26 de novembro de 2023

Primeira Impressão

the record
boygenius




O que esperar da super banda que reúne três das mais talentosas cantoras indie da atualidade? Então, the record, segunda trabalho do boygenius (trio formando por Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus) é o que seria esperado ao ser um maduro e estiloso trabalho de indie rock/pop/folk que é a perfeita combinação entre as suas envolvidas. O que acontece é que existe uma sensação que nem tudo foi entregado ao final.

Produzido pelas três ao lado de Catherine Marks, o álbum é uma pasta coesa, refinada e condensada da sonoridade das artistas de maneira a acentuar cada uma sem nenhuma estar sozinha sob os holofotes. Existe a aspereza convidativa da Baker, a emoção reconfortante de Dacus e a reflexão atmosférica de Bridgers, criando uma sonoridade sólida, gratificante, tocante e atemporal que como um cata-vento capta as ondulações sonoras que permeiam todo the record. O problema é parece faltar certo peso artístico para pode não apenas fundir todas as visões e, sim, eleva-las para um outro lugar que encontre o verdadeiro cerne do que seria a sonoridade boygenius na sua mais perfeita sintonia. Parece que a razão para isso não acontece é que existe uma vontade da sonoridade soa mais contemplativa que o necessário para manter uma entrega bastante coesa dentro do álbum e, principalmente, dentro do contexto de união dessas forças. Um dos momentos que melhor consegue explicitar minha sensação é no single Emily I'm Sorry com “capitaneada principalmente por Bridgers em que o tom contemplativo da canção se encaixa perfeitamente com a persona da cantora, mas que não atinge o ápice dos seus melhores momentos devido uma falta de emoção ao resultado final”. É como se the record fosse o salto de uma plataforma de 20 metros de altura que poderia facilmente ser da plataforma de 50 metros. E isso também reflete nas composições, mas que mesmo assim são o ponto alto do álbum.

A mente coletiva do trio consegue criar uma coleção tocante, triste, reflexiva e inteligentes de crônicas que buscam refletir sobre temas complicados e complexos de maneira a torna-los lindamente palatáveis sem perder a maturidade artística. Novamente, existem essa sensação que the record poderia ter se aprofundado, mas existem momento de verdadeira inspiração. Esse é caso da tocante We're In Love sobre a amizade entre as integrantes do grupo. Logos nos primeiros versos é entregue um dos momentos mais poderosos do álbum em que Dacus entoa serenamente “You could absolutely break my heart/ That's how I know that we're in love”. Vocalmente, o álbum não tem nada que possa pontuar, pois, além das três cantoras entregarem ótimas performances cada uma explorando bem seus distintos timbres e harmonizando lindamente, a divisão é algo espetacular, dando espaço para cada uma de maneira igual e sabendo dosar seus encontros de maneira impressionante. Na verdade, acredito que a maneira como é construída a presença das três aqui é possivelmente a melhor que a maioria que todas as boy/girl bands que já escutei até hoje. E isso é fácil de entender ao escutar a potente Not Strong Enough, melhor faixa do todo o álbum. Também é possível destacar True Blue encabeçada por Dacus em que “a performance delicada e segura da cantora é que dá a bela atmosfera que mistura melancolia e esperança na mesma dose”, a folk/indie pop Cool About It, a atmosférica e triste Revolution 0 e finalizando o álbum está a tocante Letter To An Old Poet. the record é um encontro feliz de três grandes talentos que precisam apenas chegarem ao topo das suas capacidades como um grupo. 



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