27 de agosto de 2011

O Renascimento de Uma Era

Yoü And I
Lady GaGa

No mundo pop que é tão mutável e grande, onde vemos ídolos surgirem e sumirem com a mesma rapidez que uma canção chega ao topo das paradas e modas mudam a cada nova estação, poucas coisas pernanecem como são. Uma delas é a balada pop. Um estilo dentro do gênero que consagrou cantores de um sucesso só e fez com que os grandes nomes quase passassem batidos por ele. Pensem em Madonna e Michael Jackson. Quantas baladas de sucesso eles tem? Difícil, né? Tem que pensar bastante até achar You'll See e You Are Not Alone respectivamente. E pense na Bonnie Tyler e na hora vem Total Eclipse Of The Heart. Em três décadas, a balada pop teve seu auge. Dos anos setenta até o final dos anos noventa. As maiores canções do estilo alcançaram o posto de hit durante esse tempo. Desde Your Song, passando por Time After Time, ganhando força em I Will Always Love You e My Heart Will Go On. Quem não se lembra, mesmo só por vídeo, daquela emocionante performance do Queen com Love of My Life aqui no Brasil no Rock in Rio? E indo um pouco mais para o pop rock ainda temos I Still Haven't Found What I'm Looking For do U2 e a versão de Love Hurts do Nazareth. E eu poderia ficar durante muito tempo falando de mais exemplos e a importância das baladas para o pop. Mas aqui o foco é outro.

Apesar da sua importância, a balada pop perdeu muito espaço nos últimos dez anos. Muito pouco foi feito e as duas últimas canções a terem uma faísca do estilo em seus DNA foram A Thousand Miles e I'm With You. As grandes baladas pop foram substituídas em parte pelo R&B contemporâneo, mas em grande parte foi apenas esquecida. O pop virou "dance" apenas enquanto os outros gêneros ganharam força. Porém, ainda esperança. Há ainda esperança de vermos em um festival uma multidão cantar a mesma música que fala de amor com a mesma intensidade que canta hits das pistas de dança. Há ainda esperança de a balada pop renascer e cumprir seu papel de fazer multidões esquecerem ídolos e gostos e apenas cantar. E quem pode fazer isso tudo é a Lady GaGa.

Se você a odeia, continue assim. Continue com suas preferências. Se você detesta a música Yoü And I, não precisa ouvir e continue falando que a pior coisa do mundo. Mas se você sente falta da época que um cantor, cantora ou banda podia fazer uma multidão cantar apenas usando a voz e um piano, torça pelo o sucesso de Yoü And I. Não, melhor: torça para que a música seja a porta para que novos (ou velhos) artistas façam mais baladas pop. Torça para que elas possam ser tão boas que assim como as músicas que eu citei aí em cima daqui a dez, vinte ou trinta anos seus filhos, netos, sobrinhos ou desconhecidos possam ouvir essa canções e verem o quanto bom era nosso tempo. Pois sejamos francos, qual é a herança musical que vamos deixar para a próxima geração? Restart? Justin Bieber? Rebecca Black? Se você não quer a Lady GaGa como herança, então torça para que apareçam essa pessoas e suas músicas possam ser conhecidas. Odeie Yoü And I, mas não odeie o que ela pode fazer mesmo sem ser um sucesso estrondoso. Torça para Yoü And I, Some Like You e California King Bed seja a ponta de um novo futuro onde o pop vai poder voltar ao que foi. Como eu já disse o que você acha da música em si, não faz diferença, apenas se agarre na idéia. E para quem acha isso já pode parar de ler, pois apartir de agora eu vou dar minha opinião pessoa sobre a canção. Valeu pelo tempo perdido e espero que pense sobre o assunto.

Yoü And I já nasce de certa maneira já predestinada a ser uma balada pop épica. GaGa foi extremamente esperta ao fazer apresentações da canção apenas ao piano muito antes do lançamento do Born This Way. Ela testou a resposta da platéia com a canção e viu que "deu liga". Mais a versão em estúdio saiu melhor que a encomenda. GaGa acertou no alvo ao chamar um especialista em "músicas épicas" para dar a forma em Yoü and I: Robert John "Mutt" Lange. O produtor foi reponsável por inúmeros sucessos de nomes como AC/DC, Def Leppard, Foreigner, Bryan Adams e na época que era marido de Shania Twain, foi produtor do sucesso Come on Over. De Mutt a música ganhou uma sofisticada, poderosa e pungente base misturando rock e pop na batida da bateria, no riff da guitarra e nos toques do piano. A grande sacada da música é o uso do sample. Aquela já familiar e quase transcendental batida da música We Will Rock You do Queen. Quem nunca na vida não fez o "tum, tum, tum, bate palmas"? Além do sample, Yoü And I ganhou a participação do guitarrista da banda Brian May. Enquanto a produção está de primeira, GaGa entrega uma performance impecável. Aqui GaGa mostra que é uma cantora ao conseguir carregar a grandeza da música sem precisar de ser a melhor cantora do mundo. Suas apresentações ao vivo são sensacionais, principalmente quando faz a primeira parte apenas no piano. A composição não é a melhor coisa do mundo, mas entrega os três pontos de uma balada pop com perfeição: fácil de cantar e se identificar, refrão avassalador e com pegada pop. Só isso já está de bom tamanho. Deixamos a profundidade para uma próxima. E uma outra vez. E quem sabe milhares de vezes.
nota: 8,5

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