26 de janeiro de 2025

O Melhores Singles de 2024 - Final

 



Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV

5. Alone
The Cure


"Com quase sete minutos de duração, a canção é uma epopeia sonora hipnotizante e de tirar o folego que nos agarra pela cintura e nos leva em uma jornada de sensações impressionantes. A canção também mostra uma característica das canções que poderiam facilmente se tornar um ponto negativo, mas que são transformadas em uma das coisas mais interessantes e geniais do álbum: toda faixa apresenta uma espécie de introdução apenas instrumental longa para depois começar a sua parte com composição. Por exemplo, Alone é apenas instrumental durante mais de três minutos e meio para só depois começar a sua letra. Essa estratégia é desenvolvida de uma forma tão impressionante e única que constrói toda uma atmosfera que adiciona uma profundida abissal para cada faixa, independentemente qual seja o clima da canção."

4. #19
Aphex Twin

"Para quem não conhece, Richard David James, conhecido como Aphex Twin, é considerado um dos mais importantes e influencias artistas eletrônicos de todos os tempos. Em 1994, o artista lançou o seu segundo e aclamado álbum intitulado Selected Ambient Works Volume II e devido a capacidade dos CD’s da época, a canção ficou apenas nas edições do vinil e de cassete. Depois de trinta anos, a faixa foi lançada pela primeira vez em streaming e, queridos leitores, que oportunidade incrível é escutar essa joia. Com seus mais de dez minutos, #19 é uma viagem deslumbrante em que podemos perceber facilmente toda a criação genial de uma sonoridade quase transcendental. Apesar de linear, a complexidade sonora da canção é de uma força monumental devido a maneira como Aphex Twin cria o soberbo instrumental que fundi perfeitamente ambient com eletrônico. Ouvir a canção tem a mesma sensação de estar diante do grande vasto espaço sideral, pois é um sentimento quase devastador e, ao mesmo tempo, inspirador e cativante."

3. Prologue
Kamasi Washingto



"Single do quinto álbum (Fearless Movement) da carreira do artista, a canção é uma explosão sonora que faz a gente ser catapultado para uma outra dimensão devido a magistral construção instrumental e transcendental estrutura atmosférica. Sem ter medo de começa a canção já a 100km por hora, Washington já impacta quem ouve com o seu magistral sax em torrente continua e desorientante que vai conduzindo todo o resto do espetacular arranjo. E quando a gente acha que a canção não tem mais para onde ir, Prologue vai se desenrolando no seu terço final como um quase maremoto sonoro em uma explosão de tirar o folego e misturar todas as nossas sensações de forma inesquecível. Não posso dizer que essa jazz fussion seja para todos, mas para quem for estará sendo arrebatado por essa jornada de sensações inesquecível."

2. Genesis
RAYE


"Sem informação da canção ser de um novo álbum, uma versão deluxe do álbum anterior ou apenas um single solto, Genesis não é apenas a melhor canção da cantora como também uma seríssima candidata ao posto de melhor do ano. E isso não consegue traduzir a genialidade que é vista na canção. Com produção de Rodney Jerkins, Shankar Ravindran e Tom Richards, Genesis é um trabalho que vem sendo construído ao longo de dois anos e, claramente, mostra que esse tempo serviu para lapidar essa grandiosidade épica da canção que com seus sete minutos de duração que vale a pena cada segundo. Divida em três partes, a canção é uma jornada sonora deslumbrante que começa com uma mistura sóbria e forte de spoken word com gospel e R&B para depois transitar para uma pungente e desconcertante R&B contemporâneo com hip hop para termina de maneira surpreende e grandiosa ao enveredar para o jazz com doses de big band.

Ouvidas separadas, cada parte de Genesis parece três canções completamente diferentes como foram lançadas no EP do single, mas quando estão juntas dentro da canção se toram uma “massa” extremamente coesa que realmente faz sentido de ser uma canção só devido a fluidez perfeita que a produção costura cada parte, fazendo tudo ter um sentido sonora que dá razão para a decisão de dividir a canção em três parte tão diferentes. Todavia, o que faz a canção ter essa razão de existir é a impressionante, poderosa, devastadora, intima, ácida, tocante, honesta e inteligentíssima composição em que Raye, ao lado de Marvin Hemmings, em que reflete sobre os problemas pessoais da cantora como, por exemplo, problemas mentais, a percepção da sua imagem, a pressão pela perfeição estética e como ela se relaciona ao ser um exemplo para jovens garotas e problemas da sociedade como racismo e as guerras que acontecem atualmente. Apesar dos temas pesados, a letra de Genesis nunca se torna um desfile das mazelas apenas para mostrar o lado reflexivo da cantora, pois, assim como outras canções da artista, a letra se mostra como um pedaço da percepção sincera que nunca se torna uma pregação ou/e piegas. E o toque de genialidade é quando começa a terceira parte da canção com sonoridade big band/jazz a letra toma um rumo esperançoso que é como se fosse a luz no final do túnel para o que é discutido no resto da canção. E toda essa carga grandiosa da canção é sustentada por uma performance simplesmente devastadora da Raye que destrincha cada momento com a mesma pulsão emocional e uma versatilidade inacreditável"


1. euphoria
meet the grahams
Not Like Us
Kendrick Lamar


"Então, entre as respostas do Drake em forma das suas diss traks que incluiu o J.Cole (Lamar também mandou indiretas para o rapper na canção inicial), Lamar começou a lançar suas canções com suas respostas. E longo no começo, o rapper já começou com que considero já o enterro da carreira do Drake: euphoria. Ao ouvir pela primeira vez a canção a minha boca a letra a espetacular e devastadora composição em que Lamar simplesmente eviscera Drake. Não é de longe apenas indiretas ácidas e, sim, uma crônica diretíssima sobre todo o que o Lamar pensa sobre o seu “adversário”. Todavia, o imenso trunfo de euforia é a genialidade em que o rapper escreve toda a grandiosa letra em que passa longe de ser apenas uma coleção de ataques em formas de versos, mas, sim, uma composição com estrutura temática impressionante, uma escolha lírica inteligentíssima e uma genial construção rítmica e de rimas que deixa bem claro o tamanho da capacidade do Lamar. E quando a gente pensou que era apenas isso, pois já era algo devastador, o rapper continua o seu ataque pesadíssimo com outro momento genial: meet the grahams.

Novamente, a construção da composição é simplesmente de uma genialidade ímpar, mas aqui o que chama a atenção é a produção da canção. Seria quase impossível acreditar que um artista poderia ter escrito e produzido uma canção como essa em apenas alguns dias, mas sendo do Lamar isso é facilmente acreditar devido ao imenso talento do rapper. Só que tudo isso é elevado a outro nível pela impressionante produção de The Alchemist que dá para a canção uma vibe totalmente diferente da canção anterior e, principalmente, do que a gente espera de diss track. Aqui é construída uma climática e sombria batida jazz rap misturada com hip hop que é de uma força criativa avassaladora devido a sua quebra de expectativa devastadora. Curiosamente, a melodia de meet the grahams é de uma beleza estética que contrasta com brutalidade da composição que Lamar “conversa” com toda a família do Drake que, por fim, contrasta com a performance contida e passiva agressiva do rapper. Entre as duas canções foi lançada apenas no Instagram 6:16 in LA com produção de Sounwave e Jack Antonoff (!!!). Não irei analisar aqui, pois não foi lançada oficialmente. Para colocar os pregos no caixa do Drake de maneira final, Lamar lançou a extraordinária Not Like Us.

Obviamente, todas as canções lançadas pelo Lamar e, também, o Drake tiveram imenso impacto comercial, mas o estouro de Not Like Us é algo impressionante e que vem para consagrar o rapper não apenas como vencedor da guerra como também solidificar ainda mais o seu status de melhor artista da atualidade. E isso vem do fato da canção ser tão comercial e, ao mesmo tempo, representar bem o lado artístico apurado do Lamar. Acredito que provavelmente a base da canção já estava pronta. Na verdade, todas as canções já estavam sonoramente encaminhadas de alguma maneira. Entretanto, é extremamente louvável e impressionante como as canções foram finalizadas e Not Like Us tem um verniz tão incrível e memorável ao criar uma jornada sonora rica, texturizada, impactante e viciante. Entretanto, o grande trunfo da canção é a performance larger-than-life do Lamar que faz realmente a canção funcionar devido a sua habilidade magnifica e quase sobre-humana. Se não bastasse o imenso sucesso de critica e publico da canção (a mesma alcançou o primeiro lugar da Billboard), a canção ganhou um sensacional clipe que finaliza com chave de ouro e diamantes. E assim o Kendrick Lamar se mostra um gênio inigualável que é quase impossível de ir contra o seu poder."

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