12 de novembro de 2023

Primeira Impressão

blómi
Susanne Sundfør




Tente imaginar a sensação de estar em uma floresta no meio de uma país escandinavo em que magicamente em apenas um dia é possível experimentar todas as sensações de viver as quatro estações do ano. Além disso, existe uma áurea quase mística que a gente vai sentindo sem exatamente saber o que é ou/e de onde vem, mas que é perceptível em todos os momentos. E ao mesmo tempo a gente sente a realidade do mundo ao nosso redor. Apesar de um pouco especifica essa minha descrição, a imagem que criei é a que melhor define a minha sensação ao escutar o sensacional blómi da Susanne Sundfør.

Etérea e terreno ao mesmo tempo, o sexto trabalho da norueguesa é uma sublime, imperfeito, honesto e, por vezes, genial álbum que consegue prendar a nossa atenção e nos levar a uma viagem tocante e sensorial. A produção não está pensando em criar um trabalho que seja artisticamente impecável e, sim, emocionalmente relevante mesmo que não a gente não consiga se conectar com tudo. Como esse “passeio” na floresta que descrevi que vai ter momentos que a gente vai ficar completamente envolvido com o que está em nossa volta, outros momentos não terá a nossa atenção devido a não entender o que está acontecendo, outros serão exatamente pela falta de conhecimento que vai surgir essa conexão. Medo, compressão, surpresa, reflexão, admiração, indiferença, felicidade, melancolia, letargia e excitamento, todos esses sentimentos e sensação são a base da construção da atmosfera de blómi.

Sonoramente, o álbum é basicamente um trabalho folk que é adicionado doses de art pop, ambient, indie pop e toques de R&B que capta perfeitamente a atmosfera do álbum ao ser uma instrumentalização robusta, graciosa, contida e refrescante que é surpreendente diversa. Ao contrário que estava esperado, blómi tem uma variedade estética bem ampla que consegue dá personalidade distinta para cada canção sem fazer perder o rumo de direção base, criando uma experiência que se funde perfeitamente com a sensação que tive de ser um álbum de sensações constantes e diversas. E conduzindo de maneira brilhante está a presença angelical e deslumbrante de Susanne Sundfør. Dona de uma voz delicada e cristalina, a cantora é uma sabedoria atemporal ao saber entoar cada canção com a percepção clara e desconcertante sobre como deve ser traduzido cada uma das sensacionais composições que compõem o trabalho.

Uma coleção impecável e humana de crônicas sobre a condição da alma por vários aspectos, Sundfør que compôs todo o álbum sozinha (apenas uma tem a coautoria do produtor do álbum Jørgen Træen) consegue captar com brilhantismo e simplicidade sobre as coisas importantes da vida. No seu ápice, o álbum entrega a fenomenal Alyosha “Uma belíssima power balada indie pop/folk/contemporânea (...) sobre maternidade e como isso a vida da mãe e, claro, de quem a cerca. Apesar de ser uma visão aqui indo para o lado extremamente positivo da experiência, a canção é também o relato sobre amadurecimento e as reflexões que os marcos da vida de uma pessoa. E isso é feito da maneira mais poética possível com uma letra brilhante, honesta e com um toque de esperança que faz falta nos dias de hoje”. Não é apena a beleza que Sundfør se inspira, pois a mesma entrega a devastadora Fare Thee Well. Uma indie pop/R&B/soul impressionante sobre um brutal e honesto fim de relacionamento: “Goodbye, this is the last time you look into my face/ There's no grace left here, only the bitterness”. Em Náttsǫngr, a artista entrega uma devastadora reflexão sobre o inevitável fim (I'm in the middle of a drea/ At least that's how it feels). Outros momentos marcantes dessa viagem é a construção instrumental impressionante de Leikara Ljóð, a beleza simples de Rūnā e o força tempestuosa da faixa que dá nome ao álbum Blómi. E assim Susanne Sundfør convida para uma jornada inesquecível.



Nenhum comentário: