ANAVITÓRIA
Existe uma coisa que sempre bato na tecla aqui no blog é sobre como a maturidade reflete na evolução de um artista. E acho que isso é plenamente ouvido em Esquinas da dupla ANAVITÓRIA.
Terminei a resenha do álbum anterior da dupla (COR) da seguinte maneira: “inegável que exista talento verdadeiro residindo nas artistas”. E isso é fato claro. O que faltava era uma refinação mais apurada que é encontrada aqui, especialmente e principalmente devido ao amadurecimento sonoro da dupla. Com um acabamento estético refinadíssimo, o álbum faz com que a bem definida sonoridade da dupla alcançar um novo patamar ao aparar quase todas as arestas soltas, dar texturas mais vivas para as influencias e, claro, amadurecer o que já estava dando certo. E é nesse ponto que Esquinas mostra toda a sua força, pois AnaVitória que, já tinha uma sonoridade agradável e bem construída, mostra com mais força, clareza e carisma todas as suas qualidades. Ainda não é perfeito, pois o trabalho ainda tem algumas travas aqui e ali, mas é uma evolução bastante considerável e muito bem-vinda.
Sonoramente, o álbum é reconfortante, madura (claro), reluzente, graciosa e gostosa mistura de MPB, pop, indie pop, pop rock e art pop que nunca se torna pretencioso demais, mas também não exatamente para um público que curte certa parte do mainstream nacional. Nada de “descer para BC” em Esquinas. Ouço claramente uma influência dos anos oitenta da nossa música como nomes como o de Lulu Santos, Marina Lima e Marisa Montes embutidos ao longo do tecido que é fabricado as canções sem nunca ser cópia ou tentar invocar uma nostalgia forçada. Isso acontece que a produção encontra a personalidade perfeita para demonstrar a tino artístico da dupla. E uma das coisas mais brilhantes de Esquinas é a própria presença das duas cantoras, pois é indiscutível o talento vocal de ambas. Gosto particularmente da presença da Vitória, mas é apenas uma questão pessoal de fato. E não é apenas as suas presenças individuais, mas, também, a maneira como a duas interagem de forma deslumbrante como suas vozes fundes e a maneira inteligente e refrescante como é divido suas partes solos. E o momento mais marcante disso é na poderosa e deslumbrante Espetáculo estranho que também conta com uma das melhores produção ao ousar com quebras de expectativas rítmicas sensacionais. Outros momentos que precisam ser citados ficam por conta da delicada Ponta solta, o irresistível abre-alas Se eu usasse sapato e, por fim, a gostosinha Minto pra quem perguntar. Esquinas é uma álbum que mostra o amadurecimento sem volta da ANAVITÓRIA que abre o espaço para melhores trabalhos no futuro.
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