28 de setembro de 2014

Primeira Impressão

Cheek to Cheek
Tony Bennett & Lady Gaga




Tenho certeza que muitos, se não foi a maioria, de pessoas que não gostam da Lady GaGa vai "virar a cara" para o novo trabalho da cantora por causa do simples e pura implicância com a "mãe monstro". Já aqueles que não problema com a cantora, mas não são exatamente os "pequenos monstros" podem "virar a cara" para a parceria de GaGa com a lenda Tony Bennett por causa do estilo que o álbum segue: o mais puro jazz, intitulado por aqueles que acham que música deve ser apenas as batidas pop/eletrônico como, no minimo, tedioso. Para esses dois grupos apenas digo apenas que eu tenho pena de vocês, pois estão perdendo um trabalho realmente bom em Cheek to Cheek.

A grande qualidade de Cheek to Cheek é o que o mais complicado de acertar quando dois artistas combinam forças para realizar para um trabalho como esse: a química entre os dois participantes. Tony e GaGa mostram uma sintonia perfeita desde o primeiro momento do CD com a ótima regravação de Anything Goes. Provavelmente, essa identificação entre os dois artista vista primeiramente em The Lady Is a Tramp, foi o responsável para que a inusitada parceria acontecesse. Ao longo de todo o álbum essa simpatia mutua ajuda a construir a perfeita atmosfera para que os dois "joguem" um com o outro casando suas vozes em harmonias extraordinárias. Só que isso não seria possivel sem que dois cantores entregassem o seu melhor. Apesar de que em vários momentos GaGa parecer forçar demais a sua voz para mostrar versatilidade, a cantora comprava que não é apenas uma simples cantora pop e tem o talento suficiente para sair da sua zona de conforto e mostrar todas as cores e texturas da sua voz. O grande responsável para esse empurrão é Tony. Aos 88 anos de idade e com uma disposição de deixar jovens cantores comendo poeira, Tony ainda possui o mesmo frescor de inicio de carreira apenas recado com as décadas de experiência e sabedoria de quem dedicou uma vida a música. O peso da idade é até sentido aqui é acolá, mas nunca Tony deixa transparecer qualquer sinal de cansaço e, assim como um bom mestre, conduz sua parecera de maneira elegante deixando que GaGa brilhe sem que apagar o seu próprio.

A produção também é impecável entregando instrumentalizações sensacionais para cada faixa. A aposta por dar um toque mais "acústico" e valorizar os vocais é outro acerto, pois deixa espaço para os dois cantores performarem sem amarras. Porém, assim como no álbum de Barbra, faltou ousadia nas escolhas das músicas. Cheek to Cheek é um desfile de grandes canções do cancioneiro tradicional americano que já foram revistadas dezenas de vezes, inclusive por Tony. Alguns rumores antes do lançamento do álbum indicavam que GaGa teria escrito músicas para o álbum, mas que não se concretizaram. Isso daria para Cheek to Cheek uma cara mais "modernete". Felizmente, Cheek to Cheek é um trabalho que supera essa falha com folga entregando momentos geniais como em Nature Boy, Cheek to Cheek, But Beautiful, Sophisticated Lady (com Tony sozinho) e Bang Bang (My Baby Shot Me Down) (com GaGa sozinha). Claro, a união dos dois é uma porta aberta para os fãs de ambos conhecerem os trabalhos de cada uma, além de também poder incentivar a parceria de outros artistas. Cheek to Cheek é, acima de tudo, a celebração da boa música feita por dois artista tão diferentes que mostram que música é atemporal.

Um comentário:

Ronne Wesley disse...

Mesmo não achando o álbum tudo isso, fiquei até surpreso.

Jota,

Você poderia fazer um especial "primeiras impressões" para outros álbuns nacionais maravilhosos lançados em 2014 como o "Vista Pro Mar" do SILVA, "Rainha dos Raios" da Alice Caymmi e "Banda do Mar" (homônimo). Só pra citar alguns exemplos.

Grande abraço.