19 de novembro de 2017

Primeira Impressão

The 1st
Willow



Em 2010, Willow Camille Reign Smith ou apenas Willow, filha dos atores Will Smith e Jada Pinkett Smith, fez história ao lançar o sucesso inesperado de Whip My Hair com apenas 10 anos de idade. Ao longos dos sete anos,Willow foi transformando de uma promessa pop para um artista com uma pegada bem alternativa. Com 17 anos e um álbum já lançado (Ardipithecus), a jovem parece que encontrou o seu caminho ao lançar o surpreendente The 1st.

Quem não escutou nada que a jovem fez após o seu começo irá levar um susto com o que vai ouvir em The 1st. Caso ouça sem ninguém falar que é a filha do Will Smith nunca irá passar pela mente quem é a artista em questão. O álbum está anos luz de qualquer comparação com Whip My Hair, exceto pela presença da mesma cantora. Ou nem isso podemos dizer exatamente. A artista em The 1st é uma persona que apesar da pouca idade parece ser bem mais velha e sábia que muitas cantoras nos seus trinta e poucos. Começa pelo fato de Willow ir em direção a uma sonoridade bem crua, orgânica e artística, beirando quase uma construção experimental. Com alguns minutos ouvindo a incrível faixa que abre o álbum (Boy) fica fácil notar qual a influência central da sonoridade da jovem: um estilo singer-songwriter feminino indie pop/R&B que emoldura o que nomes parecidos fizeram nos anos noventa como, por exemplo, Alanis Morissette (mais precisamente em Supposed Former Infatuation Junkie), Tori Amos e Fiona Apple. Além disso, a sonoridade em The 1st também tem toques de Joni Mtchell e Kate Bush em alguns aspectos. Madura, muito bem conduzida e de uma uma sensibilidade musical impressionante, The 1st é um álbum de uma artista que, ao mesmo tempo , ainda está se descobrindo e não tem medo de quem quer ser. Willow parece completamente desprendida da noção de querer sucesso comercial e muito menos de aceitação da critica. A jovem coloca a sua musicalidade em primeiro lugar. 

Ainda assim, The 1st soa um pouco forçado na sua vontade de encontrar o seu nicho, colocando Willow em um lugar em que a mesma parece pertencer, mas que ainda parece ainda não estar totalmente confortável. Essa noção é melhor sentida nas suas composições: inteligentes, articuladas, bem escritas e que constroem imagens bonitas, mas que não se aprofundam nas suas próprias ideias. Falta para a jovem a noção de que uma composição são mais que belas imagens e, sim, belas imagens que conseguem ir no sentimento mais profundo de quem ouve ao encontrar verdadeira ressonância para quem ouve. Não é ruim no final das contas. É apenas um empecilho que pode ser contornado. O que não precisa melhor, mas, sim, apenas refinar, é a voz de Willow: não apenas pelo seu belo e distinto timbre e, principalmente, pela sua capacidade de entregar performances ricas em nuances e de uma versatilidade assustadora, lembrando o que a Kate Busk realiza. Quem diria que aquele menininha poderia crescer e desenvolver um talento tão precioso como Willow mostra em The 1st. Além da canção já citada, as melhores faixas do álbum ficam por conta And ContentmentIsraelA Reason e Romance. É mais do que interessante ouvir uma artista tão jovem e que poderia ir para um caminho fácil não querer trilhar essa jornada para começar a se tornar uma artista como a que Willow parece que pretender ser. É, na verdade, revigorante e faz a gente acreditar que nem tudo está perdido.

Um comentário:

G. RLS disse...

Eu sinto q ela pode se tornar uma grande artista !! Adorei essa sua definição: "uma composição são mais que belas imagens e, sim, belas imagens que conseguem ir no sentimento mais profundo de quem ouve ao encontrar verdadeira ressonância para quem ouve."