30 de junho de 2014

Primeira Impressão

X
Ed Sheeran


Existem alguns estágios na carreira de um artista musical que, normalmente, precisa-se se respeitado para que a jornada do mesmo seja a melhor possível. Uma delas é a transição do primeiro álbum para o segundo. Há uma ordem já estabelecida que diz que o primeiro álbum deve mostrar o potencial do artista para o futuro. Mesmo que seja um trabalho genial é necessário não tomar cuidado para não enganado por um belo embrulho e esquecer que há mais coisas por baixo que devem ser levadas em conta. Essas coisas, então, devem ser mais bem mostradas no álbum seguinte para que o público saiba qual o verdadeiro artista está na sua frente. Então, o segundo álbum é o consolidador (ou não) da carreira de um artista. Claro, há várias exceções, mas, em vários casos acontece assim. O mais recente exemplo é do inglês Ed Sheeran. Para a alegria de Ed, seus fãs e do público em geral, o resultado de X (fala-se multiply, "multiplicação") o resultado é positivo. Melhor: o resultado é extremamente positivo, pois Ed, além de se mostrar um artista mais complexo que seu trabalho anterior, entrega um CD sensacional.

X funciona espetacularmente em todos os níveis possíveis. Começa pelo fato de que o CD é deliciosamente despretensioso. Ed é um jovem de 23 anos que está à procura de um caminho em sua vida pessoa e devido a isso encontra no caminho obstáculos, comete erros e, as vezes, acerta. Mais do que isso: Ed quer apenas viver sua vida. Encontrar um sentido na sua existência. Como eu, você e todo mundo. Essa humanidade é perceptível em cada composição que compõem X dando ao trabalho uma atmosfera tão tocável e identificável. São as memórias, as vivências, as observações de Ed sobre a vida. Com uma preferência para os assuntos do coração, mas sem esquecer outras facetas e também utilizando em alguns momentos pitadas do humor e a ironia típica britânica, Ed demonstra uma habilidade para narrar as coisas banais com uma doçura única, mas sem perder o foco e cair em lugares comuns. Na verdade, Ed com ajuda de alguns parceiros interessantes se faz um expert em contar de maneira o que é de comum na vida de uma pessoa. Como um verdadeiro cantor/compositor, Ed domina suas canções com perfeição. Porém, nada pode preparar quem ouve todo o álbum para a impressionante presença e versatilidade que ele mostra aqui. 

Dono de um tom delicado e suave como seda, o cantor não se apega a isso para fazer as suas performances. Ed mostra uma capacidade impressionante no que tange se adaptar em diversos estilos para melhor interpretada cada canção de X. Ele se coloca na figura de cantor de pop estilo "Michael Jackson" com a mesma facilidade que tem para se modular na figura de cantor indie pop mostrando uma fragilidade emocionante. Então, Ed vira um rapper com um estilo divertido e afiado para depois carregar brilhantemente uma power balada pop sem nenhum momento perder as qualidades de sua voz. Finalmente, mas não menos importantes, as escolhas de Ed para a produção do álbum são acertada no momento que ele decidiu abrir o leque de possibilidades com a adição de novos nomes como Pharrell Williams, Rick Rubin, Jeff Bhasker e Emile Haynie dando para a sua sonoridade um colorido mais vibrante e bem mais substância do que apenas trabalhar com Jake Gosling (produtor do anterior +), mas que também aqui tem seu nome credito em algumas músicas. Não que essas mudanças mudaram o estilo pop indie com base de violão e influências de R&B, folk e rock que Ed mostrou anteriormente, mas com a ajuda deles a sonoridade ficou mais refinada e intensa. O resultado final é um álbum inspirado e bastante coeso que ajuda a mostrar claramente quem é Ed Sheeran. Entre vários momentos marcantes em X é necessário destacar que o melhor momento é a emocionante Photograph, uma balada capaz de tirar lágrimas verdadeiras. Não menos sensacionais estão One, o single Sing, as com uma orientação mais voltada para o rap The Man e Take It Back, Thinking Out Loud que lembra muito as canções de John Mayer e, por fim, a bonita Afire Love. Ed Sheeran tem como o resultado de X, não apenas um dos melhores álbuns de 2014, mas o começo definitivo de uma carreira que vai ainda dar frutos ainda mais impressionantes. 

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