13 de maio de 2018

Antes Tarde do Que Nunca - 10 ANOS DE BLOG

The Fame
Lady Gaga


O ano de 2018 é um marco importante para duas pessoas: a Lady GaGa e eu. Para a nossa querida mãe mostro porque marca os dez anos do lançamento do seu debut The Fame. Para mim, o ano marca também dez anos da criação do SóSingles. Ou seja: a carreira de GaGa e a história do blog correm de forma intima desde o começo. E nada mais justo que voltar no tempo e dar uma olhada em como envelheceu o trabalho que ajudou a nascer uma das maiores divas pop da nova geração, mesmo que o resultado não seja tão bom quanto eu tinha na lembrança daquele começo de blog.

Quando era apenas uma jovem aspirante a estrela do pop, Stefani Joanne Angelina Germanotta tinha a dura missão de bater de frente com nomes já consolidados no mainstream naquela época como, por exemplo, Beyoncé, Aguilera, Mariah Carey, Madonna, Alicia Keys, Rihanna, Britney Spears e ainda outras novatas como Duffy, Katy Perry e Leona Lewis, sendo que todas lançaram álbum no mesmo ano. Entretanto, sendo apoiada por uma equipe que acreditou no seu potencial com o Akon como o padrinho, a cantora/compositora que adotou o nome marcante de Lady GaGa tinha um plano, talento e persistência para se tornar uma verdadeira diva pop. Performando em boates em toda a Nova Iorque para divulgar o seu trabalho, GaGa começou a construir lentamente o seu nome entre os "influenciadores" musicais e, por consequência, o seu primeiro single (Just Dance) começou a ganhar notoriedade se tornando um verdadeiro sleeper hit. A partir daí é história a dominação da cantora no mundo pop, transformando-se em um dos nomes mais importante dessa geração. Uma década depois do lançamento do álbum é necessário ser bastante sincero em relação ao álbum ao afirmar que o The Fame é um mediano trabalho de dance pop, mas que tem a sorte de ter uma Lady GaGa como força motriz e, principalmente, quatro grandes momentos.

The Fame é tecnicamente bem produzido e dá para a cantora uma excepcional base para mostrar quem é, mas, devido a ser o seu primeiro, limita a personalidade da mesma ao não mergulhar fundo nas ideias que são "piscadas" em vários momentos. O principal problema do álbum é ter um começo tão poderoso que o seu resto não está na mesma altura, resultando em uma coleção de faixas bem intencionadas, mas sem o mesmo brilho. Acredito que não é muito segredo saber quais são as canções, mas para os mais desavisados eis as faixas: Just Dance, LoveGame, Paparazzi Poker Face. Esse quarteto, que não por coincidência se tornaram os principais singles do álbum, são as canções que colocaram GaGa no mapa. E não deveria ser diferente, pois nessas quatro canções estão as principais qualidades que deram para a cantora a sua única imagem para o público: pop, divertido, dançante e despretensioso, mas com toques estranhamente ácidos, sombrios e descolados.

Nitidamente comerciais, mas longe de cair em qualquer lugar comum da época, essas canções deram para GaGa toda a sua base sonora e de imagem para os trabalhos seguintes, ajudando a remodelar o pop daquela época ao reunir o som com a estética tão marcante e peculiar dela em apresentações e videos clipes. Por sinal, o maior responsável por isso foi o produtor RedOne que assinou três dessas canções, tirando Paparazzi que tem produção de GaGa e Rob Fusari. Tornando-se o maior produtor pop daquele final de década, RedOne também foi responsável por mais três faixas do álbum, mas que não tem a mesma pegada das outras. Longe de ser ruim, o resto do The Fame é passável: a gente ouvi, acha divertido, bate o pezinho, mas depois de terminar o álbum já esquecemos dele. Faixas como Beautiful, Dirty, Rich e a que dá nome ao trabalho The Fame são bons momentos e até poderiam ser melhor lembradas se não tivessem uma produção tão certinha e sem força para ir fundo nas suas próprias ideias. Além disso, o álbum ainda tem momentos realmente fracos como a chatinha Eh, Eh (Nothing Else I Can Say), pior single da carreira dela, e a vergonha alheia Paper Gangsta em que GaGa tentar ser rapper em uma canção sem pé nem cabeça. Felizmente, como dito anteriormente, o maior trunfo do álbum é a GaGa e isso dá para notar até mesmo quando tudo é mediano.

Compositora habilidosa, GaGa demonstra aqui o seu imenso talento em construir letras que conseguem ser o melhor do pop e ter uma profundidade lirica acima da média para esse tipo de canções. GaGa e alguns colaboradores conseguem criar refrões e hooks tão certeiros como um atirador de elite. Mesmo quando parece que a criatividade mandou lembranças ainda é possível ver o talento da artista em entregar letras redondinhas e embrulhadas em um tino estético que é uma das qualidades principais de GaGa até hoje. Além de tudo isso, desde esse momento foi capaz de perceber que a cantora tinha muito mais do que boas ideias na cabeça e uma caneta na mão. Influenciada por nomes variados da música, GaGa sempre mostrou que era dona de uma voz mais complexa e interessante que a média das cantoras pop. Claro, o álbum ainda esconde boa parte ao usar efeitos vocais e canções que não pediam tanto esforço, mas assim mesmo existe um brilho que viria a ser melhor explorado em trabalhos posteriores. Ao que, felizmente, já podemos ouvir na continuação do álbum: o EP The Fame Monster seria a confirmação indiscutível das promessas que foram construídas no álbum debut. Apesar de não ser essa coca toda, The Fame é um importante marco para a música recente assim como na carreira da Lady GaGa e desse humilde blog.


3 comentários:

ninguendo disse...

Pra mim o combo The Fame + The Fame Monster continua sendo o melhor dela. Achei os álbuns seguintes muito pretensiosos e bagunçados.

G. RLS disse...

"I like it rough" e "Summerboy" são maravilhosas ! "Money honey" é um prazer culposo kkkkk

José disse...

e eu continuo aqui, não sei se você lembra mas fui eu quem pediu a resenha de Just Dance...10 anos passaram rápido