30 de julho de 2017

Primeira Impressão

The Ride
Nelly Furtado




Desde que lançou o seu primeiro álbum há cerca de dezessete anos atrás, a Nelly Furtado já navegou por vários caminhos no que tange a sua sonoridade ao ir do pop contemporâneo, passando pelo indie pop tradicional e, depois, o pop comercial, chegando ao pop latino e terminando no indie pop. Todavia, sempre houve uma constância nos trabalhos de Nelly: a cantora só é tão boa quanto a sua produção. Talentosa e ótima compositora, a canadense só realmente conseguiu expressar tudo o que tem quando encontrou um produtor(es) que pudessem poli-la da melhor maneira, independentemente da sonoridade pretendida. Ao chegar ao seu sexto álbum, The Ride, a cantora mais uma vez comprava essa tese ao entregar o seu pior álbum até, principalmente devido a uma produção equivocada e exagerada.

Ao deixar a produção principal nas mãos de John Congleton, famoso pelos trabalhos com dezenas de artistas indies, Nelly mostra que claramente desejou buscar uma sonoridade completamente indie para, digamos, recomeçar a sua carreira, pois esse é seu primeiro lançamento de forma independente pela sua própria gravadora. Isso é ótimo, pois, mesmo sem alcançar o mesmo sucesso de antes, Nelly está muito mais livre para criar o seu caminho sem interferências externas. Entretanto, The Ride não reflete a sua verdadeira intenção já que John entrega uma produção afetada, barulhenta, sem rumo e, principalmente, completamente over the top. A maioria das faixas soam como trabalhos de colagens sonoras que para ganhar a alcunha de indie foram colocadas nuances, sons e texturas apenas para estarem lá. É como enfeitar uma árvore de Natal depois da mesma já está pronta, adicionando objetos da Páscoa, Festas Juninas, Halloween, Aniversário e outras tantas. A intenção é boa, mas a execução é pífia e completamente frustrante. Nada realmente se salva dessa bagunça, mas a principal afetada é a própria Nelly que é simplesmente tragada viva por tanta produção. Não adiante entregar composições interessantes e maduras se a mensagem será completamente perdida na montanha de sons criados. Um ótimo exemplo disso é a esquisita e irritante Paris Sun que até falar sobre recomeços, mas se torna uma verdadeira tortura devido a adição de tantos sons eletrônicos que fica completamente impossível prestar atenção no que Nelly canta. Assim também acontece na chata Live. The Ride até melhora na sua parte final que, nada curiosamente, parece ter um trabalho de produção menos intrusivo como na legalzinha Palaces, lembrando muito o trabalho em Folklore, a completamente indie Right Road e na balada estilo Kate Bush Phoenix que, ao ser despida de maiores trabalhos de produção. Quem sabe que assim como a faixa, Nelly não se transforme novamente em uma fênix e não renasça das cinzas desse The Ride? É esperas para ver.

Um comentário:

lucas lopes disse...

Gente, pois eu amo The Ride!! Acho um dos melhores dela. Meu atual vício.