10 de dezembro de 2018

Primeira Impressão

Forever Neverland



Aprendi aqui no blog que é necessário esperar o inesperado e nunca julgar um livro pela capa. Mesmo assim ainda existe momentos que tenho ideias preexistentes sobre um determinado álbum devido as impressões já construídas anteriormente. E é ótimo que isso aconteça, pois quando vem o baque de ouvir o álbum e ser algo completamente diferente reaprendo a como devo me comportar nessas situações. Quando a o tapa na cara é uma surpresa tão boa como Forever Neverland da MØ é ainda melhor.

Karen Marie Aagaard Ørsted Andersen, nome verdadeiro da MØ, vem conquistando o seu lugar ao Sol nos últimos anos ao participar de algumas canções de sucesso, principalmente de Lean On do Major Lazer, construindo uma base sólida de fãs. Aliando-se a isso está o lançamento do seu primeiro álbum, o bom No Mythologies To Follow. O que problema, porém, era o fato da cantora parecia presa a uma sonoridade vendável, mas que não dava muito espaço para evolução artística. Entretanto, MØ conseguiu quebrar essa barreira em Forever Neverland, pois o álbum é o passo a frente que a cantora precisa para mostrar para o que veio de verdade, solidificando o seu lugar no atual cenário pop.

Tecnicamente, Forever Neverland é, assim como os trabalhos anteriores da cantora, uma mistura de EDM com electropop e pitadas de indie pop aqui e ali. Nada de novo ou excitante na base da sonoridade, mas a grande sacada da produção geral é incrementar com camada e batidas mais substâncias nas canções para dar mais força estrutural para as mesma. E a principalmente mudança e que é o grande achado para a sonoridade do álbum: sai aquela sensação de melancolia com batidas mais lentas e entra uma atmosfera mais "alegrinha" e com batidas dançantes. Isso pode até parecer uma alteração boba e corriqueira, mas, querido leitor, nem sempre o que falta para um artista é algo extraordinário e, sim, algo tão comum como fazer as canções pop mais dançantes. Claro, as canções ainda estão mais para mid-tempo do que para uptempo, mas o fato é que as batidas estão no ponto certo para conseguir elevar a sonoridade da MØ como é caso da deliciosa Way Down e o seus toques orientais e a parceria com o Diplo na divertida Sun In Our EyesOutra qualidade de Forever Neverland é a sua fluidez e coesão que a produção dá para o álbum. Trabalhando com o verdadeiro quem é quem do electropop/EDM atual como é caso do já citado Diplo, além de nomes como What So Not, StarGate, Illangelo e o pouco conhecido Stint como principal nome ao ficar a cargo de dez das faixas, MØ soube como se manter relevante com o atual momento ao mesmo tempo que se mostrou que consegue manter a sua personalidade e, como já apontado, demonstrar evolução verdadeira. E não é só aqui que a cantora evolui.

Ao fazer a resenha do primeiro da cantora notei que "mesmo permeado de boas composições falando, basicamente, de amor de maneira inteligente e refinada, MØ ainda precisa de mais urgência em suas composições." Apesar de não ter alcançado essa urgência, Forever Neverland deixa claro o amadurecimento da cantora, conseguindo entregar letras com substância artística, emoções genuínas e personalidade própria. Esse é caso de uma das melhores faixas: Nostalgia é uma surpreende e inspirada crônica sobre aquilo que deixamos para trás com uma construção sonora e, principalmente, lirica excepcional que a transforma em um verdadeiro "musicão da porra". MØ fecha o pacote com a sua presença vocal que transita muito bem com o seu timbre limpo, delicado e com algumas nuances distintas, mas sabendo como colocar essas qualidades da melhor maneira possível. Forever Neverland, porém, não é perfeito, pois apresenta um número um pouco alto de fillers e desperdiça a presença da Charli XCX na decepcionante If It's Over e termina de forma mediana com a dispensável Purple Like the Summer Rain. Todavia, o álbum compensa com momentos sensacionais como é o caso poderosa Mercy com a presença de What So Not e Two Feet. Outros momentos de destaque são a eletropop quase tropical de I Want You, Blur e a sua atmosfera quase indie rock, a carismática Beautiful Wreck e a dançante e sensual Red Wine. O melhor de ouvir Forever Neverland é relembrar para sempre deixar a mente aberta para se deixar surpreender, pois nunca se sabe quando algo de bom vem por aí.


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