24 de setembro de 2014

Primeira Impressão

Partners
Barbra Streisand



Sempre leio ou ouço um monte de fãs de diversas cantoras elogiando as suas "ídolas" com adjetivos que, basicamente, colocam a cantora como "a maior diva" de todos os tempos. Compreendo todo o amor que os fãs têm pelas suas artistas favoritas, mas, sinceramente, vejo que falta muito discernimento nas cabecinhas de pessoas tão facilmente envolvidas por qualquer coisa que seus ícones fazem. Na verdade, eu tenho certa preguiça de quem não sabe diferenciar gosto pessoal de reconhecimento merecido. Antes de chamar qualquer uma por aí de "diva" ou "derrubadora de forninhos" tenha em mente que existem outras cantoras que fazem isso, provavelmente, cem vezes melhor e há muito mais tempo. E, claro, há a Barbra Streisand, isto é, ela está acima de todas as outras cantoras. Uma das artistas mais importantes de todos os tempos em qualquer área do entretenimento, Barbra está lançando o seu trigésimo quarto álbum em quase sessenta anos de carreira. Intitulado Partners, o projeto marca a união de Barbra com alguns dos melhores cantores (apenas homens) da atualidade e de todos os tempos revisitando algumas de suas maiores canções acompanhando com novas regravações de canções de sucesso.

Partners mostra, como de costume, a qualidade insuperável e insubstituível de Streisand a frente de seus projetos: assim como em todos os seus álbuns até hoje, Partners foi totalmente gravado com a presença de uma orquestra completa ao vivo, isto é, enquanto os artistas cantavam a orquestra acompanhava mutuamente. Com toda essa estrutura, o álbum ganha muita substância com as suas inescapáveis instrumentalizações exalando do começo ao fim a personalidade artística de Barbra. Apesar de quase beirar a perfeição a produção do álbum comete dois erros que impedem Partners de ser tecnicamente genial. O primeiro é a nova roupagem para um dos maiores clássicos da cantora, a canção The Way We Were. Ao lado de Lionel Richie, o tema do filme Nosso Amor de Ontem ganha uma roupagem com toques de R&B e uma cadência mais rápida que a original que, infelizmente, não funciona tão bem como em People, outra regravação de um clássico da cantora que traz a presença de outra lenda da música Stevie Wonder. O outro "problema", se podemos chamar assim, é o fato da escolha das canções que fazer parte do álbum ser extremamente segura e sem nenhuma ousadia se baseando, como dito anteriormente, em sucessos de Barbra ao longos das décadas. Então, "o toque de modernidade" vem da seleta lista de convidados em Partners.

Há os nomes de peso como os já citados Lionel e Stevie assim como Billy Joel, Andrea Bocelli, Babyface e Elvis Presley (gravação autorizada pelos donos do espolio do cantor), mas as surpresas ficam por contas das boas adições de artistas contemporâneos. Com John Mayer e sua guitarra surge uma versão blues/rock para Come Rain or Come Shine. John Legend empresta a sua sensibilidade e voz magnifica para What Kind of Fool. Usando a áurea country de Blake Shelton, I'd Want It to Be You se torna uma canção diferente do que a cantora já fez. Somewhere tem a presença do sensacional Josh Groban. Porém, as duas melhores faixas vêm de nomes que era esperada grandes momentos e assim acontece: ao lado do próprio filho Jason Gould em How Deep Is the Ocean e abrindo o álbum em grande estilo com o Michael Bublé em It Had to Be You. Contudo, quem brilha acima de todos, e não poderia ser diferente, é Streisand. Mesmo a sua voz não tendo a potencia do auge da carreira, a cantora de 72 anos de idade ainda mantém quase intacta as suas maiores qualidades que a fizeram ser uma das maiores cantoras de todos os tempos em performances sempre incontestavelmente perfeitas. Em tempo: para corar ainda mais sua carreira, Partners chegou ao primeiro lugar da Bilboard com a vendagem de 196 mil cópias fazendo Barbra a única pessoa a colocar ao menos um álbum no topo da parada em seis décadas diferentes. Então, se vocês chamam qualquer uma de diva está na hora de rever seus conceitos, pois Barbra Streisand "samba" na cara de todas com força há década, não destruindo, mas pulverizando "forninhos" com a sua "lacração" infinita.

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