4 de novembro de 2013

Primeira Impressão

James Arthur
James Arthur


Eu acompanho realities musicais já faz algum tempo. Lembro de ficar acompanhando etapa por etapa desde o primeiro episódio até o último dos programas nacionais como Fama, Popstar e Ídolos (quando esse último era do SBT). Contudo, só foi quando eu fundei o blog e que comecei a seguir os realities estrangeiros que minha atenção passou de simples fã para também critico do que é apresentado como "a próxima grande promessa musical". Durante esses anos passaram por aqui vários ex-participantes que se consagraram vencedores (Kelly Clarkson, Carrie Underwood, Fantasia, David Cook, Leona Lewis, Little Mix, Scotty McCreery, Phillip Phillips, Alexandra Burke) e outros, que mesmo não vencendo, conseguiram seu lugar ao Sol (Adam Lambert, Jennifer Hudson, One Direction, Misha B, Haley Reinhart,Cher Lloyd, entre outros). Eu considerava a Carrie como a dona da melhor carreira pós-reality e, assim sendo, a melhor vencedora de qualquer programa até hoje e era do Adam Lambert com o sensacional Trespassing a alcunha de melhor álbum de um participante de um reality musical. Isso tudo até o dia hoje, quando eu declaro sem medo ou ressalvas que o James Arthur é o melhor vencedor e dono do melhor álbum de ex-participante de um reality desse tipo. (Para quem não conhece James click aqui para conhecer sua trajetória no The X Factor 2012)

Como o grande vencedor, James poderia facilmente cair na maldição do primeiro álbum do vencedor: um trabalho extremamente genérico e sem nenhuma personalidade que foi feito as pressas para aproveitar o sucesso imediato e midiático dele com o público. Contudo, a gravadora dele Syco (propriedade do todo poderoso Simon Cowell) percebeu que James é um artista tão único e especial que não poderia ser dado para ele uma produção burocrática restringindo qualquer faísca criativa que ele pode "soltar". Nesse quesito o álbum debut homônimo de James não poderia ter sido mais bem assistido já que foi designado um time vindo do que há de melhor na nova safra de artistas ingleses: o grupo TMS, Steve Robson, Salaam Remi, Emeli Sandé e Naughty Boy. Nas mãos desses nomes podemos ver nitidamente a construção da verdadeira sonoridade de James. Nada de criações fáceis ou/e apenas comerciais feitas para vender. Aqui estamos diante de um verdadeiro artista  entregando uma sonoridade poderosa e absolutamente original.

Para o álbum é elaborado uma espécie de pop/R&B contemporâneo/urban misturado com uma forte influência de rock e hip hop. Essa mistureba toda é lindamente construída mostrando uma originalidade única, refinada e magistral. Mesmo sendo calcada em uma base como referencias mais antigas e no próprio trabalho dos produtores do álbum, a sonoridade aqui mostra o nascimento de uma tendencia que sabe como misturar essa nova estética criada na Inglaterra com um verniz mais internacional. Estamos diante de um possível sucesso global mesmo acreditando que ainda é possível James evoluir ainda mais, mas isso ele deve conseguir com o tempo e a experiência. Outra grande qualidade do álbum é a presença de James como compositor em quase todas as canções (a exceção fica por de Impossible que é uma regravação). Isso dá para o trabalho o nível pessoal e intimo necessário para conectarmos com James sem nem ao menos sabermos qual sua história (isso é fundamental para atrais quem não acompanhou o reality). Contudo, isso não seria suficiente para resultar em composições boas. Com a lapidação feita pelos colaboradores o resultado final se transforma em viagem emocionante, arrebatadora e comovente sobre os seus demônios, seus amores, seus medos, suas alegrias. Conseguimos ver quase em forma sólida a mente de um homem que passou por muitas coisas. A maneira como cada faixa é composta mostra um artista inquieto em busca da verdade que se esconde nas entranhas de si mesmo. Mesmo com toda essa carga emocional as composições não partem para um caminho "cabeça" e elitista ao saber balancear com o lado mais popular sem perder sua essência. Só que isso seria a apenas a ponta do iceberg se James não fosse o cantor que é. Se não bastasse ser dono de uma voz tão única e sem comparações, ele entrega performances que eu só posso classificar como uma força sobre-humana. Uma força da natureza assim como uma onda gigante que arrasta tudo por onde passa. Uma erupção de vulcão que parecia a muito adormecido. Um furacão da mais alta categoria varrendo uma cidade inteira. A gente sabe que mesmo esses eventos da natureza terem um fim nada do que foi será como antes. E é assim que a gente se sente após ouvir o álbum com James entregando tudo que tem e o que não tem. Diga que depois de ouvir a magistral Suicide você vai ficar intacto perante a entrega de James em uma composição arrasadora em uma power balada épica? Ou ficar imune a batida sexy de New Tattoo e performance deliciosa de James? Quem sabe você não vai se emocionar com a acachapante Recovery ou não sonhar com o amor ao ouvir o belíssimo dueto de James com a Emeli Sandé em Roses? Isso sem falar do single You're Nobody 'Til Somebody Loves You, a good vibe com uma atmosfera mais dark de Get Down, a dançante e empolgante Lie Down e a doce Certain Things. Além do resto do álbum que é simplesmente perfeito e genial. James entrou como o cara que apenas venceu um reality musical e sai daqui mostrando qual é a definição do que é ser um artista de verdade.

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