19 de julho de 2015

Primeira Impressão

The Original High
Adam Lambert



Sem dúvidas vivemos na "Era das Divas Pop". Com a morte de Michel Jackson, a vida "low-profile" do Prince, as idas e vindas de Justin Timberlake sob os holofotes, a não concretização da promessa que foi o Justin Bieber e Bruno Mars ainda não consolidado como ídolo pop, as mulheres estão reinando absolutas no mercado mais rentável do mundo da música. Porém, nem tudo ainda está perdido para a classe masculina, pois ainda existem alguns poucos e bons nomes de  homens que levantam a bandeira do pop no grande maistream com bastante dignidade. Chegando ao seu terceiro álbum, Adam Lambert se torna um dos principais nomes do pop da atualidade com o surpreendentemente sombrio The Original High.

Esqueça o "Adam glam" ou o "Adam dance pop chiclete" dos seus dois primeiros álbuns, o mediano For Your Entertainment de 2010 e o muito bom Trespassing de 2012. The Original High não é apenas o seu melhor trabalho, mas é uma revolução na sonoridade de Adam. O cantor mostra que o todo o período com o "vocalista" da banda Queen nas últimas turnês deles influenciou o seu trabalho solo: o pop construído em seu novo álbum é bem mais encorpado, maduro e com uma atmosfera sombria. Nada de batidas fáceis em The Original High. Nada de faixas com uma pegada descontraída e radiofônica. Não há aquela despretensão artificial que marca a maior parte do pop mainstream. A produção despe a sonoridade de Adam desses artifícios para entregar batidas cruas, menos espalhafatosas, adultas e, principalmente, diretas. Sim, The Original High ainda se baseia em uma mistura de pop, eletropop e dance pop com forte influência de house music e rock. Devido a isso, The Original High é um álbum que demora a fazer sentido aos ouvidos ao contrário dos outros trabalhos de Adam. Esse fato não impede, porém, que acontece a identificação do público com o álbum ajudado muito pela presença magistral de Adam em todo o álbum. 

Não bastasse a evolução sonora, Adam está no seu melhor momento como vocalista. Conhecido por ser dono de uma das maiores vozes do mercado americano, o cantor descoberto no American Idol lapidificou o seu instrumento mantendo velhas e boas qualidades e criando novas. O Adam de The Original High está muito mais contido do que em seus outros trabalhos. Não há acrobacias vocais mirabolantes. Todo o poder vocal é utilizado com inteligência para cumprir o seu papel dentro das músicas. O brilho de Adam vem da sua maturidade em dominar as canções mais "agitadas" e saber como deixar suas interpretações delicadas e emocionantes sem perder a sua personalidade vocal "maior que a vida". Mesmo com composições realmente acima da média, The Original High careceu de um trabalho estrutural linguístico mais apurado. O coração do álbum está no lugar certo, mas ainda é preciso tirar algumas teias de aranhas e o pó para poder fazer Adam dar um passo adiante. Felizmente, os acertos do álbum são maiores como, por exemplos, a presença de faixas ótimas como o single Ghost Town, a que dá nome ao álbum The Original HighEvil In the Night, The Light, Heavy Fire e, a melhor de todas, a linda There I Said It. Se os tempos são outros no mercado fonográfico não é uma loucura dizer que depois de The Original High o Adam Lambert é o atual Rei do Pop, apesar de não receber o reconhecimento merecido. Quem sabe o tempo não irá corrigir esse erro?

Um comentário:

lucas lopes disse...

Ótima resenha. Tudo que penso acerca de Adam. E o álbum é ótimo! There I Said é perfeita! Mas preciso que Rumous (com Tove Lo) e These Boys sejam singles, mesmo esta segunda sendo faixa bônus.