9 de janeiro de 2013

Primeira Impressão

Unorthodox Jukebox
Bruno Mars

Bruno Mars lançou um novo trabalho e já conseguiu, em pouco tempo, "quebrar" a barreira da maldição do segundo álbum pois Unorthodox Jukebox vai se consolidando com um sucesso de vendas e tem tudo para se tornar uma das grandes vendagens de 2013. Claro, ajuda muito o fato de Bruno ser praticamente um dos poucos homens no mainstream pop atual onde o maior concorrente é o Justin Bieber que tem um público bem delimitado em uma faixa etária. Isso não tira o merito do fato de Bruno ter um talento enorme que faz de Unorthodox Jukebox um álbum promissor, mas que ainda não chegou perto do ele é capaz de fazer.

Unorthodox Jukebox é um bom álbum pop soul sem dúvida nenhuma. Bruno acerta em todos os aspectos que se pode nomear, mas acontece que ainda falta certo "polimento". Muitos compararam o trabalha com o de Michael Jackson, principalmente na década de oitenta. Isso é verdade e também é muito bom essa volta ao passado, mas também deve se reconhecer que MC só foi alcançar o grande Olimpo pop quando ele já havia passado anos com o The Jacksons 5 e já tinha na bagagem quatro álbuns solos quando lançou em 1979 seu primeiro trabalho definitivo Off the Wall e depois disso a história é sabida por todos. Então, quando falo desse "polimento" me refiro a experiência que falta para Bruno para alcançar o outro nível. Enquanto isso não acontece, Unorthodox Jukebox é um álbum para se divertir sem culpa.

Basicamente produzido pelo trio em que Bruno faz parte, o The Smeezingtons, Unorthodox Jukebox é uma obra coesa, na medida certa e cheia de personalidade. A produção acerta em criar um neo soul/pop com pés na obra de MC e outros expoente dos anos oitenta sem perder o rumo e deixando tudo com um ar fresco para o público que não tem essas referências. Todas as faixas ganham o mesmo tratamento sem nenhum destaque que salte aos ouvidos, mas nenhuma não é merecedora desse tratamento. Claro, gostar de uma mais que outras ou não gostar de tal faixa aqui apenas vai de gosto para gosto. Bruno é sem dúvida um dos melhores cantores da sua geração e ele sabe como utilizar sua voz perfeitamente. Versátil, ele vai do cantor de canções agitadas feitas para tocar em festas para o cantor de baladas até o soul singer perfeitamente. Tudo com muita personalidade única e cativante. No quesito composição, Unorthodox Jukebox é um bom e emocionante álbum romântico sem nenhuma dúvida. Bruno navega desde a decepção, o amor incondicional até o puro e sacana sexo com a mesma fluência e em nenhum momento descamba para os clichês de cada faceta. Como disse antes, Unorthodox Jukebox é um trabalho bom (ok, um trabalho muito bom), mas ainda falta algo para fechar com chave de ouro. A experiência que Bruno ainda vai conquistar o vai ajudar a conseguir colocar aquele "tcham" extra nas canções. Ainda falta um toque de classe como, por exemplo, na canção da versão deluxe Old & Crazy com a cantora e multi-instrumentista de jazz Esperanza Spalding: até entendo o conceito de fazer uma canção meio que "conceitual" com apenas um minuto e cinquenta e três segundos, mas faltou a sabedoria de ver que só com esse trecho ele tinha uma canção que poderia ser genial se fosse "esticada" e colocada na versão normal do álbum. Assim acontece com If I Knew, outro momento sensacional que poderia ter sido genial com algum cuidado maior. Mesmo assim, Bruno ainda entrega momento inspirados como na sexy Gorilla, na legal Moonshine, a bela balada When I Was Your Man e na sua versão de Dirty Diana em Natalie. Ainda continuo achando Locked Out of Heaven repetitiva demais, Show Me é um reggae desprentecioso que não encaixa perfeitamente dentro de Unorthodox Jukebox e Money Make Her Smile sem muito a dizer. Dito isso, Unorthodox Jukebox é a continuação de um trabalho que começou no legalzinho Doo-Wops & Hooligans que aos poucos vai ganhando força e maturidade para fazer de Bruno um grande artista. É só esperar.