, que Glory seja um realmente um álbum pop acima da média, mas, na verdade, muito acima da média do que a cantora vem entregando.

A grande qualidade de Glory é a sua coesão, uma característica que a cantora não mostra desde o seu terceiro álbum (Britney de 2001). Do começo ao fim, o álbum flui bem sem maiores quebras da cadencia das músicas ou tropeços como, por exemplo, uma faixa coloca em um lugar que não deveria. E olha que a quantidade de nomes envolvidos na produção é bem grande. Até mesmo na versão deluxe, Glory não perde o pique e, surpreendentemente, também perde a qualidade. Por falar a qualidade, o álbum consegue mostrar que Britney ainda é um nome importante para o pop, mesmo que sem chegar muito perto do seu ápice.

Glory é um pop comercial que foi construído através de batidas clichês, influências manjadas como as de reggae, de R&B e do eletropop, inclusões de ideias e nuances sonoras que transitam entre o datado e o "copiado" de outros artistas, mas que, de alguma forma, funciona sem maiores problemas para Britney Spears e o que estão planejando para a sua carreira, isto é, recolocar ela de fato no cenário musical e mostrar ela é ainda relevante. Por isso, não há quase nenhum pingo de ousadia ou uma criatividade maior no álbum, o que ajuda a criar uma impressão que a maioria das faixas são apenas "fillers" e que não existe músicas que tenham a áurea de grande sucesso. O único momento que destoa totalmente é a ótima What You Need e a sua batida marcante, a atmosfera soul/gospel e os vocais poderosos de Britney (!?!?!). Isso mesmo, caro leitor, "os vocais poderosos de Britney". Na faixa, Britoca mostra que ainda tem todas as características que a transformaram em uma das vozes mais reconhecidas do mundo, mesmo sem nunca ter sido dona de uma voz realmente poderosa. Uma pena, porém, que esse é o único momento em podemos realmente elogiar os vocais da cantora.

Ok, todos sabemos que dona Brit já faz um bom tempo que no diz de quesito vocal, ela é uma ótima drag queen dublando por sua vida em Rupaul's Drag Race. Felizmente, Glory mostra a cantora bem mais presente em suas faixas, parecendo que a sua voz ainda existe debaixo dos efeitos vocais. Esses efeitos, todavia, ainda atrapalham demais o resultado final das performances vocais da cantora, deixando a voz dela metalizada e/ou robotizada. Além disso, algumas das faixas parecem que quem canta é uma boa imitadora da Britney e não a própria, como é caso da faixa que abre o álbum Invitation e da irritante Clumsy, dona da pior letra do álbum. Esse é o outro problema em Glory.

Apesar de conter letras bem feitas e com um bom apelo radiofônico, o álbum é unidimensional em sua temática: Glory deveria ter sido nomeado de SEX. Não seria mal nenhum e não é falar sobre sexo, mas, aqui, quase não existe mudança temática ou mesmo na "intenção" de cada faixa, pois sempre é "vem cá boy que a Brit quer você!". Quando existe alguma tentativa de mudar, Glory tem bons momentos em Just Like Me (sobre ciumes) e Liar (que parece uma resposta tardia para o Justin Timberlake). Outros momentos de destaque no ficam por conta da reggae pop Love Me Down, batidão de Hard to Forget Ya e a divertida Change Your Mind (No Seas Cortés). Momentos como o sonolento single Make Me, a dispensável Better, a boba e repetitiva If I'm Dancing e a homenagem a Gretchen Coupure Électrique deveria ter sido dispensadas. No final das contas, Glory mostra que Britney Spears ainda tem algum fogo para queimar, mas ainda precisa sair da segurança para voltar a brilhar como um diz fez. 

4 comentários:

João disse...

Já eu só gostei de 5 músicas

lucas lopes disse...

Tirando Clumsy e Private Show, mas álbum é que excelente. O melhor desde ITZ mesmo. Mas você não perderia a oportunidade de diminuir a Britoca, né?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Não é questão de "diminuir" né... A sonoridade pode até estar razoável e em alguns momentos ótima, mas realmente, as vzs parece que o trabalho foi feito no piloto automático. Por exemplo: se os vocais dela estão "surpreendentes" em "What you need" pq não houve um maior investimento em faixas onde sua voz se sobressaísse, além da música citada? Existe tantos temas nesse "mundão" e o disco só fala praticamente de sexo? De "pegar o boy" ? E a criatividade? Enfim...