7 de dezembro de 2025

Primeira Impressão

It's Not That Deep
Demi Lovato



Depois de uma excursão meio morna pelo rock, Demi Lovato está de volta ao pop. Todavia, mostrando a maturidade que adquiriu, a cantora não retorna ao pop que a consagrou, mas entrega em It's Not That Deep um trabalho confiante e sólido de dance-pop que revela uma nova faceta da artista.

Longe de ser um trabalho excepcional, o álbum é uma mistura sincera, divertida e bem construída de dance-pop, house, electro, synth-pop, EDM, entre outros gêneros, conseguindo fazer a gente se empolgar de verdade e se deixar levar pela despretensão apresentada. A produção é intelectualmente simples, pois claramente procura trabalhar esses gêneros de uma maneira relativamente superficial ao buscar influências e referências dentro de uma mentalidade mainstream. Isso não quer dizer, porém, que a produção seja rasa ou que não tenha o que mostrar, pois fica evidente o contrário ao longo da duração de It's Not That Deep. O que Demi e a equipe de produção realmente querem é entregar uma coleção rápida, direta e respeitosa, que consegue ser tudo isso sem recorrer a maiores ideias que poderiam facilmente cair em um lugar pretensioso, desconjuntado ou irritante — algo que passa longe do resultado do álbum.

Acredito que algumas ideias poderiam ter sido mais lapidadas para alcançar um novo nível, tornando o álbum ainda mais fluido e eficiente. Todavia, isso não chega a atrapalhar o resultado final de maneira significativa. Um bom exemplo disso é o delicioso primeiro single, Fast, o famoso “farofão” que entrega qualidade de verdade em uma canção madura, bem construída e refinada.

"Misturando house, dance-pop e electropop, Fast equilibra clichês com um acabamento refinado, elegante e certeiro, criando uma batida sensual, envolvente e substancial. Tenho, porém, que apontar que a produção de Zhone poderia dar mais dinâmica ao clímax final da canção, já que a estrutura crescente construída ao longo da faixa pede por um encerramento mais grandioso e explosivo."

É preciso reforçar que outro ponto forte de It's Not That Deep é a sempre ótima presença de Demi Lovato, que novamente comprova o tamanho do seu talento vocal. Aqui, a cantora mostra a extensão da sua versatilidade ao modular sua interpretação para atender aos estilos dos gêneros explorados, sem perder sua personalidade e seu característico poder vocal. Em um dos melhores momentos do álbum, Demi domina com graciosidade e estilo a frenética e divertidíssima Frequency. Outros destaques ficam por conta da safadinha Kiss, da dramática — perfeita para dançar e chorar na pista — Sorry To Myself, e, por fim, Here All Night, "uma cativante e divertida faixa de synth-pop/dance-pop com elementos eletrônicos, que funciona bem graças à produção certeira em entregar uma farofada bem temperada".

It's Not That Deep é o tipo de álbum que uma artista faz para limpar a aura depois de finalmente colocar todos os seus demônios para fora. Uma pena, porém, que a gravadora não tenha enxergado o verdadeiro potencial do projeto, não dando a promoção devida e deixando-o afundar nas paradas. Demi não merecia isso de maneira nenhuma.


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