7 de janeiro de 2016

Antes Tarde do Que Nunca

Hoje o blog estreia um espaço novo: o Antes Tarde do Que Nunca. Como vocês podem ter notado, nem sempre é possível analisar muitos álbuns, pois todo o conteúdo do blog é feito apenas por mim. Por isso, eu criei esse espaço para dar chances de falar sobre aqueles trabalhos que não tiveram a chance de aparecer aqui antes. O primeiro deles é um trabalho do ano passado que pode ser classificado como inusitado.


1989
Ryan Adams



Um artista regravar uma música de outro artista é algo extremamente comum. Fazer um álbum inteiro de regravações também é corriqueiro. Gravar um álbum de regravações de apenas um artista é menos comum, mas exitem vários exemplos. Entretanto, um artista regravar um álbum inteiro é um fato muito raro, ainda mais quando os dois artistas são tão diferentes quanto o roqueiro Ryan Adams e a cantora Taylor Swift.

Conhecido por ter sido vocalista da banda Whiskeytown, Ryan tem uma longa carreira solo com quinze álbuns lançados desde 2000. Mesmo seguindo um estilo rock alternativo com rock country, o cantor começou a ouvir o álbum da Taylor após o fim do casamento com a cantora/atriz Mandy Moore. Admirado com o trabalho, Ryan resolveu, então, realizar um projeto: regravar todo 1989 da sua maneira. O mais curioso e surpreendente é que Taylor liberou, indo de contra a política dela de proibir qualquer coisa com a sua música. Dessa maneira, surgiu o 1989 de Ryan Adams que consegue ser, ao mesmo tempo, melhor que o original e ter tantos defeito como o mesmo.

1989 é uma estranha e inesperada mistura de rock e country alternativos que ecoam uma sonoridade feita nos anos setenta e meados dos anos oitenta. Tudo poderia até soar normal, mas há um grande problema: nem todas as produções acertam o tom para a recriação de todas as músicas. E quando eu escrevo recriação, podem acreditar que todas as canções de 1989 foram realmente reconstruídas em todos os detalhes indo dos seus arranjos, as suas atmosferas e, em alguns casos, pequenas partes das letras. Enquanto em alguns casos como na ótima versão de This Love, a transformação funciona, não apenas criando uma nova canção, mas dando um toque realmente original para a faixa. Já em outros casos como em Shake It Off as coisa não se acertam, pois a produção quer fazer algo tão "indie" que transforma a faixa em algo tão pretensiosa como a original. Outro problema que o álbum revela é a confirmação de quanto Taylor é fraca como compositora. Apesar de elogiada por muitos, as letras da cantora não fazem uma transição tranquila para as versões de Ryan: falta substância para dar quanto da profundidade pedida pela sonoridade construída aqui. A voz de Ryan consegue ser, ao menos, a cola que une as pontas soltas e dá mais intensidade para aquelas músicas que deram certo como nas versões de Blank Space, Style, I Wish You WouldHow You Get the Girl. Um trabalho que não deve agradar muitos, mas que merece ser redescoberto.

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