1 de agosto de 2016

Primeira Impressão

The Getaway
Red Hot Chili Peppers



Uma das minhas principais e mais queridas lembranças da minha adolescência que começou no inicio dos anos noventa foi ver a antiga MTV. Primeiramente, na casa de parentes de maneira esporádica e, depois, todos os dias na minha casa. Nesse período e, também, devido a influência de alguns amigos comecei a gosta de uma banda de rock chamada Red Hot Chili Peppers. Não que tenha sido exatamente o fã deles ou mesmo um grande apreciador de rock nessa época, mas aqueles caras donos de uma batida contagiante que anos depois descobriria que era a mistura da sonoridade rock com o funk, os clipes marcantes e sensacionais e o carisma que exalava de cada integrante (mesmo sem nem ao menos saber quais eram os seus nomes) conseguiram me conquistar tanto que criaram um verdadeiro admirador. Passado "alguns" anos, eu ainda tenho um uma grande afeição pela banda e ao ouvir The Getaway, o décimo primeiro álbum deles, descubro que eles ainda mantêm o mesmo charme de antes, apenas com a diferença de hoje os integrantes originais serem tiozões na casa dos cinquenta anos.

Primeiro álbum deles não produzido pelo genial Rick Rubin em vinte e cinco anos, The Getaway tem como produtor o Danger Mouse, mais conhecido com a outra parte do Gnarls Barkley e produtor para nomes que vão desde o Jay-Z, passando pelo The Black Keys e chegando, mais recentemente, a Adele, entre outros. A nova presença na construção da sonoridade da banda não altera a sua estrutura básica ou a essência, mas acrescenta novas camadas e nuances bem vindas e que mostram que, apesar de uma banda de tiozões, o Red Hot Chili Peppers não tem medo de correr riscos. Com boas pitadas de soul music e, também eletrônico, The Getaway resulta em uma sólida e bem conduzida viagem da banda que parece ainda se divertir em fazer música. Isso é a chave para manter o mesmo carisma de décadas atrás, abrindo possibilidades para novos fãs e não decepcionando os antigos. Claro, The Getaway poderia ser ainda mais ousado e poderoso, mas em nenhum momento a banda soa ultrapassada ou muito menos dispensável, ajudado pelo extremo cuidado de instrumentalização que começa pelos talentos de músicos de cada integrante do Red Hot Chili Peppers. 

A banda ainda mantém a mesma estranha estética nas suas composições que, em várias vezes, parecem não fazer sentido em loucas metáforas e construções de imagens quase surreais, mas em The Getaway o peso da maturidade faz a diferença e as letras estão muito mais trabalhadas e "consumíveis" sem perder a essência básica. Além disso, o vocalista Anthony Kiedis continua a manter o mesmas qualidades vocais com a sua voz extremamente característica sem precisar ser um cantor de grandes recursos. The Getaway tem os seus principais momentos nas faixas Dark Necessities, The Longest Wave, Sick Love (com participação nos pianos e na composição de Elton John), Go RobotFeasting On The Flowers. Apesar de não ser um trabalho genial, The Getaway mostra que o Red Hot Chili Peppers ainda não se tornou uma pastiche de si mesmo e ainda tem muito fogo para queimar.

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