13 de julho de 2016

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

Johannesburg
Mumford & Sons



O EP Johannesburg lançado pela banda britânica Mumford & Sons é como um misturar dois ingredientes completamente diferentes como, por exemplo, chuchu com caviar para criar uma prato da alta gastronomia. Nas mãos de um grande chef, a combinação pode dar muito certo e virar um prato perfeito. Nas mãos de quem não sabe nem fritar um ovo deve acabar como o pior prato de todos os tempos. Todavia, nas mãos de uma estudante de culinária pode render um prato promissor, apesar da suas possíveis falhas. É nessa última categoria que entra o resultado de Johannesburg.

Depois de mostrar que não tem medo de explorar novas sonoridades com o lançamento do fraco álbum Wilder Mind de 2015, a banda resolver buscar novas fontes de inspiração para a gravação desse EP enquanto estavam em uma turnê na África do Sul. Para tanto, eles contaram com as participações de artistas africanos: o cantor senegalês Baaba Maal, o grupo de pop sul africano Beatenberg e a equipe de produção de origem do Maláui e com base em Londres The Very Best. A presença desses nomes injeta no indie rock de Mumford & Sons uma boa dose da sonoridade da música africana tradicional como, também, algumas pitadas da atual música pop que se faz por lá. Dessa mistura tão inusitada surge esse EP que consegue bons momentos, apesar das falhas e de certa estranheza que não foi possível de diminuir.

O EP começa com boa There Will Be Time. Em poucos segundos já começamos a ouvir a influência africana com Baaba Maal entoando versos em uma língua local. O indie rock/indie folk da banda é misturado com tambores típicos e uma atmosfera poderosa que se unem em harmonia quase perfeita. O EP começa a apresentar problemas mais sérios com a faixa que se segue: Wona tem uma agradável atmosfera animada, mais pop e com um dose de música africana mais intensa, lembrando muito a trilha sonora do Rei Leão, mas a presença de tantos elementos dificulta a combinação de estilos tão diferentes. As coisas desandam mesmo na fraca Fool You’ve Landed que parte para a concepção mais clichê que poderia existis ao pensarmos sobre a união de gêneros tão distintos, apesar da ótima instrumentalização. Esse ponto é importante, pois o Mumford & Sons conseguem manter a qualidade técnica em alta durante todo o EP. Ngamila, a quarta faixa, apresenta alguns problemas em relação a não deixar a inclusão de música africana estereotipada, mas, felizmente, os bons vocais de Marcus Mumford e a presença carismática de Baaba Maal ajudam a canção em seu resultado final. Johannesburg termina com a grandiosa Si Tu Veux que ajuda a retoma o bom começo e ainda deixa a esperança que a banda possa, em um futuro próximo, acertar a receita para essa interessante mudança de sonoridade.
notas
There Will Be Time: 7,5
Wona: 7
Fool You’ve Landed: 5,5
Ngamila: 6
Si Tu Veux: 7
Média Geral: 6,6

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