3 de outubro de 2016

Primeira Impressão

AIM
M.I.A.


AIM é um álbum que definitivamente pertence a cantora M.I.A.. Para quem conhece a sua sonoridade construída ao longo dos anos irá reconhecer as principais características da artista durante todo o álbum. Entretanto, quem ouvir o álbum também irá perceber que o trabalho parece bem mais contido e minimalista sonoramente em relação ao que era esperado. E isso não é exatamente bom, mas também não é ruim. Só não é a M.I.A. que a gente realmente conhece.

A sonoridade ouvida em AIM segue a mesma cartilha daquelas vistas em ArularKala (os dois primeiros álbuns da carreira da M.I.A.): indie pop/eletrônico com fortíssima influência de vários gêneros da música "global", isto é, ritmos e batidas vindas de gêneros específicos de países que não possuem grande representatividade no mainstream globalizado. Essa característica é a principal base da sonoridade da cantora, criando uma peculiar e distinta marca que ajudou a propagar esse estilo perante um boa parte do grande público. Em AIM, porém, essa sonoridade parece reduzida como se a produção tivesse reduzido o fogo do cozimento, deixando o álbum em fogo brando e constante. Não é exatamente ruim, pois a personalidade da M.I.A está lá do começo ao fim. Entretanto, demora muito mais para quem escuta se deixar levar pelo álbum já que a urgência das suas batidas sempre tiveram não surtem o mesmo efeito, mesmo trabalhando com nomes já conhecidos pelo seu trabalho ao seu lado (Diplo e Blaqstarr), fazendo novas parcerias (Skrillex) e atuando como co-produtora de quase todas as faixas. Apesar desse tropeço na sonoridade, M.I.A. continua mostrando o seu grande domínio em escrever letras que conseguem ao mesmo tempo serem ótimas obras pop e com um engajamento sócio-político, relatando, principalmente, problemas envolvendo as sociedades de países periféricos como, por exemplo, violência, trafico e, com maior destaque, imigração. Sempre muito ousada e ácida em suas criticas/descrições, a cantora cria verdadeiras denúncias em forma de músicas que ajudam a fazer o público refletir sobre esses assuntos. Uma pena que devido a perda da força da sonoridade, as composições perdem parte da urgência que lhes são tão preciosas. Em um álbum tão linear como AIM algumas músicas conseguem se destacarem: o single Go Off, a interessante Jump In e a sua batida simples e incisiva, Foreign Friend e sua pegada soul, a dançante Talk e a ótima Visa, a que melhor representa a sonoridade da cantora. AIM não é o melhor trabalho da M.I.A., mas só por conseguir manter as suas principais características mostra que a artista ainda tem muito o que dizer. Só precisa reencontrar o seu caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada supera (ainda) o "Matangi". Só espero que ela mude de ideia e continue com a carreira musical, já que a mesma disse q esse é o seu último disco.