21 de junho de 2014

Primeira Impressão

Platinum
Miranda Lambert


Muitos que estão do lado de fora do mercado fonográfico americano podem se indagarem sobre o sucesso de vendas da cantora country Miranda Lambert. Sem o apelo pop comercial da Taylor Swift, Miranda conseguiu vender 180 mil cópias de seu quinto álbum na semana do lançamento. Claro, sendo o country um dos estilos pilares do cancioneiro norte-americano isso ajuda muito, mas a cantora tem bem mais do que isso a seu favor: Miranda Lambert é, sem dúvida nenhuma, a representante da herança deixada pelas grande lendas femininas do estilo como Dolly Parton e Loretta Lynn que ajudaram a colocar voz e rosto da mulher na música country. Então, não é de se estranhar que Miranda carrega isso sem pestanejar desde o começo da sua carreira e, mais uma vez, essas características estão no DNA do muito bom Platinum.

Para entender melhor sobre do que o que fala Platinum é necessário compreender o trabalho como se fosse uma conversa entre mulheres sobres mulheres e para mulheres. Porém, não espere um sentimentalismo barato e clichê sobre os problemas femininos como faz Taylor e suas insossas monografias sobre relacionamentos que não deram certo, mas espere faixas com uma inteligência desconcertante, uma ironia refinada, uma acidez deliciosa e uma elegância sincera. Miranda discorre sobre amor, traição, cirurgias plásticas, divórcio e, claro, poder feminino como se fosse uma das personagens de Sex and The City versão "caipira" fazendo de Platinum não apenas um álbum feminista, mas feminino sem parecer hipócrita ou contraditório. Com personalidade própria, pois das 16 faixas, Miranda co-escreveu oito delas, Platinum é um belo panfleto sobre o que pensam as mulheres (inteligentes) nos dias de hoje.

Infelizmente, a produção do álbum só vai empolgar de verdade já na sua metade. Não que as primeiras sete faixas não sejam boas, pelo contrário, elas são trabalhos bem acima da média em que podemos ouvir como o country pode soar mais pop sem perder a sua essência como na linda Girls e na divertida Priscilla, mas é quando Miranda ganha o verniz mais country de raiz que o trabalho alça o seu grande vôo. Unindo a "língua" afiada da cantora com o estilo mais tradicional, Platinum ganha um interessante e genial viés ao caminhar pelo lado "antigo" com o lado "moderno" mostrando que não é preciso revolucionar para estar atualizado. Com a sua sonoridade mais do que solidificada, Miranda passei nas canções com sua voz delicada, mas que guarda grande surpresas devida a sua versatilidade e poder em vários momentos. Os melhores momentos do álbum ficam por conta da sensacional Old Shit sobre a nostalgia dos velhos tempos, as hilárias All That's Left sobre um divórcio e Gravity Is a Bitch sobre o quanto duro é ser mulher, o dueto poderoso com Carrie Underwood em Somethin' Bad e a linda Holding On to You em que vemos uma lado mais romântico da cantora. E dessa maneira, Miranda Lambert reivindica o seu posto mais do que merecido de Rainha do Country moderno. Posto esse que deve ficar por muitos anos. 

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