25 de janeiro de 2016

Melhores Álbuns de 2015 - Parte IV




Parte I
Parte II
Parte III


10. Eu Vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!
Johnny Hooker

"Cantor e ator, o pernambucano de 27 anos teve o primeiro grande destaque nacionalmente depois quando foi indicado o prêmio Multishow de música em 2011. Em 2013, Johnny participou do filme Tatuagem e ano passado da novela Geração Brasil. Em ambas havia canções dele na trilha sonora. Esse ano, o cantor lança o seu primeiro álbum sob a alcunha de Johnny Hooker já que o álbum anterior (Roquestar) foi com o nome de Johnny & The Hookers. Eu Vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito! é a prova que ainda existe vida inteligente fora do mainstream brasileiro sem precisar apelar para o pedantismo ou a chatice da concepção de que MPB é apenas bossa nova. O trabalho é uma rica e magnética mistura de rock nacional com MPB, blues, música latina, um pouco de samba e axé envernizado com o melhor da música "brega" nacional. Sim, música brega, mas não essa que ouvimos hoje. A música "brega" que me refiro é aquela de nomes como Waldicj Soriano, Nélson Gonçalves e de vários outros que estouram nos anos oitenta. (E, para quem já tem algum preconceito, eu peço que pesquise a importância desses nomes para a música no Brasil.) Porém, Johnny e a produção primorosa do álbum não deixa a sonoridade soar datada devido a suas referências, mas Eu Vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito! resulta em uma sonoridade atual reverenciando os originais. Boa parte disso também vem do fato da mistura com outros nomes do MPB especialmente Cazuza e Ney Matogrosso."


9. The Blade
Ashley Monroe

"Menos melancólico e poético em relação a Like a Rose de 2013, o novo álbum da Ashley é uma obra sóbria, refinadíssima e lindamente trabalhada. Flertando seriamente com o rock e um country bem "old school", The Blade tem em sua sonoridade bem estruturada e instrumentalização simples a sua viga primaria para o seu resultado sensacional. Construir uma sonoridade "inovadora" é até fácil, pois produtores com muita criatividade conseguem em um piscar de olhos, mas entregar algo tradicional sem soar datado é um trabalho incrivelmente difícil. Os produtores Vince Gill (lenda do country americano) e Justin Niebank executam com perfeição essa tarefa em um álbum extraordinário, especialmente o seu terço final com as músicas Dixie, If the Devil Don't Want Me, Mayflowers e I'm Good At Leavin'."


8. Vulnicura
Björk

"O álbum reflete o momento em que a cantora passou recentemente: o fim do casamento com o artista Matthew Barney. Por isso, Vulnicura é um álbum sobre desilusão do "fim do amo", mas, sendo da Björk, espere algo metafórico, enigmático e pensadamente exótico. Só que dessa vez a maioria das letras são mais identificáveis, isto é, está mais fácil entender o que a cantora está falando e, consequentemente, o público em geral se identificar com a mensagem da canção. No alto do seus 49 anos, Björk mantém intacta sua voz com as mesmas qualidade de sempre: o tom fantasmagórico/fantasioso, a versatilidade em transitar por lugares inesperados e, curiosamente, o fato dela abraçar com força o seu sotaque pesadíssimo utilizando para dar forma a suas interpretações. O grande momento de Vulnicura, em todos os sentidos, é a faixa Black Lake, um delírio de 10 minutos que prende a atenção do começo ao fim e ainda deixa uma sensação de quero mais no final. Ame ou odeie, mas é impossível não deixar de ficar passível diante da música da Björk sendo o que ela é."


7. The Original High
Adam Lambert

"Não bastasse a evolução sonora, Adam está no seu melhor momento como vocalista. Conhecido por ser dono de uma das maiores vozes do mercado americano, o cantor descoberto no American Idol lapidificou o seu instrumento mantendo velhas e boas qualidades e criando novas. O Adam de The Original High está muito mais contido do que em seus outros trabalhos. Não há acrobacias vocais mirabolantes. Todo o poder vocal é utilizado com inteligência para cumprir o seu papel dentro das músicas. O brilho de Adam vem da sua maturidade em dominar as canções mais "agitadas" e saber como deixar suas interpretações delicadas e emocionantes sem perder a sua personalidade vocal "maior que a vida""


6. The Desired Effect
Brandon Flowers

"The Desired Effect é uma grande, divertida e graciosa reverência a música dos anos oitenta indo do pop até o rock passando pelo vários dos seus subgêneros. Apesar dessa atmosfera menos "pesada", a espetacular produção de Ariel Rechtshaid se une com a consolidada sonoridade de Brandon (que também serve de produtor) para entregar canções construídas em bases instrumentais pomposas que beiram o exagero, mas que são pretensiosamente feitas dessa maneira para criar uma áurea de que realmente saíram de alguma mixtape (igual no filme Guardiões da Galáxia) diretamente dos anos oitenta. Assim como as roupas que pareciam luzes de neon, The Desired Effect é chamativo, ousado e de um brega convidativo. Envolvente do começo ao fim, o álbum parece que vai estourar de tantas referencias e algo vai desandar. Felizmente, a costura feita é impecável ligando cada elemento em face de criar uma obra coesa e maior do que alguns defeitos encontrados no caminho. Transitando entre aquele carga emocional que sempre esteve presente nas suas canções que são quase pequenos "contos" sobre as suas reflexões sobre o amor e a vida e a capacidade de criar hinos para fazer multidões cantarem em estádio, Brandon transmite aquela sensação de estar sempre em procura das respostas para o que é "viver". Dessa maneira, The Desired Effect se aproxima aos filmes de John Hughes como Gatinhas e Gatões, A Garota de Rosa Shocking, Curtindo a Vida Adoidado e, o meu preferido, Clube dos Cinco em que há sempre no ar o questionamento: quem somos? Por isso, o álbum toca de verdade, mas sem perder a essência de ser entretenimento. Para segurar o impacto que The Desired Effect constrói não há melhor mestre de cerimônias que o Brandon Flowers com a sua personalidade artística "maior que a vida" e a magistral voz atemporal."

Um comentário:

christine blog disse...

Jota se você puder um dia fazer uma resenha, ou faixa a faixa, do álbum Blaster de Scott Weiland & the Wildabouts ficaria agradecida.