2 de dezembro de 2018

Primeira Impressão

Caution
Mariah Carey





Uma verdade sobre a Mariah Carey que precisa ser entendida por aqueles que gostam do mundo pop: a cantora não está nem aí mais para fazer sucesso comercial. Claro, ninguém quer ver um projeto não ter o reconhecimento do público, mas, no caso de MC não importa mais o número de downloads/streamings dos álbuns, a opinião da critica e as posições nas paradas dos singles. Depois de décadas no topo da música que conta com vendagens que transitam entre 175 e 200 milhões de cópias e dezoito números um na Billboard, Mariah chega ao seu décimo quinto álbum completamente plena de que, além de não precisar mais provar nada, chegou ao um patamar que pode fazer o que bem entender na sua música que irá contar com o sólido exercito de fãs fieis para dar apoio. Então, esperar que Caution seja um trabalho que irá fazer a cantora voltar ao topo do mainstream é uma ilusão. O que a cantora entrega, na verdade, é uma celebração do seu poder em fazer o que quiser sem medo. O resultado não é sensacional, mas tem uma sinceridade artística deliciosamente ao estilo da Mariah. 

Caution não apresenta nada exatamente novo sob o Sol na sonoridade de Mariah, pois é um bem produzido trabalho de R&B/pop com uma pegada mais discreta e "laidback" que está no meio do caminho entre a sonoridade de mid-tempo de Charmbracelet e a efervescência contida do E=MC². Entretanto, o novo álbum tem uma atmosfera completamente diferente que o dá personalidade única na discografia da cantora. O principal componente dessa atmosfera é a atitude mais diva do que nunca, mas, principalmente, completamente relaxada e sem nenhuma preocupação sobre se as pessoas irão gostar ou não do trabalho. Essa não tão nova atitude de Mariah é essencial para o álbum, pois dá estofo para que as canções ganhem vida independente da qualidade artistas de cada uma. Dona de si e aprendendo a lidar com o novo alcance da sua voz, Mariah esbanja carisma em cada performance, fazendo cada canção um trabalho que parece que apenas a cantora poderia carregar. Isso mostra o quando segura está a cantora sobre a sua arte, deixando quem ouve confortável para se deixar levar pelo trabalho, mesmo que a sonoridade não seja exatamente um grande mérito sozinha.

Com dito anteriormente, Caution é  um trabalho R&B/pop que fica dentro do escopo da sonoridade que a Mariah já fez ao longo dos anos, principalmente a partir do final dos anos noventa e começo dois mil. Só que a pegada aqui combina com a imagem da cantora no álbum, mas, infelizmente, não funciona quando analisada separadamente. Uma coleção de batidas com cadencias lentas, um pouco arrastadas e que soam muito parecidas, mesmo com produtores diferentes. O que faltou, na verdade, foi dar clímaces para elevar as faixas, pois tudo soa muito linear e um pouco desanimado. Não é exatamente ruim, pois, como já ressaltado, a produção é de uma qualidade técnica excepcional. Entretanto, a união de nomes como DJ Mustard, Jermaine Dupri, Skrillex, Timbaland, entre outros era esperado algo bem mais excitante sonoramente. Quando a sonoridade vai para um caminho mais "animadinho", Caution melhora consideravelmente e entrega os seus melhores momentos: a batida gostosa de A No No lembra a divertida Crybaby do álbum Rainbow, The Distance é um exemplo do poder do carisma imenso da cantora, Giving Me Life é a faixa mais ousada com a sua batida pop soul/funk e mais de seis minutos de duração e, por fim, a baladinha dramática Portrait fecha bem o trabalho, lembrando um pouco a old Mariah para aqueles saudosos. Sem precisar ser aquele arrasa quarteirão de outrora, Mariah mostra que é possível uma grande diva viver no presente e com prestígio renovado. 

Um comentário:

lucas lopes disse...

É como eu tivesse feito essa resenha. É exatamente o que penso. Mas uma adendo: me incomoda fato dela cantar sempre em sussurros e falsete.