30 de janeiro de 2020

As 100 Melhores Canções da Década - Final



Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII


10. Bad Girls
M.I.A.


"Parte de um mixtape lançado por ela de nome Vicki Leekx, Bad Girls é um poço de originalidade envolto com temas sociais e políticos. M.I.A que é uma defensora dos direitos humanos volta a falar da opressão enfrentada pelas mulheres mostra uma tentativa de romper com isso iniciando uma espécie de revolta. M.I.A é uma compositora talentosa não só em escrever letras com sentido, mas criar refrões poderosos e viciantes como é o caso de Bad Girls. Definitivamente uma canção fora dos padrões e com uma qualidade preciosa com produção cativante do produtor Danja misturando estilos alternativos para criar o estilo da M.I.A."

9. Losing You
Solange


"A canção é uma deliciosa e "matadora" neo soul com toques de pop, funk e new wave onde a produção investe na valorização da canção pela canção apenas. Nada aqui foi feito para fazer tocar na rádio ou vender no iTunes. O arranjo é uma pérola cheio de nuances, texturas, cores, sons e batidas que parecem até simples, mas carregam toda uma gereção de maneira graciosa. E não para por aí: a simples e linda composição mostra que escrever é uma arte que poucos conseguem expor tanta emoção em tão sucinta letra. Sabe aquelas canções que te pegam pelo coração e não saem mais da cabeça? Losing You deixa essa sensação seja pela genial batida ou pelo refrão contagiante. Contudo, o melhor são os vocais de Solange em uma performance inspirada, emotiva, doce, sexy, suave e ao mesmo tempo emotiva, triste e bittersweet."

8. Shake It Out
Florence + The Machine


"Em Shake It Out, segundo single de Ceremonials, a banda joga uma luz sobre a escuridão que domina a terra. Chegando a lugares mais altos que os mais altos cumes da face da terra, Shake It Out é um hino de esperança para os corações em aflição. Falando em libertação dos medos e elevação da alma para um lugar superior, a canção busca arrancar todos os sentimentos possíveis e imagináveis da alma. Composição devastadora faz de Shake It Out o grande momento de Ceremonials e também do ano. Indo do soul, passando pelo gospel, o pop em sua base mais profunda e por fim no rock a produção da canção busca o céu em uma viagem que a cada momento tenta se elevar mais e mais. Uma viagem sem escalas e paradas. E Florence se torna uma pastora do velho testamento em busca da salvação de seu rebanho. Não há nada mais genial que o trabalho vocal em Shake It Out, seja o de Florence e o dos vocais adicionais em perfeita harmonia."

7. Poetic Justice (Feat. Drake)
Kendrick Lamar


"Há tantas possibilidades de como em posso enfocar essa resenha ressaltando as várias qualidades que fazem a canção uma obra de arte do hip hop. Posso falar da produção que não tenho nem palavras que possam expressar exatamente o quanto genial é a criação da batida monumental que mistura uma gama de variantes, mas que em nenhum segundo perde o foco e acaba uma "mistureba" sem propósito. Bem longe disso já que Poetic Justice é a celebração máxima que o hip hop é mais complexo que as pessoas podem imaginar. O ponto mais alto disso que falo é a inclusão do sample da canção Any Time, Any Place da Janet Jackson que resulta na mistura ideal elevando a canção e mantendo intacta a essência das duas músicas. Usando outra "obra" de Janet como base (o filme Poetic Justice de 1993), a canção é uma bela, ousada e diferente história de amor. Saindo completamente da caixa (apesar de em certos momentos haver um pouco de ressonância de clichês), Kendrick mostra capacidade criativa como poucos no atual mercado e marca seu nome entre os grandes nomes do hip hop. Mesmo reinando soberano na canção, a participação do rapper Drake manda muito bem mostrando seu talento real. Enfim, uma canção para entrar na memória para sempre."

6. Hello
Adele


"Assim como a maioria dos seus trabalhos anteriores, Hello é uma acachapante balada de coração partido, mas dessa vez Adele não é mais a "vitima" e, sim, a "causadora" de todo o sofrimento na pessoa amada. Uma mudança que é a outra face da mesma moeda vindo de uma artista que sabe como explorar os sentimentos mais devastadores do amor. Todavia, não pense que a cantora repete os mesmo maneirismos de sucesso como Someone Like You ou Set Fire to the Rain, pois Hello tem uma atmosfera diferente dessas músicas: a dor sentida aqui vem de um lugar mais sombrio e pouco explorado quando Adele assume a sua culpa e dor por ser culpado de todo o sofrimento. E essa dor é representada pela composição que usa de uma simplicidade lirica para arrancar a emoção mais sincera e poderosa mostrando a narradora tentando fazer as pazes com o seu passado."

5. Video Games
Lana Del Rey


"Video Games é simplesmente uma obra de arte pop que poucas vezes já foi conseguido. A canção consegue transcender paredes e quebrar barreiras entre o comercial e o artistico. Uma poderosa produção por trás da canção que a transformar em dos momentos mais originais nos últimos anos. Delicada, mas sem perder a poder de encantar e maravilhar desde o primeiro acorde. Com um arranjo que navega entre o teatral e o comercial com a beleza de um vôo de um beija-flor, com acordes de harpa e uma vibração quase angelical, mas ao mesmo tempo sombria. Ganhando uma composição brilhante escrita pela própria Lana, Video Games ganha uma atmosfera retrô falando sobre amor de maneira nostálgica e poética. Todavia, o brilhantismo da canção não seria alcançada sem uma interprete à altura."


4 (Empate). Formation
Beyoncé



"Com o turbilhão social que os Estados Unidos enfrenta sobre a discussão sobre a diversidade na sua sociedade, especialmente o lugar do negro, Formation é a carta aberta da cantora em relação a sua posição sobre o assunto. Entretanto, não é apenas isso, mas, na verdade, como toda essa configuração social influencia a sua vida. A canção é basicamente uma ode sobre o orgulho de Beyoncé em ser negra com todas as características físicas ou não físicas. Em um momento tão conturbado, o fato de Khalif "Swae Lee" Brown, autor da canção, não criticarem de forma explicita o tema, não significa, porém, que a contundente critica não esteja lá de maneira avassaladora:

"I like my baby hair, with baby hair and afros
I like my negro nose with Jackson Five nostrils"

Ao exaltar o cabelo de Blue Ivy e dizer a felicidade por ter os seus traços como são, Beyoncé dá aquele tapa na cara de milhões que acreditam que a beleza é feita por um padrão, normalmente retirado de pessoas caucasianas. Além disso, a cantora ajuda a reconstruir a auto-estima e a dignidade de tantas meninas e meninos que se sentem extremamente diminuídos pelos padrões de beleza irreais e preconceituosos. Todavia, expor essa mensagem não significa ter como resultado uma boa composição. O que faz de Formation uma verdadeira obra genial é a capacidade de unir a mensagem com a estética, ou seja, a união entre a forma e o conteúdo. Lançando referências pop assim como referências sobre a sua própria vida (Illuminati é a melhor delas) durante toda a canção, a canção é contemplada por um trabalho avassalador com rimas afiadíssimas, construções sintáticas sensacionais e escolhas semánticas inteligentes que transformam a composição de Formation a melhor da cantora até hoje, especialmente o verso que o trecho acima for retirado. Entretanto, existe muito mais para ser "explorado" na canção."

Seguindo a linha dos seus últimos lançamentos, Beyoncé explora o seu lado experimental em Formation, mas sem perder o senso de criar uma música que possa atender as demandas do que pede um sucesso pop. Comprovando que não há necessidade de "farofar" para criar uma canção dançante. Só que Formation é mais que apenas uma canção dançante, mas, na verdade, uma verdadeira explosão de energia que mistura trap, hip hop e pop em um caldeirão hipnotizador. Entregando a sua melhor produção até o momento, Mike Will Made It ajuda a estabelecer ainda mais a nova sonoridade da cantora. O único problema é, porém, que a versão liberada para download é um pouco inferior a versão apresentada no genial clipe. Nessa segunda versão, Formation tem a sua estrutura alterada e ganha sample com de vozes de personalidades locais."

4 (Empate). Monster (feat. Jay-Z, Rick Ross, Bon Iver e Nicki Minaj)
Kanye West


"A canção não é apenas um bom hip hop que mostra o talento de Kanye como produtor,o de Jay-Z como rapper e é uma ponte para a novata Nicki Minaj e para os desconhecidos Rick Ross e Justin Vernon.E muito mais que isso.É uma obra de arte do hip hop que se coloca num novo patamar que eu pessoalmente não consigo listar mais que quatro ou cinco música com esse nível.Começa pela pareceria com o grupo indie Bon Iver.Essa união é um passeio genial entre dois mundos tão diferentes,mas que se fundem de maneira lindíssima sem um brilhar mais que o outro.Kanye como o "maestro" disso tudo mostra força,inteligência e criatividade ao montar um arranjo que reune tudo que ele sabe fazer de melhor.Dark,indie,um pouco sintético e street.A batida consegue unir tudo isso numa montanha russa que tem nuances suaves,mas essenciais que capta a essência de cada participante sem tirar a sua própria.Cada um dos participantes entrega momentos precisos para a composição e execução de Monster memoráveis.A banda Bon Iver fica com as partes mais "cantadas" que ajudam a emoldurar o clima dark/indie da música;Rick coloca sua voz rouca no primeiros versos,mesmo que em pouco tempo;West abre a música com o primeiro solo rap de maneira perfeita e ainda faz o avassalador refrão;Jay-Z faz seu trabalho acima da média como sempre que mesmo rápida é precisa e mostra que ele sabe deixar brilhar os companheiros e Nicki simplesmente "mata a pau".Parece até super proteção aqui do blog,mas fazer o que se ela está em estado de graça.É dela a melhor parte da canção seja a sua inspirada e criativa performance ou a letra.Escrita por ela em uma viagem de avião, Nicki eleva tudo ao novo estagio com rimas sensacionais e referencias pop de tirar o chapéu.A letra que fala "o quanto eles são fodões" mostra que é sim mais que possível sair do circulo vicioso de versos batido e de baixo escalão.São seis minutos de genialidade."

3. The Gate
Björk


"Com um pouco mais de seis minutos e meio, The Gate é um verdadeiro musicão da porra em todos os sentidos e, como a maioria das canções da Björk, não é um trabalho para todos os públicos. The Gate é uma longa, soturna, melancólica, minimalista e de esquisitice melódica acachapante. Björk novamente nos convida para uma jornada sem volta para o seu mundo e não pede licença para fazer isso, mas muito mais que uma jornada, The Gate revela um novo ciclo na sonoridade da cantora. Mesmo que tenha já brincado com esse tipo de música eletrônica experimental/industrial, a cantora mergulha em um bolsão completamente novo e revigorante com The Gate que tem a sua própria produção ao lado de um dos nomes mais quente da atual música eletrônica indie, o venezuelano Arca. Se não bastasse a complexidade da produção existe também a bela composição que usa de maneira magnifica o conceito de menos é mais. Simples, sucinta e de uma beleza poética impressionante, a letra de The Gate é uma reflexão sincera e um pouco aterrorizante na atual situação de vida de Björk que parece curada das feridas do fim do casamento refletidas no seu último álbum Vulnicura de 2015. Como disse antes, The Gate não é para todos os gostos, mas para aqueles que apreciam verdadeiramente a Björk irá encontrar a finlandesa em dos seus melhores momentos em anos."

2. Freedom (feat. Kendrick Lamar)
Beyoncé


"Apesar de ser a mais "tradicional" na questão de sonoridade dentro de Lemonade, Freedom tem a mensagem mais avassaladoramente direta e desconcertantemente atual, principalmente devido ao cenário de tensão racial nos Estados Unidos. A composição fala sobre se libertar das amarras que a sociedade impõe, mas principalmente aquelas amarras postas por a gente mesmo e que nos impede de gritar por nossa liberdade. Liberdade de sermos quem somos sem precisar "prestar" conta ou muito menos se adequar ao comportamento que uma parte da sociedade acha que é certo. A construção de diversas imagens acachapantes (Estou dizendo a essas lágrimas que me deixem, me deixem/ E que a última delas queime em chamas) são as responsáveis para elevar Freedom em parâmetros estratosféricos, transformando a canção em um hino de protesto moderno assim como Formation. O diferencia aqui, porém, é a presença poderosa e perturbante de Kendrick Lamar em um verso desconcertante em todos os sentidos, mas é Bey que invoca a sua cantora gospel interior para dar o tom da sua performance épica em uma batida que une perfeitamente neo soul, hip hop e, claro, gospel para criar uma sonoridade impactante e inesquecível para quem ouvir. Nenhuma das duas músicas precisam de sucesso comercial para validar a imensa qualidade quem ambas carregam."

1. Thinkin Bout You
Frank Ocean


"Frank Ocean constrói um R&B minimalista, mas de um poder assustador. Thinkin Bout You fala sobre a dor de quando a pessoa que a gente ama não corresponde a esse sentimento. A dor da rejeição impressa na canção é um sentimento tão poderoso que a forma magistral que Frank fez uma composição atemporal capaz de se comunicar com qualquer pessoa de diferentes raças, crenças, sexos, sexualidades, idades. Aqui vemos ele se declarar no primeiro verso ainda meio sem jeito, no segundo ele tenta não transparecer a importância desse sentimento o transformando em algo mais carnal e por fim deixando se levar abrindo o coração de maneira mais aberta imaginável. Porém, a composição vai bem mais longe quando se lê nas entrelinhas. A canção fala sobre o primeiro amor de Frank e no terceiro - e melhor verso - vemos mais claramente:

"Sim, claro
Eu me lembro, como eu poderia esquecer?
Como você se sente?
E se você fosse minha primeira vez
Um novo sentimento
Ele nunca vai ficar velho, não na minha alma
Não em meu espírito, mantenha vivo
Vamos por este caminho
Até que mude a cor para preto e branco"

Frank conduz a música de maneira cativante com os vocais em estado de perfeição lembrando certos momentos o Price com o seu falseto brilhantemente colocado nos momentos certos e buscando uma interpretação mais "forte" para balancear tudo. A produção da canção se foca em construir uma delicada, simples e sensacional obra de instrumentalização impressionante devido ao seu minimalismo sonoro quando na verdade se mostra bem complexo. Só que é preciso prestar muita atenção deixando de lado o resto da canção. Só que o casamento entre todas as parte envolvidas cria uma sensação de plenitude arrebatadora."

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