7 de outubro de 2016

Primeira Impressão

The Divine Feminine
Mac Miller


O álbum The Divine Feminine do rapper Mac Miller pode ser considerado o melhor álbum de 2016 que você provavelmente não vai escutar. E isso não é exatamente uma coisa ruim, pois ajuda a transformar o trabalho em um candidato a possível clássico cult nos próximos anos.

O grande diferencial de The Divine Feminine é o seu teor temático, pois é o responsável por fazer o trabalho se destacar tão positivamente. A principal linha temática do álbum é uma espécie de ode a mulher, mas, completamente na contramão do que o rap/hip hop trata a mulher normalmente, Mac Miller exalta de maneira respeitosa e elegante, mostrando um lado seu sensível e atencioso sem perder a noção de ser extremamente atraído pelo sexo oposto. Enquanto outros rapper falam sobre "rachar a bunda em dois" de alguma garota, Mac está a procura de encontrar o clitóris e dar prazer para a amada. Parece um pouco forte a imagem, mas essa comparação é a perfeita para mostrar realmente a diferença entre tons entre outros rappers para o trabalho feito em The Divine Feminine, mesmo falando sobre sexo em vários detalhes. Em nenhum momento, porém, as letras partem para a vulgaridade explicita ou, principalmente, para o machismo. Como diz o próprio nome do álbum, a mulher é tratada como algo divino e Mac um simples mortal que precisa dessa fonte para viver, apesar de nem sempre conseguir evitar evitar enfrentar crises no relacionamento. Como o próximo Mac disse, The Divine Feminine é sobre o que ele aprendeu com as mulheres ao longo da vida e o que significou para ele. Isso é extremamente percebido ao longo das inspiradas e bem feitas letras que também ganham destaque pela qualidade lirica, mas sem nunca irem mais profundo na elaboração. Assim também acontece com a ótima sonoridade de The Divine Feminine.

Ao juntar hip hop alternativo, rap, eletrônico, jazz e uma dose cavalar de neo soul com soul inspirado nos anos setenta, The Divine Feminine entrega uma das sonoridades mais interessantes do ano e, sem nenhuma dúvida, a melhor no quesito hip hop. Mesmo que tenha seguido um caminho mais minimalista e sóbrio que poderia ter sido trabalho de uma maneira bem mais ousada, a sonoridade sexy, envolvente, revigorante, refrescante, cheio de alma e delicado sem perder a força compensa qualquer falta de um olhar intenso sobre a obra como um todo. Felizmente, o resultado final de The Divine Feminine é tão bom que é possível deixar de lado essas falhas, até mesmo o fato de Mac não ser o melhor rapper do mundo. Ele é esforçado, competente e tem personalidade distinta, mas ainda precisa de muito de arroz com feijão para ganhar a mesmo força motriz que possui outros nomes da atualidade. Mesmo assim, o rapper carrega muito bem o álbum inteiro, ajudado pelas ótimas participações (Bilal, Ariana Grande,  Ty Dolla $ign, CeeLo Green e  Kendrick Lamar) e a presença de diversas vozes femininas que trabalham como backvocais. Os melhores momentos do álbum ficam por conta das faixas Dang! (ótimo primeiro single), a provocante SkinSoulmate e sua batida dançante/sexy, a bonitinha e fofa My Favorite Part (com a sua atual namorada, Ariana) e a old fasion God Is Fair, Sexy Nasty que guarda uma surpresa ao seu final. The Divine Feminine não é um álbum que vai mudar a cara do hip hop ou será um grande sucesso, mas deve encontrar o seu lugar em um público perfeito para apreciar a sua qualidade.

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