28 de outubro de 2017

Primeira Impressão

Tell Me You Love Me
Demi Lovato


Precisa ser muito hater para não conseguir reconhecer a evolução da Demi Lovato. De todos os artistas que surgiram depois dos anos dois mil e estavam no mesmo nicho (ídolos teens de canais infanto-juvenis) é a da cantora a melhor carreira até agora, principalmente nos últimos anos. Depois de viver sérios problemas pessoais e precisar quase que recomeçar, Demi parece ter encontrado perfeitamente a sua voz como artista. Depois do ótimo Confident, Demi continua a mostrar a maturidade adquirida e, dessa vez, adiciona uma boa dose de ousadia ao se arriscar sonoramente com o lançamento de Tell Me You Love Me.

O primeiro e mais fácil de observar ponto de evolução são os vocais da cantora. Claro, Demi ainda sofre do problema de oversinging, isto é, exagerar em momentos que não era preciso os malabarismos vocais, mas o que a cantora entrega aqui é puramente o resultado de um trabalho árduo e longo de aprendizado. Usando o talento natural que ela possui, mas sabendo melhor como usar o potencial da sua voz e todas as suas nuances, abrindo o caminho para se tornar uma das melhores vozes do atual pop. Essa mudança é a responsável por Demi em entregar performances incríveis como em You Don't Do It For Me Anymore. Felizmente, a cantora não apenas evolui nesse requisito, pois a Demi de Tell Me You Love Me é uma artista completamente diferente em relação aos seus primeiros álbuns.

Obviamente, a jovem tem hoje 25 anos e seria estranho manter a mesma sonoridade de antes, mas a evolução que a fez chegar aqui foi um processo gradativo, lento e muito bem pensado de transformação. Nada parece forçado nessa evolução ou algo planejado apenas para a cantora soar como um adulta. Longe disso, pois a sonoridade ouvida no álbum é algo tão natural e bem colocado que, na verdade, parece que a cantora sempre teve essa imagem de tão orgânico que é ouvir Tell Me You Love Me. Após encontrar o seu caminho com o álbum anterior, Demi resolveu arriscar ao mudar as bases principais da musicalidade do novo álbum, deixando de lado o pop mais contemporâneo e se entregando ao um pop voltado para o R&B moderno e urbano. A mudança é significativa e poderia dar muito errado, mas o resultado final mantém a consistência e qualidade que Demi alcançou nos últimos anos. Os riscos tomados são compensados pela ótima produção de todo o álbum, a variedade musical e de estilos em cada canção, o belo verniz comercial dado para as faixas e a presença marcante de Demi em cada canção. O problema aqui é que algumas canções tem uma realização um pouco segura demais dentro do que a produção do álbum constrói como é o caso de Only ForeverLonely com a presença do Lil' Wayne e Games. Boas canções, mas que você fica meio que esperando o seu clímax e ele parece que não chega devido a pequenos problemas. Nada disso impede, porém, Demi voar bem em canções como a que nome ao álbum Tell Me You Love Me, Sexy Dirty Love, na divertidíssima Daddy Issues, a sensual Ruin the Friendship, Cry BabyHitchhiker. Quem diria que aquela irritante princesinha da Diney poderia se tornar essa mulherona da porra, consolidando o seu nome como um das melhores do atual pop? Coisas que só acontece no mundo pop.

Um comentário:

G. RLS disse...

Só precisa evoluir tbm no palco, as apresentações/performances estão muito "mornas", como no EMA e no AMA... Falando em AMA, uma das homenageadas foi Diana Ross, seria incrível um " Passando a Limpo" da carreira dela...