19 de dezembro de 2015

Primeira Impressão

Storyteller
Carrie Underwood




Ao longo de um pouco mais de dez anos de carreira, Carrie Underwood sempre manteve-se no topo do mundo country. Com a sua poderosa voz apresentada no American Idol junto do fato que a cantora sempre esteve cercada de nomes do primeiro escalão, Carrie construiu uma das carreiras mais sólidas, respeitadas e admiradas ajudando-a a entrar no hall dos grandes nomes do country ao lado de lendas como, por exemplo, Dolly Parton e Reba McEntire. O seu prestigio é tanto que até mesmo quando ela não está em seu melhor, Carrie ainda está bem aquém da grande maioria dos artistas do mesmo gênero atualmente. 

Storyteller, álbum lançado em Outubro, marca o lançamento do seu quinto trabalho desde o debut álbum Some Hearts de 2005. O álbum também é a volta de Carrie ao mercado após ter sido mãe pela primeira vez e, também, o lançamento da sua primeira compilação de grandes sucessos. Descrito como "descontraído" pela própria cantora, Storyteller tem a difícil missão de ser o sucessor do ótimo Blown Away de 2012. Infelizmente, o resultado não é exatamente como era o esperado, mas, levando em conta tudo o que foi escrito, Carrie ainda consegue ficar acima da média.

Não posso negar que Storyteller é um álbum "descontraído", ou melhor, menos sério em sua construção, mas, curiosamente, Carrie consegue manter algumas qualidades do seu trabalho anterior aqui. A primeira delas é, claro, a sua qualidade vocal: Carrie alia perfeitamente a qualidade básica de um boa cantora de country que é a capacidade de contar uma história com todas as nuances possíveis com o fato dela ter uma voz grandiosa e, o mais importante, sabe como usá-la da melhor maneira. Uma pena, porém, que da metade para frente do álbum Carrie parece ter entrado em um modo automático, perdendo um pouco do brilho alcançado nas primeiras faixas do álbum. 

A outra característica que se mantém em Storyteller é que Carrie continua levantando uma bandeira com viés feminista em suas composições. Longe de ser exatamente radical ou se aprofundar no assunto, Carrie e sua equipe de compositores conseguem contar algumas histórias em que a mulher está em lugar de oposição e confronto em relação a situações de opressão. Esse é o caso da boa Church Bells em que a personagem, após mudar de vida ao casar com um homem rico, não aceita as agressões do marido e dá um fim a situação (a letra dá a entender que ela o mata). Outros momentos com a mesma qualidade e aspectos são as faixa Dirty Laundry (mulher descobre a traição do marido) e Renegade Runaway (a mulher como dona do seu nariz). 

As faixas citadas também mostram o melhor da sonoridade em Storyteller: ao dar mais espaço para um country mais rude, misturando rock e folk rock, Carrie mostra um lado seu realmente poderoso, divertido e que vai contra a sua figura "fofa" estabelecida desde o começo da sua carreira. Essa sua faceta quebra expectativas e dá para Carrie uma bem vinda áurea de "bad girl" que combina, também, com a persona bandida das faixas da ótima Choctaw County Affair e de Mexico. O que faz Storyteller tropeçar no resultado final é o fato que, dessa vez, a produção não ter conseguido balancear esse lado "selvagem" da cantora com o lado "girl next door", isto é, a parte romântica deixa a desejar. Tirando a boa Heartbeat, Storyteller carece das grandes e emocionantes baladas da cantora que sempre carregou com maestria como Just a Dream ou See You Again. Em vez disso, o álbum conta com faixas mornas como Like I'll Never Love You AgainThe Girl You Think I Am. O resultado final é que Storyteller acaba sendo um trabalho menor de Carrie, mas que tem vários pontos positivos que merecem ser ouvidos e, o mais importante, não afeta o excelente histórico da cantora.

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