12 de novembro de 2021

Primeira Impressão

Ancient Dreams In A Modern Land
MARINA




Se existe uma história que faz parte da base do mundo pop é o comeback. Não importa o que aconteceu anteriormente, mas sempre é interessante e excitante ver a história de um artista dar a volta por cima de maneira triunfal. O mais recente caso é o da Marina. Depois do desastre que foi a recepção da crítica e do público para Love + Fear de 2019, a cantora britânica sacude a poeira e volta de maneira realmente triunfante com o lançamento do sensacional Ancient Dreams In A Modern Land. E é ainda mais gratificante devido as decisões tomadas que poderiam facilmente serem um verdadeiro desastre.

Ancient Dreams In A Modern Land é divido em dois instancias: de um lado tem as canções com uma batida “animadinha” que tratam de problemas político-sociais e ambientais e do outro lado tem as baladas românticas. Divisão que poderia ser outro tiro no pé, mas, graças a Deus, a produção consegue deixar de lado qualquer grande empecilho para criar uma refrescante sonoridade indie rock/pop que se funde de forma inesperada com o mais puro suco de pop, dance-pop e electropop. Mistura que poderia se torna um caldeirão confuso, obtuso e pretencioso de pregação sem conteúdo e esteticamente áspero. E é aqui que a produção entra de maneira excepcional, pois consegue aparar possíveis exageros, polir dramaticamente o equilíbrio entre conteúdo e forma, diversificar a sonoridade de forma orgânica e, principalmente, tirar qualquer pretensiosidade da sonoridade/temática de Marina. Mesmo que em certos momentos Ancient Dreams In A Modern Land soe mais como uma cartilha de como ser um ativista, a produção nunca esquece de trazer a diversão para o álbum. E isso fica bem a mostra em dos melhores momentos do álbum: o abre alas e também a canção que dá nomes ao trabalho, Ancient Dreams in a Modern Land em que “a produção que entrega um pop rock com dance-pop e disco que parece explodir na nossa cara. Sem medo de criar fricção para quem escuta desavisadamente, a canção é o tipo de canção que funciona exatamente por esse motivo ao não ter medo de destruir expectativas em um trabalho épico, excitante e bem acima da média tecnicamente”. Ao contrário de outros trabalhos de Marina, a canção é apenas um dos acertos que compõe o álbum e, não, apenas uma exceção.

Purge the Poison, também no topo de melhores momentos do álbum, tem “um caimento áspero e, ao mesmo tempo, envolvente, a canção consegue conquistar devido a sensação de chutar o balde para querer agradar gregos e troianos. Marina entoa a canção com uma raiva ruidosa sem perder, porém, o seu timbre aveludado e encorpado que parece funcionar para qualquer tipo de canção”. A cantora continua o mesmo expediente na contagiante Venus Fly Trap. Um dos momentos mais comerciais de Ancient Dreams In A Modern Land, a faixa é que melhor tem o aspecto ativista encontra canção pop com um verniz temático perfeito que entregar passagens substâncias com uma construção inteligente e muito bem escrita. Na verdade, todo o álbum é lindamente escrito, mesmo quando comete alguns erros. Man's World “tem um tom urgente e pertinente em relação ao que vivemos como sociedade que poderia ser mais impactante se não fosse os deslizes cafonas como, por exemplo, "Cheeks are rosy like a Boucher cherub/ I'm a strawberry soda"”. E isso também é visto na parte romântica do trabalho.

Dona de baladas pop realmente tocantes, Ancient Dreams In A Modern Land mostra o lado mais vulnerável da carreira de Marina. E isso também é atribuído devido as belíssimas performances vocais da cantora. Sonoramente, Pandora's Box é uma bonita balada pop/indie com adição de algumas camadas/nuances interessantes, mas é melancólica e contida performance de Marina que evidencia a forte composição sobre perder o controle devido a um relacionamento tóxico. Em uma mensagem mais abrangente sobre poder mostrar suas emoções, Highly Emotional People é outro momento de beleza simples elevada pelos vocais aveludados da cantora. E, por fim, I Love You but I Love Me More é o trabalho dessa vertente com a melhor produção devido a acrescentar de maneira orgânica essa pegada indie rock/pop ouvida em outras faixas do álbum sem perder, porém, a força emocional ao contar sobre a descoberta de Mariana sobre se valorizar antes de qualquer outra pessoa. Apesar de uma jornada que poderia muito bem ser outro tiro no pé, Marina volta a entrar nos trilhos certos com esse surpreendente, divertido e coeso Ancient Dreams In A Modern Land. E no final das contas é tudo que a gente pede em um álbum pop.


Um comentário:

Vinícius Carvalho disse...

Finalmente um album da marina aclamado! Infelizmente foi o maior fracasso comercial da carreira