31 de dezembro de 2013

Os 25 Melhores Álbuns de 2013 - Parte IV





Parte I
Parte II
Parte III


10.The Next Day
David Bowie



"No alto dos seus 66 anos, Bowie mostra a sonoridade que influenciou várias gerações de roqueiros. Só que aqui estamos falando do cara de deu origem, então espere o som real, cru e sem concessões de um artista que sempre esteve a frente do seu tempo. Em The Next Day ouvimos um artista que ainda sabe como se colocar na atual conjuntura musical sem perder nada de sua personalidade agradando aos fãs antigos e ainda abrindo caminho para uma nova geração. Apesar disso, o álbum não é feito para todo o público com sua sonoridade seca, poderosa, estranha e multifacetada que foi dada pelo produtor Tony Visconti que trabalha com Bowie desde o segundo álbum dele datado de 1969. Em resumo, rock para quem não sabe o que é isso de verdade. Não assuste com as complicadas, irônicas e profundas composições. David é de outra época e tem uma noção bem diferente do que é uma canção de amor, por exemplo. Contudo, não ache que ele é apenas um tiozão que gosta de falar de coisas esquisitas. Tente ler nas entrelinhas. Assim também não é fácil assimilar a voz de David para quem tem uma definição de "o que é ser cantor" restrita. David é bem mais que apenas um cantor, ele é um interprete incomparável."
Primeira Impressão


9.The Marshall Mathers LP2
Eminem


"O trabalho logo de cara é aberto por uma das canções mais geniais da carreira do rapper: Bad Guy é uma avassaladora continuação de Stan. Aqui é mostrada a vingança do irmão do fã que se matou, matou a namorada e o filho na história da música original. Por essa abertura podemos ter a noção perfeita do que é The Marshall Mathers LP 2: uma porrada sonora em que Eminem está apenas no topo de suas habilidades. O rapper está no seu melhor momento da carreira ao entregar performances que eu apenas posso considerar como fora desse mundo. Se não bastasse toda a monstruosidade que é a capacidade dele de mostrar uma gama de estilos completamente diferentes dentro de uma mesma linha de raciocínio e simplesmente arrasar em cada uma delas, Eminem mostra uma força gigantesca em cada música dando uma atmosfera de urgência para cada palavra que ele fala como se a vida dele estivesse em perigo e só por pronunciar esses versos seria sinonimo de salvação mão apenas de seu corpo, mas também de sua alma. Devo admitir que demorei para escrever essas linhas para tentar representar minha visão sobre a performance do Eminem, pois tudo é tão genial que fica difícil achar as palavras certas para descrever da melhor maneira. Mesmo sendo estranho comparar com cantores, mas acredito que The Marshall Mathers LP 2 tem a produção vocal do ano."
Primeira Impressão


8. Annie Up
Pistol Annies

"A surpresa veio de qualquer maneira após ouvir Annie Up, um trabalho esplendoroso onde três artistas estão em estado de graça em todos os sentidos. Miranda Lambert, Angaleena Presley e a já citada Ashley compõem todas as faixas do álbum (algumas as três ou em duplas ou sozinhas) fazendo um trabalho genial ao pegar vários clichês que o country oferece (dor de cotovelo, paixões regadas por whiskey, bebedeiras, histórias adocicadas de amor e mais bebedeiras) e as desconstrui, colocando grandes pitadas de refinada ironia, inteligência, humor, emoção verdadeira e muito mais para depois reconstruir em letras acachapantes colocando o trio na dianteira entre os melhores songwriter  da atualidade em qualquer estilo. A magistral produção do álbum é dividida em seis mãos (Frank Liddell, Chuck Ainlay e Glenn Worf) e segue um caminho bem diferente do álbum anterior que era calcado em uma sonoridade mais "old school". Em Annie Up, eles modernizam o som do trio e brincam com estilos que flertem/influenciam o country como o blues, rock e o folk de uma maneira sublime sabendo usar eles para casar com a desconstrução do estilo causado pelas composições do trio, mas o mesmo tempo criando faixas de produção e instrumentalização perfeita que louvam o country como poucos. Vocalmente, o trabalho do trio é exemplar sabendo dividir entre as entres momentos solos e em perfeita sincronia quando canta juntas. Claro, quem não gosta do estilo devido ao estilo peculiar das vozes dos artistas não vai gostar de qualquer forma do CD, mas não pode negar que é um trabalho diferente do que atual cenário musical oferece."
Primeira Impressão


7.One True Vine
Mavis Staples


"One True Vine é defendido com uma paixão avassaladora aliado com uma experiência que só anos de carreira podem trazer. Sua voz não é a mesma que nos áureos tempos (como acontecer como qualquer artista), mas sua sabedoria em saber como usar ela é de uma genialidade ímpar e invejável. Além disso, Mavis ainda possui uma voz ainda poderosa, significativa e com um tom estupendo. A produção de Jeff Tweedy (líder da banda Wilco) é um dos trabalhas mais poderosos no ano até agora. Partindo da base que o gospel está no DNA de Mavis e o estilo é uma mistura, primordialmente, de soul e R&B, Jeff elabora uma coleção de arranjos grandiosos, sóbrios e tocantes com pitadas de uma atmosfera sombria que dá um tom de urgência nas mensagens passadas misturando-se à influências de blues e bluegrass. As composições são o que o bom gospel deve ser: não uma fonte de simples evangelização, mas de reflexão sobre a fé. Isso é feito de maneira magistral em letras acachapantes que podem fazer emocionar qualquer pessoa que deixar se abrir para essa experiência como na canção que abre o CD, a emocionante e forte Holy Ghost. Outros grande momentos do álbum ficam por conta da inspiradora What Are They Doing In Heaven Today? e a linda One True Vine. Mavis Staples dá uma aula em One True Vine não de apenas de como a religião deve se comunicar através da música, mas simplesmente de como fazer música de qualidade. Amém."


6.Yeezus
Kanye West

"Longe da grandiosidade esquizofrênica de My Beautiful Dark Twisted Fantasy, Yeezus é uma construção extremamente sóbria e reduzida em batidas, sons e instrumentos. O álbum não é hip hop como os anteriores dele, mas toma da mesma fonte com grandes goladas só que adiciona um som mais pesado e seco que tem em diversos estilos suas origem. Para ser preciso, West faz um trabalho que é quase impossível classificar de maneira precisa. Mais que apenas conceitual, ele cria aliado a um "elenco" de colaborados tão variados que parece uma versão musical de Babel, uma sonoridade nova que é revolucionária e acachapantemente genial. Como aqui quanto menos é mais, lançado sem capa e com apenas dez faixas, Yeezus busca em uma simplicidade estranha a base para a construção de melodias carregas e revestidas de uma substância que mistura o divino com o profano, o bom com o mal, o céu e o inferno, o industrial com o urbano, o estranho com o mais estranho ainda. Difícil de assimilação, Yeezus não é um passeio no parque em dia de Sol e apenas um nome com o de Kanye poderia transformar esse álbum em um trabalho que posso de alguma forma ser comercial. Mais ácido e mortal do que nunca em composições que mistura a habilidade impecável de rimar e construir poderosas alegorias com uma língua extremamente afiada que dessa vez não perdoa a própria cultura em fazer uma critica poderosa na genial New Slaves ao expor o consumismo entre os negros americanos e suas visões sociais atuais. Muito mais contido que poderia se imaginar em suas performances, Kanye entrega uma atuação um pouco abaixo do que mostrou em My Beautiful Dark Twisted Fantasy, mas ainda em um nível extremamente acima da média como ele mostra na devastadora Blood On The Leaves que usa sample da Nina Simone cantando Strange Fruit. De dar até arrepios. E usurpando um bordão que está na boca do povo esses dias: o Gigante acordou. Só que esse gigante se chama Kanye West e dessa vez você nunca viu um gigante como esse que se acha um Deus e faz coisas que além da compreensão humana."
Primeira Impressão

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