31 de julho de 2015

Primeira Impressão

Communion
Years & Years


Eu poderia fazer uma introdução mais longa sobre o álbum debut do trio britânico Years & Years intitulado Communion, mas nada pode superar essa simples e contundente afirmação: Communion é, até agora, o melhor álbum pop do ano. Todavia, não pense que por causa disso Communion seja um trabalho unilateral. Na verdade, o álbum é bem mais profundo do que pode-se esperar de um grupo de música pop. 

O que faz do trabalho de Years & Years tão especial e único é, na verdade, o fato dele possuir dois corações que comunicam-se em uma união perfeita: de um lado está todo o sentimento das composições de Communion e do outro batendo na mesma sintonia está Olly Alexander, vocalista do trio. Communion é um álbum sobre amor. Amor platônico. Amor que destrói. Amor à primeira vista. Amor que exala desejo. Amor em toda a sua simplicidade e em toda a sua complexidade. Ou melhor: amor, apenas amor. Tudo poderia cair em um grande poço profundo em que poderia estar empilhadas centenas de clichês. Felizmente, não é isso que acontece, pois Communion é uma belíssima coleção de composições inteligentes e maduras e ao mesmo tempo com uma carga emocional poderosa, sensível e tocante. Como não ouvir a melancólica e linda Without sobre o momento de dizer adeus e não emocionar de verdade? Ou não sentir a delicadeza e o amo com a acústica Ready for You que é o contrário da canção anterior, ou seja, o começo de um romance?  Nada disso seria possível, contudo, sem a presença marcante de uma voz capaz de expressar todos os sentimentos contidos no álbum. Felizmente, Olly Alexander é esse vocalista.

Todavia, Olly quebra as expectativas para quem espera uma vocalista dono de voz "grossa" e de grande extensão. O cantor trabalha no oposto ao aliar a sua serena voz com interpretações contidas e de um deslumbre emocional misturando amor, tristeza, desesperança, alegria e várias outros sentimentos tão contraditórios, mas que o também ator consegue expressar. Não pense que Olly não seja dono de uma com extensão capaz de atingir as notas mais altas perfeitamente. Olly escolhe não abusar desse recurso, ou melhor, ele sabe utilizar nos momentos certos. Em minha opinião, Olly Alexandre junta-se a um seleto grupo que batizei de "melhores cantores jovens/contemporâneos vindo da Inglaterra" que inclui o Sam Smith e o Ed Sheeran. E vocês podem perguntar: tudo isso é suficiente para Communion ser o atual melhor álbum pop? Não, mas ajuda muito, pois a produção server aqui como o pano de fundo dando a estruturar necessária para que o trabalho seja o sensacional trabalho de pop dance/eletrônico/synthpop que é. Usando uma fortíssima influência do pop dos anos '80 e '90, a produção, capitaneada pelo próprio trio, acerta em criar uma sonoridade feita para ser comercial e ao mesmo tempo guarda a essência de um trabalho realmente artístico. A base do álbum vem do EP Y & Y lançado no começo do ano com as músicas Take Shelter, King, DesireMemo, mas ele guarda ótimos momentos como, as já citadas, Without e Ready for You, além do single Shine, Worship, Eyes Shut, Border e I Want to Love. Como resultado Years & Years coloca-se no top do mainstream pop ao não faz música apenas para dançar na balada, mas para chorar/apaixonar enquanto se dança na balada e, isso, não poderia ser mais pop.

Um comentário:

christine blog disse...

Skins é um laboratório de gente talentosa. A sonoridade do Years & Years é finíssima.