5 de novembro de 2023

Primeira Impressão

The Land Is Inhospitable and So Are We
Mitski



Apesar de não ter importado tanto para o resultado do último álbum da Mitski disse que a cantora “faz de Laurel Hell se digno de ser escutado pelo menos uma vez”. Cerca de um ano depois, a cantora faz de The Land Is Inhospitable and So Are We, seu sétimo álbum, uma das escutas obrigatórias do ano.

A diferença entre os dois álbuns não apenas de recepção, mas é principalmente de gêneros. Enquanto o álbum anterior era “um trabalho synth-pop/electro-rock/new wave que busca emoldurar a atmosfera dos anos oitentas”, The Land Is Inhospitable and So Are We é um sóbrio, maduro, polido e classudo de folk, americana e country e algumas pinceladas de chamber pop. Maior diferença não poderia existir entre os dois trabalhos, mostrando não apenas a versatilidade da cantora como também o fato da mesma parece lidar melhor com esse tipo de sonoridade. Com inspiração que vai de filmes de spaghetti Western (gênero de cowboy feitos na Europa) até Caetano Veloso, o álbum realmente lembra uma trilha sonora de um filme moderno, mas que que claramente busca influencias clássicas ao ter essa atmosfera soturna, épica, densa e melancólica. Tenho que admitir que não é um trabalho que acerta totalmente e do começo ao fim. O que a produção de Patrick Hyland faz é manter o mesmo nível durante todo o trabalho, mantendo quase uma linha reta e constante em que a sonoridade do álbum não ultrapasse ao poder explorar livremente as ideias por trás.

Um ótimo exemplo é a faixa que abre o álbum: Bug Like an Angel. A faixa começa com uma tradicional indie pop/folk que quebra expetativa com um coral gospel para entoar o seu refrão. Essa decisão eleva a canção para outro parâmetro, pois cria uma textura original e surpreendente para a canção. E essa parte vocal é o que dá a liga para The Land Is Inhospitable and So Are We. Mitski é dona de uma voz que casa perfeitamente com o estilo aqui escolhido devido ao seu timbre aveludado, imponente e lindamente encorpado que tem uma característica impecável de poder soar moderna e vintage ao mesmo tempo. Isso é plenamente ouvido em My Love Mine All Mine. Sucesso comercial inesperado, a canção tem uma performance delicada, emocional, contida e atemporal da cantora que entoa cada palavra com uma classe invejável. Liricamente, o álbum é extremamente bem escrito, mas preciso assumir que não consegui me conectar com as letras compostas exclusivamente pela artista. Um dos momentos que realmente tocante para mim do álbum é a elegante Star sobre ainda respeitar e ter carinho por alguém que se amou:

That love is like a star
It's gone, we just see it shinin'
It's traveled very far, I'll
Keep a leftover light
Burnin' so you can keep lookin' up
Isn't that worth holdin' on?

O álbum ainda tem alguns momentos essências de serem escutados como na country/americana Heaven, a dramática The Deal e, por fim, a nostálgica The FrostThe Land Is Inhospitable and So Are We é um trabalho que não apenas merece ser escutado e, sim, louvado pelo imenso talento aplicado pela Mitski.


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