16 de novembro de 2025

Primeira Impressão

Veronica Electronica
Madonna



Um dos projetos mais “lendários” no quesito de ser uma história perdida no tempo, o álbum remix de Ray of Light, anunciado na época do lançamento do disco original como uma peça complementar, finalmente veio à luz do dia em 2025. Veronica Electronica é um testemunho da grandiosidade do magnum opus de Madonna, já que boa parte de sua qualidade vem exatamente do material original.

Com sete remixes e uma canção demo não incluída no álbum principal, a coleção é um trabalho curioso que não faz exatamente justiça ao material em que se baseia — principalmente por não alcançar o mesmo nível artístico e criativo — mas também não faz feio, graças a algumas boas ideias por trás. O grande trunfo do álbum é ter como base a genialidade das canções de Ray of Light para construir novas visões, criadas diretamente por produtores de música eletrônica que eram o suprassumo do gênero na época, já que todas as faixas foram gravadas entre 1997 e 1998.

Isso se reflete no estilo de remix encontrado aqui que, ao contrário do que se faz atualmente, apresenta trabalhos verdadeiramente reimaginados: faixas reconstruídas com camadas de house, EDM, trance, progressive e, claro, o bom e velho eletrônico. Há um leve cheiro de naftalina aqui e ali, mas é inegável que a arte de remixar — tal como era feita — parece um pouco perdida, e poder ouvir algo saído diretamente da era do seu ápice é sensacional e nostálgico.

O grande ponto, como já citado, é que, quando se tem originais tão extraordinários, fica difícil estar no mesmo nível. Assim, Veronica Electronica se revela um trabalho de ótima intenção, mas de realização menos espetacular. Quando a produção compreende plenamente o que tem em mãos, o álbum brilha — como no remix de Skin, “trabalhado pelo falecido DJ Peter Rauhofer, sob a alcunha do projeto The Collaboration”. A canção se torna uma excitante e nostálgica recriação ao adicionar uma carga pesada de progressive trance à sensualidade elétrica da versão original, sem, no entanto, perder sua essência.

Outro ótimo momento vem logo no início, com o remix enxuto e criativo de Drowned World / Substitute for Love, subtitulado BT & Sasha's Bucklodge Ashram New Edit. Também se destacam as adições sonoras em Frozen (Widescreen Mix and Drums), que complementam bem a sonoridade original. É curioso notar que um dos melhores momentos do álbum é justamente a inclusão da demo inédita Gone Gone Gone — que não está à altura de Ray of Light, mas deixa clara a ideia de que, se tivesse sido finalizada, poderia ter sido outro grande acerto.

Veronica Electronica é um pequeno pedaço da história de Madonna que poderia ter permanecido apenas no reino da lenda — mas, felizmente, tornou-se realidade.

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