5 de janeiro de 2025

Primeira Impressão

SOS Deluxe: LANA
SZA



Ainda fico realmente surpreendido pelo imenso sucesso que SZA vem conquistando devido, especialmente, a cantora ter a sonoridade exclusivamente voltada ao R&B que é um gênero que teve seu ápice comercial durante os anos noventa e começa dos dois mil, sendo meio deixando bem lado nos anos seguintes. Surpreso e feliz, pois a cantora realmente merece esse reconhecimento devido ao seu único e grandioso talento. E a sua dominância continua a mostrar força com o lançamento de LANA.

Uma versão reissue do arrasa quarteirão SOS que foi lançado em 2022, as novas quinze canções do trabalho não acrescentam em nada artisticamente já que são claramente parte dessa era sonoramente. E isso não é ruim, pois uma das maiores qualidades da carreira da SZA é ter encontrado esse equilíbrio perfeito da sua sonoridade ao ser tradicionalmente R&B e, ao mesmo tempo, ter um verniz vendável ideal. Todavia, o que é entregue ainda de maneira geral ainda é meio amarrado por essas “regras”, deixando novamente o trabalho com aquela impressão que falta ousadia para explorar por completo todas as possibilidades que a cantora poderia entregar. Acho que a melhor definição sobre esse aspecto é como o expliquei na resenha de SOS: “não estou querendo que a SZA vire a Björk do R&B, mas sinto que SOS seria ainda mais poderoso se a produção pudesse “brincar” em quebrar expectativas ao adicionar camadas e texturas reluzentes que tirassem essa sensação de todo muito bom, todo muito bonito, tudo muito mais do mesmo”. Além disso, existe uma sensação de linearidade entre as canções que faz várias delas soarem parecidas uma com as outras que deixa o resultado bem “achatado” e meio repetitivo. Felizmente, mesmo presa nesse circulo de criação, a qualidade criativa e técnica é tão alta que ao final estamos diante de um trabalho bem acima da média. E ainda existem alguns momentos que mostram que SZA brincando e explorando a sua sonoridade.

É necessário dizer que não são quebra de expectativas grandiosas ou que mostram um caminho diferente para a cantora, mas, sim, flashes de possibilidades interessantes e bem vindas. Um desses momentos é a cativante Crybaby que claramente busca inspiração de clássicos do R&B ao ter uma sonoridade mais tradicional com toques de soul. Seguindo caminho parecido, mas com um toque de hip hop está a sentimental Another Life. Entretanto, nenhum momento supera o grande ápice de LANA: a sensacional Saturn. “Apesar de não apresentar nada muito diferente, a produção entrega uma canção com profundidade emocional tocante, um instrumental rico e uma atmosfera que consegue equilibrar o lado comercial com precisão. Ainda é uma música comercial, mas tem essa energia magistral de estarmos ouvindo todo o potencial da SZA. E isso fica ainda melhor com a fantástica performance da artista que injeta ainda mais sentimento na ótima composição sobre passar por uma crise existencial sobre o seu lugar no mundo”. Preciso também ressaltar o quanto é bom ouvir a SZA ao entregar todas as canções com performances estilizadas, seguras e sempre sabendo valorizar o seu timbre de maneira madura e inteligente. Outros bons momentos do álbum ficam por conta do toque de pop em What Do I Do, BMF e o uso criativo da interpolação de Garota de Ipanema, a influência rock em Scorsese Baby Daddy, a elegância rítmica de Kitchen e atmosfera acústica de Drive. LANA é uma finalização de era a altura que mostra o quanto especial é a fase da SZA, mesmo que não seja exatamente perfeita.


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