23 de julho de 2015

Primeira Impressão

E•MO•TION
Carly Rae Jepsen




Carly Rae Jepsen sempre será conhecida como a cantora de "Call Me Maybe", mas quem tiver a curiosidade de olhar um pouco mais profundamente para a canadense poderá ver que a canção não a defini em nada como artista. Se o resultado de Kiss (álbum de 2013 que tinha como carro chefe "Call Me Maybe") era bem melhor do que o esperado, Carly mostra que E•MO•TION é a prova definitiva de que o seu talento vai bem além de apenas um hit de verão.

E•MO•TION é um oásis pop: refinado do começo ao fim, divertido, carismático, redondinho e, o mais importante, inteligente. Dessecando o que quero dizer, vamos por partes:

Refinado: E•MO•TION é a representação perfeita do que venho falando desde o começo do ano sobre a influência da música dos anos '80 na sonoridade pop de 2015. Não é apenas uma ou outra música, mas todo o álbum é fundamentado nessa tendência. Felizmente, o resultado não é apenas uma cópia barata ou uma versão com cheiro de mofo: a produção geral de E•MO•TION foi capaz de criar um álbum elegante e com originalidade de sobra respeitando a fonte de inspiração. 

Divertido: o álbum não é para ser levado a sério. Canções leves que transitam muito bem na terra do mid-tempo sem ir para o dançante/frenético ou para a balada/brochante. E•MO•TION dá para ser ouvido do começo ao fim podendo dançar coladinho com aquela paquera ou dançar sozinho na sala.

Carismático: Carly não é dona de uma voz potente e sua voz "fininha" pode irritar algumas pessoas. Todavia, não há como duvidar que a cantora segura o trabalho todo com interpretações seguras, fofas, românticas e sabendo usar todas as suas qualidades da melhor maneira possível. É só ouvir a ótima Gimmie Love e a sua ótima produção.

Redondinho: não há muito muitos momentos fracos em E•MO•TION ajudando a fluidez final do trabalho e as suas dezoito faixas (14 na versão normal mais 5 em versões especiais). O único momento questionável é a faixa Making the Most of the Night e a sua produção vocal equivocada e o refrão "meia boca". Também não há momentos sensacionais, mas em All That quase podemos ouvir uma Carly avassaladora e genial.

Inteligente: ao se unir com nomes proeminentes do cenário indie/indie pop como a Sia, o produtor Ariel Rechtshaid, Rami Yacoub, Rostam Batmanglij do Vampire Weekend, Devonté "Dev" Hynes, entre outros, Carly consegue transformar a sua maneira de compor elevando a qualidade. Aquela atmosfera de "garota adolescente apaixonada" continua, porém, a adição de novas perspectivas ajuda a criar uma nova forma para as letras de amor pueril de Carly em que não se brinca com a inteligência do público.

Além das canções já citadas há outros momentos inspirados no álbum: o pop com atmosfera grandiosa de Run Away with Me, Boy Problems e sua hiponotica batida, a pop rock/new wave Your Type, o R&B misturado com sintetizador LA Hallucinations e sua letra moderninha, a viagem alternativa em Warm Blood, Black Heart e a sua influência da música eletrônica experimental e, por fim, a disco/dance pop I Didn’t Just Come Here to Dance que remete ao começo já dos anos '90. Unindo todos esses aspectos, E•MO•TION se torna um dos melhores álbuns pop do ano sem muito esforço. Enquanto Carly Rae Jepsen prova que pode é uma artista que foge das definições preestabelecidas pelo grande público. Quer que esse aceite essa Carly ou só a lembre por uma música de sucesso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante.. ao ler sua crítica deu (muita) vontade de conhecer o material. Faz uma review do "Breathe in . Breathe out". Vlw