2 de novembro de 2021

Primeira Impressão

WINK
CHAI



Abri a resenha do álbum anterior da banda japonesa CHAI dessa maneira: “durante um pouco mais de meia hora, eu fui levado em uma rápida e explosiva viagem que, sinceramente, não consegui entender quase nada do que estava realmente acontecendo”. Poderia dizer que em PUNK não estava preparado para a “a explosão de punk pop/dance-punk com indie pop, pop rock, post-disco e doses de eletrônico e, principalmente, bubblegum pop”, mas para WINK tinha uma boa ideia sobre o que esperar. Mesmo assim, as quatro integrantes da banda entregaram novamente uma aventura musical que dá uma guinada de 180° na sua sonoridade ao entregar um refrescante e luminoso trabalho que ocupa espaço entre os melhores do pop em 2021.

O que se nota primeiro em WINK diferentemente do trabalho anterior é a mudança de rumos sonoros adotados pela banda: bem menos punk e muito mais pop. Não apenas pop, mas, sim, uma explosão pop com várias camadas entremeadas em uma construção levíssima e doce como algodão doce, misturando dance-pop, R&B, disco, pc music, pop rock, hip hop e o simples pop. Entretanto, não espere nada que seja realmente previsível, pois a banda continua a injetar a sua adorável e única personalidade em cada segundo de cada canção. E é por isso que o álbum é elevado para um outro patamar, pois estamos ouvindo o que quatro japoneses entendem sobre o pop. Como um encontro de frente entre o oriente e ocidente, WINK é esquisito, despretensioso, fofo, tecnicamente eficiente, eletrizante e de um carisma único.

Em Maybe Chocolate Chips, o grande ponto alto do álbum, a banda entrega uma sexy, envolvente e deliciosa versão sobre R&B/pop que poderia ter sido feito pelo Destiny’s Child. A sensacional participação do rapper Ric Wilson é, ao mesmo tempo, surpreendente e se encaixa perfeitamente com a vibe da canção. End soa perfeitamente com uma versão/regravação do Beastie Boys que funciona no instante que a gente liga o foda-se e se deixa levar por um rap em japonês. Logo em seguida, CHAI embarga de cabeça na pc music com a presença da luminosa e sensacional Ping Pong! que parece que poderia muito bem ser tema do filme Free Guy estrelado pelo Ryan Reynolds. Então, a banda dá outro giro sonoro para acomodar a funk/electropop Nobody Knows We Are Fun. É necessário dizer que sem a presença radiante das integrantes seja nos vocais como na instrumentalização acredito que WINK poderia se despedaçar em milhares de pedaços. Felizmente, a união entre talento e carisma é o cimento que junta todas os pedaços que poderiam se soltar na construção de um trabalho tão peculiar. Outros momentos de destaque do álbum ficam por conta de Donuts Mind If I Do e seu clima indie pop para rádio FM contemporânea, o ótimo single Action “é uma surpreendente mistura de indie pop/rock com eletrônico e synthpop, criando uma batida estranha, densa, divertida e de um carisma único” e, por fim, a empoderada In Pink com uma batida funk/R&B e a presença de Mndsgn. Sem medo de quebrar qualquer tipo de expectativa, o CHAI faz de WINK uma agradável surpresa em um ano recheado de grandes surpresas que nem sempre estão a altura em qualidade.

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