5 de janeiro de 2019

Primeira Impressão

Ambulante
Karol Conka



Posso afirmar que, sem nenhuma dúvida, que a rapper Karol Conka é uma das melhores artistas surgidas na última década no Brasil. Dona de uma personalidade única artisticamente e na vida, Karol entrou no seleto hall de nomes importes do mainstream nacional chutando a porta sem ter medo do que parte do público conservador e preconceituoso irá achar da sua presença. Inspirador e revigorante, Karol chega ao seu segundo álbum não precisando provar mais nada para ninguém. E essa característica é ótima, mas não impede da rapper dar uma boa derrapada em Ambulante.

É necessário dizer que essa derrapada não é exatamente um grande erro, mas, sim, o fato do álbum está bem aquém do que a rapper poderia entregar devido ao se talento e lançamentos anteriores. Ambulante é um bom e divertido trabalho de rap/hip hop com toques de música nacional, pop e R&B que não parece ter o que a Karol mais tem de sobra: urgência. Explicando: produzido pelo recorrente colaborador Boss in Drama, o álbum careceu fortemente de um verniz que pudesse fazer o público sentir a necessidade de ouvir o trabalho, seja por qualquer motivo. Essa sensação é diferente de ser despretensioso, pois aqui podemos ouvir que existe uma vontade de ser algo "maior" do que realmente resultou. Entretanto, a vontade de passar uma mensagem/sonoridade com estofo mais encorpado é parado pelas construções sonoras contidas e com inspiração nada fora da caixinha. é uma pena, pois o álbum tem momentos interessantes como, por exemplo, a divertidíssima Vogue do Gueto, uma dançante ode ao amor próprio e a igualdade entre as pessoas. E é que temos outro problema em Ambulante

Sempre ligada à canções que levantam bandeiras, Karol Conka entrega em Ambulante um trabalho tímido e sem a força que era esperada da rapper. Existe aqui e ali momentos que Karol veio para "tombar", mas parece tímida em mandar o papo reto como já tinha feito em canções poderosas como, por exemplo, Lalá, Bate a Poeira, Parte II e, o seu maior sucesso, Tombei. E o problema não é só de temática, mas, também, de substância, pois as canções aqui não tem a mesma verne lirica que poderia ser canções da Karol. É necessário dizer que não são trabalhos ruins ou mesmo regulares, mas, sim, com uma áurea meio decepcionante do era o que se imaginava. O que consegue elevar o resultado final do álbum é a presença reluzente, carismática, empoderada, poderosa e revigorante de Karol que, mesmo tendo um material tão sem força, consegue entrega performances sensacionais, imprimindo a sua personalidade do começo ao fim. Pena que não contagiou todo o álbum. Além da canção já citada, os outros momentos de destaque no álbum são a afrontosa Bem Sucedida e a sexy e empoderada Dominatrix. Esse tropeço na carreira não impede que a carreira de Karol Conka esteja apenas começando. E que venha melhores álbuns para estar à altura da rapper.

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