8 de janeiro de 2013

Primeira Impressão

Girl on Fire
Alicia Keys

O quinto álbum da Alicia Keys também poderia se chamar de Fénix, a ave mitológica grega que renascia das cinzas. Nenhuma analogia poderia ser mais forte e mais correta para representar a nova fase da carreira de Alicia que entrega um trabalho digno do seu próprio talento no ótimo Girl on Fire.

Sem lançar nenhum trabalho inédito desde o fraco The Element of Freedom de 2009, Alicia deu um tempo na carreira para ser mãe e poder trabalhar com mais dedicação no seu próximo trabalho. E valeu a pena. Ela própria admitiu que assumiu ainda mais o controle artístico da sua carreira abrindo caminho para a incorporação de "uma nem tão nova" sonoridade, mas que pela primeira vez ela não apenas flerta e, sim, se joga de alma e coração: o neo soul. Alicia sempre foi dona de uma sonoridade mais clássica de R&B e soul music, mas sempre "brincou" com novas texturas, sons e nuances desde que lançou sua carreira em 2001 com o já clássico Songs in A minor que desde então a fez um dos expoentes da música moderna. Em Girl on Fire, Alicia que praticamente produz quase todo álbum buscou renovar seu "som" da melhor maneira possível sem perder sua alma. Soul music do começo ao fim com alguns toques de pop e hip hop, o CD mostra uma Alicia ainda mais refinada nas escolhas instrumentais resultando em uma renovação significativa no que se ouve. As poderosas canções deixam de lado toques mais clássicos para refletir a busca por essa "garota em chamas" que arrisca mais, se joga mais, que se deixa levar mais longe de formulas prontas. Batidas e melodias ricas explodem em cadências novas. Delicadas e ao mesmo tempo complexas e poderosas harmonias aparecem para enriquecer o repertório de Alicia. Alicia não reinventa o neo soul: ela reinventa ela mesma sendo ela mesma. Como cantora, Alicia ainda é uma força da natureza que não conhece rivais que esteja a sua altura. Seja alcançando notas altas como o monte Everest, seja contida e demonstrando mais sentimento que os ouvidos podem captar ou seja como anfitriã em uma festa em canções mais animadinhas. Não importa qual seja a Alicia, ela entrega apenas seu melhor. E para tudo isso ela ainda conta com composições inspiradas e inspiradoras que mostram que não apenas Alicia cresceu com sabe com se "ajuntar" para criar obras geniais. E nada mais justo que seja as três parcerias com a cantora Emeli Sandé como sendo as melhores do álbum: a triste e amarga (num bom sentido) 101, a forte Not Even the King e a acachapante Brand New Me (resenha a seguir), melhor canção do álbum. Claro, há também o primeiro single e canção que dá nome ao álbum Girl on Fire que mesmo com a acusação de uso de sample indevido não perde sua força (a versão do álbum usada é o com a Nicki Minaj). Com uma pegada mais retrô tem a linda Tears Always Win e bela parceria com cantor Maxwell em Fire We Make são destaques mais do que positivos. Devo admitir que Girl on Fire não é exatamente perfeito no sentido mais preciso da palavra, mas acho que nem Alicia queria isso. Já que quando renascemos somos ainda seres em construção mesmo seres acima do bem e do mal com esse álbum.

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