22 de junho de 2018

Primeira Impressão

EVERYTHING IS LOVE
the Carters


Eis que novamente estou aqui para falar de um lançamento surpresa da Beyoncé. Dessa vez, porém, o novo álbum é um trabalho conjunto ao lado do maridão JAY-Z. EVERYTHING IS LOVE é o fechamento da agora trilogia que começou com o Lemonade em que a cantora expurgou os seus demônios matrimoniais e íntimos e teve a sua reposta/mea culpa do rapper em 4:44. Com o casamento nos trilhos e mais fortes artisticamente, os Carters decidiram fechar o ciclo exalando felicidade e poder em um ótimo álbum, mesmo que fique aquém dos seus antecessores.

Para os fãs da Beyoncé é necessário dizer que EVERYTHING IS LOVE não é o seu típico trabalho, pois a sonoridade aqui pesa bem mais para o hip hop/rap do JAY-Z. Então, caso vocês tenham algum problema com esse estilo de música é melhor passar longe do álbum, mas quem é mais mente aberta ou/e curte esse gênero irá ter bons momentos. Indiscutivelmente um sólido e maduro álbum hip hop, EVERYTHING IS LOVE eleva essa sonoridade atual ao dar para as batidas substância instrumental, isto é, as faixas do álbum fogem do minimalismo ao serem recheada de instrumentos, criando texturas, nuances, cores e pegadas que dão força para a sonoridade. Sem essa decisão, a sonoridade aqui poderia ser facilmente comparada com qualquer rapper mediano atualmente. É claro que essa preocupação vem do casal que chamou importantes do meio como Cool & Dre, Pharrell, D'Mile, entre outros para dar a liga no álbum, além de também produzirem conjuntamente todo o álbum. Se compararmos com os álbuns solos, o lançamento fica longe do que essa união poderia resultar, principalmente na questão de originalidade. Todavia, queridos leitores, EVERYTHING IS LOVE é o álbum que é devido as presenças de seus donos. 

Como disse anteriormente, o álbum não mostra uma Beyoncé exatamente como conhecemos, mas a cantora passa bem longe de decepcionar em qualquer estágio. Entrando de profundamente de cabeça na sua persona rapper que já tinha dado as caras, Bey se mostra uma nata e excelente rapper que consegue ofuscar até o próprio marido. Na verdade, o maior defeito do álbum é fato da cantora aparecer bem mais que o seu marido, soando mais como um álbum Beyoncé featuring JAY-Z do que um trabalho colaborativo. Esse problema é relevado devido a sensacional performance da artista, mostrando ser uma versátil, carismática, cheia de flow e com uma personalidade única de rapper que a coloca entre as melhores da atualidade. Seria muito interessante ouvir Bey fazer um álbum solo de rap, deixando essa persona vir a tona completamente e sem restrições. Isso não quer dizer que JAY-Z não brilhe, pois o rapper, além de ter seus momentos, é um dos melhores do gênero de todos os tempos. Além disso, os dois esbanjam uma química invejável, preenchendo várias lacunas que surgemr dessa discrepância de quem aparece mais ou menos. O melhor caso disso é o sensacional single APESHIT. Todavia, o grande momento de EVERYTHING IS LOVE são as suas composições, ou melhor, as mensagens e as indiretas que os dois mandam.


O tema central do álbum é, como o nome diz, amor, mas também sobre o poder que o casal conquistou ao longo dos anos. Muitos podem achar que isso é algo que está mais no lado da ostentação do que da reflexão e, isso, é uma verdade. Todavia, acredito que como dois dos principais nomes do entretenimento mundial, os Carters passam uma mensagem muito interessante ao mostrar que dois negros podem sim chegaram em um lugar que se tem o luxo de esbanjarem os seus louros, ainda mais que ambos já refletiram pesadamente sobre sérias questões sociais. Em EVERYTHING IS LOVE tem vários momentos de questionamentos nesse quesito, mas não tem tanto espaço como a demostração da restauração do casamento dos artistas. Fechando a trilogia que começou com Bey expondo os problemas conjugais e a infidelidade de JAY-Z e que passou pela mea culpa sincera dele, o novo álbum é o selamento do amor e felicidade do casal. Essa alegria e positividade não restringiu as afinadíssimas indiretas/diretas que os dois mandam para Deus e o mundo, indo do clã Kardashian, Kanye West, Drake, serviços de streaming, haters e outros menos importantes. Obviamente, essas citações não teriam o mesmo impacto se não tivessem a inteligência e a criatividade para elaborar construções liricas que tivessem a altura das intenções por trás de cada faixa em EVERYTHING IS LOVE. Além da canção já citada, os outros melhores momentos do álbum ficam por conta da reggae/hip hop SUMMER, a poderosa BOSS, a produzida pelo Pharrell NICE, a grandiosa BLACK EFFECT e a romântica LOVEHAPPY que é o laço de ouro que fecha com classe esse ciclo. E exatamente isso que o EVERYTHING IS LOVE representa: o encerramento de um incrível ciclo para que possa começar um novo ciclo nad carreiras de dois dos maiores artistas de todos os tempos.


2 comentários:

G. RLS disse...

J, o q vc pensa sobre as críticas q ambos (principalmente ela) recebem em relação a militância ? Dizem q os 2 só fazem isso na música, pelo dinheiro,mas não vão para as ruas, para os protestos...

Jota disse...

G. RLS, primeiramente a gente precisa tomar cuidado com essas criticas que falam que artistas fazem isso apenas pelo dinheiro e o destaque, pois senão a gente acaba caindo em um lugar que ver apenas segundas intenções em todos e em tudo que vários artista fazem. O que iria diminuir a importância da militância de vários e muito importantes.

Em relação a Bey e o Jay-Z, acredito que não seja apenas militância de butique. Primeiro, o Jay-Z vem falando sobre problemas sociais desde muito antes de casas com a Beyoncé, sendo um exemplo atemporal é a canção 99 Problems de 2003. Já a Beyoncé, o envolvimento dela com essas causas não começou do nada, mas foi evoluindo ao longo dos anos assim como várias pessoas que vão aprendendo e amadurecimento ao longo dos anos. Digo isso de experiência próprio, pois só foi com os anos que comecei a ter uma consciência verdadeira sobre assuntos como racismo, feminismo, luta pelos direitos iguais, assuntos do mundo LGBTQ e outros. E, claro, agora posso falar sobre coisas que não entendia, não conhecia ou até tinha algum pré conceito sobre. Então, acredito que a Bey passou por essa evolução também e nos últimos tempos está mais confiante e confortável de expressar a sua opinião.

Em relação a não participar de eventos mais públicos e amplos tenho duas opiniões: primeiro, dá para imaginar o casal em uma passeata, por exemplo, o tumulto que poderia gerar, tirando até o foco sobre o que está sendo discutido? Em segundo, refletindo sobre isso e pegando meu exemplo, a gente não precisa sempre de sair nas ruas ou coisa parecido para lutar por seus ideias. Há várias formas de expressão e combater esses problemas sociais pode ser de várias formas, inclusive dando o exemplo como eu acho que o casal mostra. Além de outras atitudes que eles vem tendo como o Jay produzindo um documentário sobre um jovem negro assassinado pela policia e a Bey dando bolsas de estudo. Claro, se eles lucram com isso é bom para eles, né? kkkk

Espero ter respondido a sua pergunta da melhor forma.

valeu e volte sempre!