29 de outubro de 2016

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

+30Mg
Cruel Youth



Um artista recomeçar a carreira quase do zero não é novidade para ninguém, sendo o caso da Tina Turner um dos mais famosos e inspiradores. Para quem não conhece, Tina era casa com Ike Turne e os dois formavam um dupla no anos sessenta e setenta. É dessa época um dos seus maiores sucessos, a canção Proud Mary. Todavia, Ike era um homem extremamente violento e agredia Tina sistematicamente. Para escapar dele e das agressões, Tina resolveu se separar e não levou nenhum centavo da fortuna que eles fizeram ao longo dos anos, principalmente devido ao seu imenso talento. Ela só pediu uma coisa: pudesse continuar a usar o sobrenome do marido. Felizmente, Tina conseguiu retornar a sua carreira nos anos oitenta depois de longos anos de boicote feito por Ike, tornando-se um dos maiores nomes da música. Um artista pode perder tudo, mas o seu nome é praticamente o seu principal cartão de visita e deve ser mantido como um verdadeiro tesouro. Então, o que faz um artista já estabelecido mudar de nome? No caso da Natalia Kill foi a mais pura vergonha.

O que aconteceu foi o seguinte: Natalia, ao lado do marido Willy Moon, foram contratados como jurados da versão do The X Factor na Nova Zelândia. Até aí tudo bem, mas a cantora deu uma "enlouquecida" em um dos programas e simplesmente humilhou um dos candidatos da maneira mais asquerosa possível, afirmando que o cantor era uma cópia do seu marido. O vídeo com as ofensas virou viral no mundo inteiro rapidamente e, por isso, a Natalia e Willy foram demitidos do show. Eu tenho uma leve impressão que o ato foi calculado para gerar polêmica ou/e fazer a cantora ser realmente demitida, pois não deveria estar gostando do cargo. De qualquer forma, o ato não pegou nada bem para ela e o marido que tiveram que sumir do mapa desde o ano passado. Nesse meio tempo, a cantora mudou de nome: saiu Natalia e entrou Teddy Sinclair. E ainda montou uma banda de nome Cruel Youth. Não sei exatamente se essa mudança irá alterar a imagem dela perante uma boa parte do público, mesmo que a cantora tenha tido um começo de carreira tão inspirador, principalmente com o álbum Trouble de 2013. Todavia, a cantora lançou o primeiro trabalho com a banda, o mediano EP +30Mg.

As setes faixas que compõem o EP foram compostas pela própria cantora e o marido e produzidas por esse último. Não que haja problema na união entre marido e mulher para fazer música, mas, pelo o que é ouvido aqui, a combinação artística entre os dois não é tão azeitada como deve ser a vida pessoal deles. O EP começa com a mediana Everything Was Beautiful que serve como uma espécie de faixa de introdução. Até poderia funcionar melhor se não fosse tão longa, pois a sensação que dá é uma canção arrastada e sem um direção. A situação não melhora com a faixa seguinte: Alexis Texas fica em um lugar difícil entre uma mistura de Rihanna e Lana Del Rey que nunca diz para o que veio de verdade. E dessa última que a sonoridade do álbum como um tudo parece emoldurar: pop alternativo com pitadas de eletrônico/rock e uma atmosfera sombria/"too cool for shcool" . Infelizmente, Willy não tem a mesma capacidade de produção das pessoas que cuidam da carreira de Lana e as canção em +30Mg carecem de um verniz que possa elevar as boas ideias. Quando existe um suspiro aparece a boa Mr. Watson que lembra muito a melhor canção da cantora: Saturday Night, uma das melhores canções da década até agora. Quando a gente pensa que o EP vai melhorar surge a chatinha I Don't Love You que é seguida da desnecessária Florida Blues. O que salva o trabalho de não ser um grande desperdício de tempo é a presença marcante da voz de Teddy/Natalia: sua voz é uma espécie de mistura de Amy Winehouse/Sia interessante e que tem seus bons momentos. Ainda a cantora precisa entrar um caminho que seja realmente seu, mas, por enquanto, funciona bem como é na boa faixa Hatefuck. Outro aspecto que merece algum elogio são as composições, pois ela continua mostrando o potencial que tem em ser uma representante dos sentimentos das garotas deslocadas e indies, mas precisa aparar certos exageros e refinar a temática. +30Mg termina da maneira como começou com a mediana Diamond Days. Com esse recomeço na sua carreira, Teddy/Natalia terá a difícil missão de continuar uma trajetória que tinha tudo para ser uma das mais interessantes do mundo pop.
nota
Everything Was Beautiful: 5
Alexis Texas: 5,5
Mr. Watson: 7
I Don't Love You: 5,5
Florida Blues: 5,5
Hatefuck: 6,5
Diamond Days: 5
Média Geral: 5,71

Um comentário:

ninguendo disse...

Eu gostei da atmosfera obscura do EP. Algumas faixas lembram muito a Amy. O EP não é tão bom quanto os singles do último álbum da Natália, mas é um trabalho bem-vindo no momento.