24 de outubro de 2017

Primeira Impressão

Double Dutchess
Fergie




Todos nos temos um amigo ou amiga que a gente adora de paixão, mas, normalmente, a gente fica tentando entender algumas decisões que essa pessoa na vida. Como a gente gosta da pessoa de coração é quase impossível falar para a pessoa que a vida dessa pessoa está sendo um verdadeiro desastre de trem. Essa sensação é parecida ao ouvir o segundo álbum da Fergie: Double Dutchess é um desastre tão grande que fica até difícil de achar alguns elogios para fazer de verdade. Todavia, a Fergie é tão querida que a gente faz um esforço descomunal.

Vamos aos fatos: a carreira solo da Fergie é algo para ser estudada. Depois de ganhar destaque após entrar no Black Eyed Peas, ajudando o grupo a encontrar o sucesso, Fergie ganhou uma chance grandiosa de se tornar uma das maiores divas pop ao lançar o trabalho solo The Dutchess em 2006. Apesar de ter uma qualidade artística duvidosa não há como negar que o trabalho foi uma imenso sucesso com cerca de 8 milhões de cópias vendidas e sucessos como FergaliciousLondon BridgeBig Girls Don't Cry. Logo depois, Fergie voltou ao grupo, continuando o ciclo de sucesso do grupo, especialmente com o hit I Gotta Felling em 2009. Depois do hiato do grupo em 2010, o que seria esperado é que a cantora voltaria com a carreira solo, aproveitando todo o hype nos anos anteriores. Nada disso aconteceu, porém, já que a cantora meio que sumiu dos radares. Entender a pausa para cuidar da família até consigo entender, mas, sinceramente, foram onze anos entre o primeiro álbum e esse segundo que realmente nada explica bem esse imenso hiato. Esse tempo não foi benéfico para a Fregie já que o mercado fonográfico mudou completamente e a sua imagem meio que ter ficado datada, apesar da cantora ainda ter um carinho bem grande público em geral. E para piorar a cantora vem trabalhando nesse comeback desde 2014 sem conseguir acertar em nenhuma das canções lançadas desde então e, para piorar, o resultado final desse trabalho é um Frankenstein sonoro que quase enterra qualquer chance da Fergie voltar ao sucesso comercial.

Double Dutchess é um álbum pop comercial/conceitual que erra em não ser pop de verdade, muito menos comercial e nada conceitual (lançar clipes de cada faixa não é ser conceitual). Atirando para todos os lados sem nunca acertar nenhum alvo, Double Dutchess tenta a todo custo dá para Fergie um verniz moderno a todo custo, mas não esquece a sonoridade ouvida no primeiro álbum, querendo tentar atrair um novo público sem alienar o já conquistado. A produção não sabe o que fazer na verdade com todas as ideias agrupadas no álbum e ainda criar um álbum para agradar a todos o que custa pesadamente a qualidade final. Para piorar o resultado final: algumas canções parecem que foram feitas no automático ruim como é o caso da irritante Just Like You, a vergonhosa Enchanté (Carine) e a péssima Love Is Blind. A gente fica pensando que com tanto tempo preparando o álbum ninguém ouviu essas canções e pensou: "uhum, acho que essas canções não tem muitas qualidades, talvez seria melhor reproduzi-las ou eliminar mesmo!". Sinceramente, ouvir essas canções é um esforço quase físico e deve agradar apenas fãs bem hardcore da Fergie. Mesmo cercada de bons produtores nada parece realmente funcionar direito aqui até naquelas que tem alguma qualidade verdadeira. Sonoramente, o álbum mistura vários elementos que vão do dance-pop, EDM, hip hop, reggae e outros gêneros, mas em nenhum sabe o que fazer com isso. O elogio que se pode fazer em Double Dutchess é a presença da própria que vocalmente faz o que pode com um material tão ruim como esse. Não existe nenhuma canção boa de verdade, mas aquelas que ganham algum destaque são You Already Know em que a Nicki Minaj rouba a cena, a esquisita e divertidinha M.I.L.F. $Save It Til Morning que parece uma continuação de Big Girls Don't Cry e a legalzinha Tension. Double Dutchess está quilômetros luz do verdadeiro potencial da Fergie e, principalmente, do carinho que o público sente pela cantora.

Um comentário:

lucas lopes disse...

Disse tudo!!!! Uma pena. Mas Life Goes On, pra mim, é um sopro de alívio.