3 de janeiro de 2018

Top 25 - 2017




Parte I
Parte II


15. Beautiful Trauma
P!nk


"Beautiful Trauma como dito anteriormente não é o melhor trabalho da artista, mas como todos os seus álbuns é um trabalho marcante e bem realizado. Aqui, P!nk decidiu deixar um pouco de lado o seu pop rock de sempre (talvez isso seja uma das raízes do problema do álbum) para focar em canções com uma pegada mais pop/pop indie graças a influência de produtores como Greg Kurstin, Jack Antonoff e Steve Mac. Tudo bem elaborado e com resultado acima da média, mas que nunca chegam exatamente aonde o potencial da cantora poderia fazer chegar, tirando a maravilhosa What About Us. Se nenhuma canção alcança mesmo nível, Beautiful Trauma mantém a qualidade que a cantora conseguiu alcançar no álbum anterior ao não deixar a qualidade ficar entre altos e baixos (coesão) e demonstrar a sua evolução artística (maturidade). Aos 38 anos, P!nk já parece ter exorcizado alguns dos seus traumas recorrentes nos trabalhos anteriores, pois o tema recorrente no álbum é exatamente seguir em frente."

14. Melodrama
Lorde


"Melodrama é, essencialmente, um álbum sobre corações quebrados, ilusões amorosas e amores despedaçados. Temas tão recorrentes no mundo da música como o nosso arroz com feijão no almoço, mas que na perspectiva de Lorde ganha contornos modernos, descolados e com uma linguagem completamente avant-garde. As composições em Melodrama são como roteiros de filmes indies feitos por jovens diretores/roteiristas na casa dos vintes anos que tem a intenção de relatar a vida dos seus similares (e eles também) da maneira que as mesmas estão se passando atualmente sob a luz dessa sociedade que ainda não sabe muito o que fazer com esses millennials. Apesar disso, as letras criadas para o álbum possuem uma profundidade desconcertante, mostrando que existe muito mais do que a aparência de tecnológicos e com uma inquietação incontrolável nesse grupo: velhos e poderosos sentimentos, mas emolduradas de maneiras bem diferentes. Boa parte dessa qualidade vem do fato de Lorde ter-se unido com o compositor/produtor Jack Antonoff que adicionou uma experiência imprescindível para o trabalho final. Não são letrar que vão encontrar um público exatamente muito grande, mas que acerta precisamente o público para que é destinado. Um belo exemplo disso é a ótima Supercut sobre como fantasiamos sobre como é um relacionamento, mas que, na verdade, é tudo completamente diferente na realidade. Para poder expor tudo isso que as letras falam, Lorde se torna literalmente uma voz que representa uma geração."

13. "Awaken, My Love!"
Childish Gambino



""Awaken, My Love!" não é exatamente um álbum de rap, mas uma mistura fina e interessante de soul rock, funk, psychedelic soul e psychedelic rock. É bom deixar claro que o álbum não é exatamente a reinvenção de qualquer um desses gêneros. Na verdade, Childish parece muito mais interessando em prestar uma reverência a grandes nomes como James Brown, Jimi Hendrix, Nina Simone e toda uma sonoridade soul/rock dos anos sessenta/setenta e, ao mesmo tempo, dar um ar de modernidade para a sonoridade ao adicionar nuances e texturas de eletrônico e neo soul e, principalmente, construções inesperadas para cada uma das onze faixas que fazem parte do álbum. Nenhuma música se parece com a outra aqui e, mesmo assim, todas parecem estar lingadas por uma mesma corrente que dá uma aparência sólida e coesa para "Awaken, My Love!"."

12. More Life 
Drake


"Ititulado pelo Drake como uma playlist, More Life é de longe o melhor, mais coeso, maduro e interessante da carreira dele. Não que no projeto haja alguma faixa ou faixas que possam ser consideradas geniais, mas todas possuem o mesmo nível de qualidade criativa e técnica. E esse nível é incrivelmente alto. Gravado inteiramente nos momentos entre os projetos oficiais de Drake, More Life tem o equilíbrio perfeito entre o hip hop/rap com o R&B típico feito por ele nos últimos anos. Na verdade, esse último "estilo" parece predominar na playlist, criando uma sonoridade que dá uma personalidade completamente única para o rapper ainda mais com a adição de nuances que passam pela dancehall até mesmo ao simples e puro e direto pop. Um ótimo exemplo disso é a deliciosa Teenage Fever: usando como sample o refrão If You Had My Love da Jennifer Lopez, Drake cria um pequena pérola R&B/rap sobre o processo de transição entre um relacionamento para outro (provavelmente, a composição se refere ao fim do "romance" vai e vem com a Rihanna e o rápido affair dele com a própria J.LO). Interessante, bem produzida e com uma noção de sonoridade refinada, a canção é um ótimo reflexo da atmosfera geral do trabalho. E as qualidades não param apenas aqui."

11. Dua Lipa 
Dua Lipa 

"Apesar de possuir vários nomes assinando a produção, Dua Lipa, o álbum, consegue uma coesão impressionante ao ter a mesma linha de raciocínio para todas as faixas: um pop que quebre qualquer expectativa. É necessário ressaltar que para essa resenha ouvi uma versão especifica do álbum que colocou as faixas que fazem parte da versão deluxe de uma forma que o álbum ficasse com dezessete faixas, não diferenciando quais são as canções de cada versão. Ressaltei isso, pois ao ouvir essa versão nota-se que o mesmo trabalho foi dado para todas as canções já que não nenhum momento existe um elo fraco ou uma peça sobrando. Todas as canções conseguem entregar o mesmo nível criativo e técnico, resultando em um pop da melhor qualidade que não confia em construções simples e muito menos previsíveis. Cada canção é recheada de deliciosas nuances, mudanças de texturas e cadencias que variam. Tudo poderia resultar em algo sem rumo ou como um verdadeiro Frankenstein, mas isso não acontece em nenhum segundo sequer, criando o trabalho pop mais entusiasmante do ano e, por tabela, o melhor trabalho de um artista novato do ano. Com um senso de estético para compor composições que tem a capacidade de criar trabalhos com uma pegada comercial e, ao mesmo tempo, com verdadeiros sentimentos expostos de forma verdadeira."

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