2 de março de 2025

Primeira Impressão

Alter Ego
LISA




Depois de uma sequencia de bons singles estava realmente hypado pelo debut da Lisa. Infelizmente, Alter Ego tem um resultado bem menos excitante que o esperado, mesmo ainda sendo um álbum com bons momentos.

O grande problema do álbum é a sua total falta de foco artístico. A produção atira para todos os lados sem necessariamente acertar na mosca e quando chega bem pertinho parece mudar de foco sem perceber a mina de ouro que tinha em mãos. Com uma base pop, Alter Ego é adicionado de doses de pop rap, R&B, trap e dance-pop sem nunca realmente apurar nenhum das influencias ou se concentrar em criar uma sonoridade realmente que reflita de maneira coesa a personalidade da Lisa. Existe, porém, uma ideia solida por trás, mas que não encontra uma base firme na sua fragmentada execução. Entretanto, o que é entregue é de forma extremamente sólida, não fazendo nenhuma das faixas se tornarem bombas, mas, sim, transitarem entre o bonzinho para o bom para chegar, em alguns momentos, no ótimo. E o grande momento do álbum é a contagiante Born Again com a presença da Raye e da Doja Cat.

E esse resultado é preciso agradecer especialmente a britânica Raye. Não apenas a cantora faz uma participação substancial e sensacional na canção, mas, também, é coautora e coprodutora (ao lado de Andrew Wells). E isso é o que dá o toque precioso para a canção, pois é fácil observar a visão única, inteligente e refinada da Raye na construção dessa graciosa, chiclete, chic e inspirada nu-disco com infusões de dance-pop, pop rap e funk que cria uma batida atemporal e envolvente. Existe um odor de perfume caro que exala de Born Again que gruda na gente mesmo depois de ter escutado que é o toque de genialidade da produção. A composição é outro trabalho inteligente que sabe ficar muito bem na linha entre o polêmico ao usar metáforas religiosas para falar sobre desejo e a estética pop graciosa, especialmente no ótimo refrão”. Mesmo que aqui o holofote seja roubado é preciso apontar que a Lisa é um dos pontos altos do álbum, mesmo que tenha em mãos um material menos inspirado para trabalhar, especialmente na suas faixas sozinha. E esse é outro problema de Alter Ego: a maioria dos melhores momentos são de faixas em que existe um convidado especial. Isso parece enfraquecer a presença competente e versátil da Lisa, poios dá a impressão que a mesma só funciona com tem alguém para se “encostar”, mas isso não verdade já que boa parte da coesão do álbum vem da presença versátil e segura da cantora até quando a canção está abaixo das suas habilidades. O melhor momento solo da cantora é em Moonlit Floor (Kiss Me) ao ser “delicinha e cativante balada mid-tempo que mistura dance-pop que mostra outra faceta da cantora. Mesmo parecendo como um trabalho inspirado na sonoridade da Sabrina Carpenter, Moonlit Floor (Kiss Me) encontra o seu lugar devido a presença fofa e marcante da Lisa e, principalmente, devido ao ótimo uso do sample do clássico moderno Kiss Me da banda Sixpence None the Richer que transforma o refrão em uma verdadeira joia devido a inteligência em como é usado para dar personalidade para a canção sonoramente e liricamente”. Outros momentos de destaque ficam por conta de New Woman por ser “uma inteligente e excitante mistura de EDM, trap, pop rock e latin pop que dá facilmente para ver lampejos brilhantes de genialidade e que tem uma quebra de expectativa ao mudar completamente a batida para o verso da Rosalía é um deles” e a divertida e quase prazer culposo Fxck Up the World com o rapper Future. Alter Ego é um começo que poderia ser mais decisivo para a Lisa, mas também deixa claro que a artista é um joia em lapidação. 


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