15 de janeiro de 2019

Top 60 - Melhores Singles (Final)




Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI

5. Nice For What
Drake


"Nice For What poderia ganhar no lugar comum ao ser mais uma hip hop/trap/bounce no mar de canções com as mesmas características. Entretanto, a produção é de uma maestria tão grande que o single se torna um verdadeiro artesanato musical. A construção dessa milagrosa batida dançante é feita através de introduções de ideias preciosas e com acabamento de luxo, sendo a principal delas a utilização do sample de Ex-Factor da Lauryn Hill como principal base e, também, o refrão central. Além disso, a inclusão do lendário rapper Big Freedia com algumas frases, aquele mesmo do clipe de Formation, e a batida meticulosamente refinada vai criando uma canção tão interessante quanto as suas ideias. Algo que é difícil de ouvir em várias canções do Drake."

4. Party Of One (feat. Sam Smith)
Brandi Carlile


"Donos de texturas vocais diferentes, ambos conseguem uma harmonia e química impressionantes. A voz delicada e com uma sensação de já ter contado "mais de mil histórias" de Brandi parece se encaixar com a melancólica e soulful voz de Sam, criando performances de uma beleza simples e, ao mesmo tempo, avassaladoras sem precisar de nenhum arrombo vocal. É impressionante notar que os dois não precisam de muito para emocionar verdadeiramente, usando apenas os seus timbres e, principalmente, a capacidade de interpretação. Apesar da imensa qualidade dos interpretes, Party Of One não precisaria de cantores tão talentoso, pois a faixa já é por si só um trabalho excepcional. Uma tocante balada pop/folk sobre solidão à dois e aquela sensação de impotência de ver quem se ama cometer erro após erro, independentemente de tudo o que a gente faz para ajudar. Tocante e quase brutal demais para quem já passou por isso, Party Of One é o tipo de canção que não se espera, mas, felizmente, aparece para mostrar que o talento é sempre o melhor componente para um encontro."

3. This Is America
Childish Gambino


"Refletindo pesadamente sobre a atual sociedade americana, This Is America é uma obra que já pode ser considerada atemporal. Primeiramente, o cometário social na sua debochada, ácida, inteligente e pontual composição é algo que deixa um gosto amargo na boca, mas assim com um remédio é necessário para a gente refletir profundamente sobre a atual situação da sociedade não só americana, mas, também, de outros países como o nosso Brasil. O melhor, porém, é que as indiretas não são apenas para um ou outro lado, mas, na verdade, This Is America é uma metralhadora para todos os lado sem dó e nem piedade. E a canção nem precisa de intrigadas e complexas construções sintáticas para alcançar tal feito. Em segundo, trabalhada como se fosse uma peça de artesanato musical, This Is America é uma sensacional trap riquíssima com influência de gospel e indie, sendo ornamentada por nuances, texturas e mudanças sonoras que ajuda a criar uma sensação de desordem e tumulto que combina perfeitamente com o genial clipe se transformou em uma parte importante do impacto cultural que This Is America já está alcançando."

2. Sanctify
Years & Years


"Mesmo antes de ler a afirmação do vocalista Olly Alexander que a canção tem influência direta de I'm Slave 4 U já tinha notado que a batida dark pop cadenciada tinha uma carga pesada de semelhança sonora com a canção da Britoca. A batida bem demarcada com base instrumental baseada em percussão é algo que remete muito aos trabalhos do The Neptunes que são os produtores da canção da diva pop. Criando a sua própria atmosfera dentro dessa sonoridade, o Years & Years e o produtor Kid Harpoon entregam uma canção de um potencial imenso, ousada na medida certa e de um refinamento estético exuberante. Dançante, mas sem ser obvia. Sensual, mas ser ser rasa. Pop, mas sem ser clichê. Sanctify eleva a sua própria origem na busca de algo mais elevado e significativo, ainda mais que a composição faz comparações entre o pecado e divino ao narrar a história conturbada de Olly com um homem "hétero" que, obviamente, tem problemas com a sua sexualidade. De uma beleza poética pop primorada, a composição é um dos melhores pop de 2018 até o momento, mostrando que quanto mais diversidade puder ser expressa no grande mainstream, mais qualidade nos estaremos sendo agraciados."

1. Make Me Feel
Janelle Monáe


"Make Me Feel é, na sua essência, uma prima direta do hit Kiss, mas com uma configuração minimalista e com uma forte influência de eletrônico. Uma sensual, provocante, envolvente, swingada, dançante e eletrizante funk/R&B/dance pop com um arranjo milimetricamente construído para dar importância para cada instrumento, indo das batidas que imitam sons com a boca até a entrada da guitarra no melhor estilo Prince. Todo aqui é uma verdadeira orgia de sons, criando uma batida refinada e classuda sem precisar de ser demasiadamente complexa. Make Me Feel é tão contagiante que é impossível ao menos não bater os pezinhos acompanhando a batida. Soando mais comercial do que antes, Janelle Monáe parece não ter perdido o seu tino artístico com uma composição excepcional que fala sobre desejo sexual de forma nada vulgar e criando um refrão simples, rápido e viciante. Sem precisar de muito esforço, Janelle domina a canção do começo ao fim, imprimindo toda a sua força vocal e a sua personalidade revigorante."

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