2 de janeiro de 2017

Primeira Impressão

Darkness And Light
John Legend




Elegância e maturidade. Esses são os melhores adjetivos para definir o quinto álbum da carreira de John Legend Darkness And Light. Todavia, ao olhar um pouco mais de perto percebe-se que existe algo colocado nas entrelinhas que ajuda a elevar ainda mais a qualidade do resultado final. E esse algo a mais é, para a minha surpresa, um alta dose de ousadia na construção da sonoridade de Legend que até agora nunca tinha sido ouvida.

Desde que começou a sua carreira lá no começo dos anos dois mil, John Legend sempre apresentou uma sólida e classuda sonoridade R&B/soul, ancorando em uma incrível capacidade de criar instrumentalizações perfeitas devido a talento de musico de John e seu domínio ao piano. Todavia, em Darkness And Light foi adicionado nessa já campeã mistura um dose precisa de coragem ao fazer a sonoridade do cantor flertar abertamente com outros gêneros como neo soul, hip hop, PR&B e até mesmo indie rock. Não que a cantor entre uma onda de transformar a sua sonoridade de maneira completa buscando acompanhar os novos nomes surgidos nos últimos anos, mas, na verdade, a adição dessas novas texturas e nuances é uma especie de evolução silenciosa na sua carreira já consolidada. É como se o John Legend fizesse a maior aposta da vida nele em dois cavalos, sabendo de antemão que os dois irão chegar empatados em primeiro lugar. E é isso o que acontece exatamente em Darkness And Light: a sua sonoridade old school continua intacta na construção de impressionantes arranjos com uma sensibilidade artística sem comparação caminha lado a lado e de maneira afetuosa com as ousadias sonoras sem soas desesperado ou pretensioso. 

E despretensioso também é outros aspecto  do álbum: em um ano com tantos manifestos de empoderamento/revolta, Darkness And Light sai dessa linha para falar sobre os prazeres de amar e de ser amado (ou não). Claro, aqui e ali ainda ressoam alguns temas sociais como em Marching Into The Dark ou na sensacional I Know Better e seu atmosfera gospel. Entretanto, o álbum inteiro segue um caminho bem mais ameno, mas com uma qualidade admirável como é o caso da envolvente Penthouse Floor com uma performance poderosa do rapper Chance The Rapper. Por falar em performance não há como não falar sobre o talento vocal de John Legend que, muitas vezes, pode até ser esquecido, mas ele é um dos melhores cantores que surgiu nos últimos anos. É só ouvir a parceria com Brittany Howard, vocalista do Alabama Shakes, na canção que nome ao álbum (Darkness And Light) para ter uma noção do que estou falando. Outros momentos imperdíveis no álbum são a sexy What You Do To Me, a delicada homenagem a sua filha em Right By You (For Luna), a triste How Can I Blame Yoy e a acústica Drawing Lines. Darkness And Light é um álbum indispensável feito para ser um presente para aqueles que admiram a elegância e maturidade de John Legend ou para aqueles que realmente gostam de música boa.

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