2 de maio de 2011

Entre a Cruz e Espada

Judas
Lady GaGa

Minha humilde função como "crítico" de música é sempre dar meu parecer sobre qualquer música que eu venha a resenhar. Eu tento ir além dos meus gostos pessoais, meus preconceitos sobre qualquer artista, estilo ou música. Tento sempre dar um "parecer" que ao meu ver é justo e verdadeiro. Já dei notas altas para músicas que já deletei de meu computador. Já dei notas baixas para músicas que ouço. Mas sempre tive uma opinião concreta para passar aqui no blog. Mesmo meu lado "fã" gostando da música, sempre ouvi meu lado crítico e coloquei cada palavra aqui. E essa voz sempre teve apenas uma voz. Até agora.

Esse parágrafo de introdução foi para explicar o motivo de essa resenha ser tão diferente de todas até aqui. Pela primeira vez, não tenho uma opinião única sobre uma música. Nem meu lado crítico ou meu lado fã pode definir o que eu acho do segundo single de Born This Way da Lady GaGa, Judas. Então, resolvi compartilhar com vocês as minhas duas opiniões. Distintas uma da outra, acredito, em todos os aspectos.


A Cruz

GaGa está de volta. Ou melhor, ela nem foi, mas voltou. Dando continuidade ao divulgamento de Born This Way, a cantora lançou o segundo single intitulado Judas. E como qualquer outra coisa que ela faça, a canção já está envolta em polêmica. Ou melhor: já estava envolta muito antes de ser lançada. Desde quando ela anunciou a canção como single, grupos religiosos já protestavam contra a canção e o seu vídeo, que ainda será lançado*, por causa de seu teor religioso. GaGa vai interpretar Maria Madelena enquanto um ator será (surpresa, surpresa), Judas. Claro, que qualquer assunto que mexa com religião e não seja religioso, sempre será motivo de polêmica independente de quem ou como seja. E como eu tenho uma visão única e minha de religião e sempre sou a favor de respeitar as opiniões e como as pessoas se expressam, não vou entrar na discussão disso ser ou não ser "pecado" o fato dela usar símbolos religiosos para expressar sua visão. O que eu posso é analisar a qualidade musical de Judas.

A canção é o tiro no pé da GaGa que ela mesma deu e com vontade. Judas é a versão de Bad Romance numa cadencia completamente histerica e descontrolada. E "bota" descontrole nisso. Cada acorde de Judas é como fincar uma faca nos ouvidos. A batida house/eletropop/tribal é até criativa, mas se perde na histéria da rotação insana aplicada por RedOne. E para piorar, a canção tem a mesma cadencia de Papi da Jennifer Lopez, lançada recentemente e com produção de RedOne. É ciclo vicioso de uma fabrica de "hits". Vocalmente, Lady GaGa peca em vários momentos. Se em Born This Way ela mostrou que no eletropop tem espaço para um trabalho vocal mais "natural", em Judas ela perde todo essa evolução. Há dois momentos distintos: uma é a GaGa no versos e a outra é a GaGa no refrão e na "ponte" final. A GaGa nos versos está em um ritmo extremamente acelerado que o arranjo quase toma conta da música. Sem contar que o efeito usado deixa a voz estridente e anasalada que quase se torna insuportável. A GaGa do refrão e da "ponte" final é mais natural, mas peca por parecer apática e monótona. Isso reflete no refrão completamente sem graça e nada parece com a GaGa que estourou no mundo inteiro. Agora o ponto de discórdia, a composição. Ao ver, a letra não peca por usar a religião como metáforas. Nada mais justo que "apelidar" alguém traidor de Judas. Além disso, ela não ofende em nada a figura religiosa envolvida com palavras mais pesadas. O grande problema é que a letra é genérica e rasa. GaGa é especialista de compor letras estranhas com várias metáforas "intelectuais" que falam de assuntos tão banais, mas aqui ela erra ao ser tão direta e sem graça. GaGa ainda é a GaGa, mas dessa vez ela errou feio. Ela se tornou seu próprio Judas.

nota:4


A Espada


GaGa está de volta. Ou melhor, ela nem foi, mas voltou. Dando continuidade ao divulgamento de Born This Way, a cantora lançou o segundo single intitulado Judas. E como qualquer outra coisa que ela faça, a canção já está envolta em polêmica. Ou melhor: já estava envolta muito antes de ser lançada. Desde quando ela anunciou a canção como single, grupos religiosos já protestavam contra a canção e o seu vídeo, que ainda será lançado*, por causa de seu teor religioso. GaGa vai interpretar Maria Madelena enquanto um ator será (surpresa, surpresa), Juda. Claro, que qualquer assunto que mexa com religião e não seja religioso, sempre será motivo de polêmica independente de quem ou como seja. E como eu tenho uma visão única e minha de religião e sempre sou a favor de respeitar as opiniões e como as pessoas se expressam, não vou entrar na discussão disso ser ou não ser "pecado" o fato dela usar símbolos religiosos para expressar sua visão. O que eu posso é analisar a qualidade musical de Judas.

Judas não é ainda a melhor canção de GaGa, mas mesmo assim mostra que ela ainda está em busca de uma perfeição imperfeita. Ela pega tudo que já fez até agora e coloca em um lidificador pop com tempero de Bad Romance, batida tribal com a evocação da religião "pop" da Madonna e com os GaGanismo já conhecidos em pouco tempo. O maior trunfo de Judas é a construção do genial arranjo. Frenético, abusivo e dançante sem ser batido. RedOne construí uma ode ao psicodelismo das batidas house com adição de um tribal genial após os refrões. É insano, mas contagiante de uma maneira original e nada "conservadora". É pop dançante, mas não é de fácil absorção. GaGa acompanha essa loucura com seus vocais arrebatadores. Mesmo que em algumas partes ele está num compasso um pouco rápido, ela consegue colocar em um nível diferente e novo. Tem efeitos como qualquer outra música, mas a força de GaGa empregada dá o tom apocalíptico e compensa alguns defeitinhos. A composição não é genial, mas é muito boa. O seu grande trunfo é conseguir transitar nesse tema religião de forma madura e correta. Incrivelmente, não há polêmica na descrição de GaGa sobre a traição. Isso se a pessoa não for uma fanática religiosa. O que vai gerar o "burburinho" será o clipe, mas isso não está em discussão. Mas sem ou com polêmica, GaGa fez de novo. Querendo você ou não.

nota:8

*enquanto escrevo essa resenha, o clipe ainda não foi lançado.

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