Dr. Dre
Um dos lançamentos mais importantes do ano passado, infelizmente, passou batido aqui pelo blog: Compton da Dr. Dre. O lendário produtor/rapper americano aproveitou o lançamento do filme biográfico Straight Outta Compton, baseado na história da carreira do grupo de hip hop N.W.A em que ele foi um dos fundadores, lançou o álbum inspirado na história do filme. Apesar de ser um trabalho que tem um público alvo bem definido, Compton é o trabalho que Dr. Dre vem prometendo há mais de quinze anos e um dos melhores de hip hop dos últimos tempos.
Compton tem uma estrutura bem nítida e que mostra a evolução da sonoridade do chamado gangstar rap para a atual sonoridade do hip hop feito pelo Dr. Dre: do começo com uma batida mais violenta e crua para o seu refinamento com batidas polidas e flertando com outros gêneros. Mesmo co-produzindo as faixas do álbum é impossível não notar a mão do rapper/produtor na direção de Compton, pois a força criativa nas construções das poderosas batidas são a marca principal da genialidade dele. Entretanto, a adição de outros nomes dá um novo olhar para essa época tão importante na música americana, especialmente nas primeiras faixas em que retrata o começo da revolução feita por Dr.Dre sem parecer cópia ou muito menos desconfigurar a mesma. A segunda parte do álbum perde força em comparação com a primeira devido as escolhas previsíveis em relação a sonoridade: nessa parte fica evidente a fase mais rica do hip hop e batidas menos fortes e mais comerciais. Não é um trabalho ruim, mas passa longe do poder emitido por músicas Genocide e Darkside/Gone. As composições também refletem essa evolução: primeiro, as dificuldades de ser negro em uma sociedade tão racista e segregadora, a vida no "gueto" e todos os sonhos de mudar de vida até as consequências da fama e dinheiro. Claro, não são composições fáceis já que são lotadas de palavrões e xingamentos, mas são relatos impressionantes em sua veracidade e, principalmente, na qualidade técnica em cada faixa. Compton é um álbum do Dr. Dre e sua voz cavernal está presente em quase todo o álbum, apesar de parecer em alguns momentos mais como um protagonista de luxo ao deixar os seus convidados brilharem. Eu acredito, porém, que isso seja uma amostra de grandiosidade em relação ao seu posto de um dos maiores nomes do rap de todos os tempos, deixando espaço para nomes como Ice Cube (companheiro do N.W.A), Snoop Dogg, Eminem, BJ the Chicago Kid, Marsha Ambrosius e, principalmente, Anderson .Paak. Mesmo sendo esquecido por m mim, Compton merece esse destaque mais do que merecido.
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