30 de maio de 2018

Primeira Impressão

Last Man Standing
Willie Nelson


Willie Nelson é uma lenda sem igual no mundo da música. Considerado um dos maiores nomes do country de todos os tempos, Willie passa longe do tipico ídolo old school do gênero. Inserido em um mundo conservador do country, o cantor sempre foi destaque por ser não apenas progressista na sua música, mas, também, na sua vida. Ativista pelas causas dos direitos humanos, Willie sempre foi defensor do uso da maconha, dos direitos LGBT+ e forte aliado do partido democrata americano. Essas características aliando-se com uma carreira premiada e aclamada que se expande por mais de 60 anos fazem de Willie Nelson um dos maiores artistas de todos os tempos sem nenhuma dúvida. Então, aos 85 anos de idade, o esperado de um artista desse calibre seria o mesmo estar aposentado, aproveitando os louros do seu trabalho. Todavia, o cantor parece bem longe de pendurar o microfone, lançando o seu sexagésimo oitavo álbum de estúdio Last Man Standing. E senhoras e senhores, o cantor ainda mostra que ainda tem muita palha para queimar.


Na altura da sua carreira, Willie Nelson obviamente não precisa provar nada mais para ninguém e, principalmente, já tem uma sonoridade mais do que definida e cristalizada. Então, não espere que Last Man Standing não seja o bom e velho country com toques de bluegrass e folk. E isso não irá mudar, mas o que impressiona é o vigor que o álbum exala e soa como sendo um jovem artista, mesmo que os tema principal aqui seja sobre a finidade da vida. Escrevendo todas as faixas ao lado do produtor Buddy Cannon, Willie demonstra todo o peso da sua experiência ao entregar singles composições que são, na verdade, inteligentes, bem humoradas, irônicas, ácidas e certeiras crônicas sobre a vida, o amor, a morte, a atual situação das coisas nos Estados Unidos e, também, sobre a velhice. Um bom exemplo dessas características é a faixa que dá nome ao álbum: Last Man Standing é uma divertidíssima reflexão sobre Willie ser um dos últimos grandes nomes do country ainda na ativa e sobre como a morte é parte perceptível para alguém que chega na sua idade. O tema espinhoso poderia ser perfeito para uma faixa dramática, mas aqui ganha uma boa suavizada devido a produção despretensiosa e divertida. A sonoridade do álbum é tradicional, mas tem uma parte técnica sensacional e uma instrumentalização perfeita com o próprio Willie tocando guitarra, além da presença da mulher com mais Grammys da história Alisson Krauss. Com 85 anos, Willie Nelson não tem a mesma força na voz que antigamente, porém, como um ótimo interprete e contador de história, o cantor se adaptou de forma primorosa, conseguindo entregar performances cativantes e com o peso dos anos ao seu favor. Recheado de ótimos momentos, Last Man Standing tem como principais destaques a hilária Don't Tell Noah, a ótima Bad Breath sobre ver o lado de estar vivo, She Made My Day sobre um romance que não deu certo. Outros bons momentos ficam por conta de I'll Try To Do Better Next Time em que Willie contempla os erros e os acertos da sua vida, a sutil e interessante critica a atual sociedade em Me and YouHeaven Is Closed e a sua reflexão sobre as crenças sobre o pós-morte, a dançante e romântica I Ain't Got Nothin' e divertida Ready to Roar. Espero que Willie Nelson possa ainda continuar sendo o último homem em pé durante um bom tempo ainda, pois a música continua precisando da sua música como nunca.


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